DO ESTADO DEVEDOR E FALIDO
Na história mineira tem uma estória muito atual. Quando as professoras entraram em greve durante o período do saudoso Governador Milton Campos, da antiga UDN, um dos auxiliares do Governador, creio que foi o Secretário de Segurança, sugeriu que se mandasse a Polícia Militar para reprimir a greve. Naquela época, a população de educadores era essencialmente composta por professoras. E aí, o Governador respondeu: Não é a Polícia militar que temos que mandar. Temos que mandar o trem pagador.
Nos dias de hoje, vivemos situações parecidas. O estado, representando por seu governo, enfrenta enorme dificuldade para pagar seus compromissos. Não só com os funcionários, onde as escalas de pagamentos sempre atingem os mais fracos, de menor valor a receber e em maiores dificuldades. Entre esses, sempre se enquadram os profissionais da educação. Mas, o novo governo, logo que entra, primeiro deixa de pagar ou atrasar os pagamentos das dívidas oriundas do governo que sucedeu. Parece que as sucessões políticas significam, em termos de pagamentos de compromissos do estado, ruptura. Divida do governo não se paga.
O fato é que nossa economia depende muito do estado, seja municipal, estadual ou federal. Não só temos um contingente deveras grande de funcionalismo publico, provavelmente em Belo Horizonte, entre os três níveis dos governos, o maior empregador, como ainda o atraso de pagamentos nos salários significa uma queda do consumo muito forte. Somos uma economia altamente socialista, do ponto de vista da classificação dos bens de produção. O Estado é o dono da maior parte da nossa economia.
Mas, os atrasos também atingem em muito outros fornecedores governamentais. Esquecemos o poder de fogo dos empreiteiros, que sempre se salvam de uma ou de outra maneira, e que através de lobby dos seu sindicato, o SICEPOT, conseguem obter resultados que ninguém consegue. Governo nenhum briga com eles. De outro lado, há milhares de empresas de porte pequeno, espalhadas pelo estado todo, que não têm poder politico, nem poder de barganha. São pequenos comerciantes, industriais, agências de publicidade, jornais locais que publicaram os anúncios dos governos, e tantos outros. Pagaram impostos, suas obrigações com fornecedores e funcionários, e não sabem quando vão receber. E entram numa espiral que só agrava a situação. E tem mais: entidades como a FIEMG preocupam-se em defender grandes credores, e para os demais fica a necessidade de compreenderem a difícil situação. Para os amigos tudo e para os demais, a lei.
Rio de Janeiro , já tarde, tem que servir de aviso. Efeito Smirnoff: o de hoje será você amanha. Estamos aprendendo ou achando que nada tem que ver a situação de lá, com a nossa?
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