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Wednesday, 16 May 2018

DAS PROPOSTAS DE MINAS


DAS PROPOSTAS DE MINAS

Matematicamente falando, ninguém se elege Presidente da República sem os votos de Minas. A prova pode ser confirmada pelo Senador mineiro que perdeu as últimas eleições presidenciais exatamente na terra dele, segundo colégio eleitoral. Assim, a caravana dos presidenciáveis já começa a namorar o eleitor e a eleitora mineira. O primeiro foi o Capitão Deputado Jair Bolsonaro, que esteve em Belo Horizonte a convite da virtual Coordenação das entidades empresariais de Minas . E ele trouxe a tiracolo seu conselheiro econômico, o  professor Marcos Cintra, um dos mais proeminentes especialistas brasileiros em assuntos tributários. Os debates em público e em privado foram interessantes e a porta das discussões com os presidenciáveis foi aberta.

Mas, o que realmente o eleitor mineiro quer dizer aos candidatos, sejam à presidência da república, ao governo do estado, ao legislativo federal ou estadual? As reivindicações clássicas, como saúde, educação, e segurança pública não preenchem as necessidades do eleitor. Em resumo, não enchem a barriga porque ainda falta emprego, e definir que tipo de emprego e onde.  Se pensarmos na velocidade de adoção de tecnologias e que o próximo presidente, com re-eleição, pode ficar oito anos, temos um cenário que ninguém consegue enxergar para dizer como será o emprego nos próximos anos. E se lembrarmos que os postos de gasolina poderiam ser totalmente automatizadas, como são nos países desenvolvidos, mas no Brasil temos lei que obriga o posto a manter  frentistas para gerar empregos, temos um retrato do conflito tecnologia versus emprego já no nosso nariz. Ou a automatização da cobrança nos ônibus, que também já poderia dispensar cobrador.

Na área de conceitos macro, sejam sociais ou econômicos e políticos (como a revisão da constituição, por exemplo), precisa-se elaborar o que os mineiros pensam. Começamos pelos empresários, que são atores políticos dos mais estruturados (apesar de que temos entidades hoje sob judice e outras  em transição eleitoral), que devem ter posições conjuntas por exemplo sobre a reforma do estado e a reforma fiscal. Ou do judiciário e a complementação da reforma trabalhista. Não estamos falando de declarações de dirigentes setoriais, estamos falando de propostas concretas que obrigam candidatos a compromissos concretos. Inclusive no nível do governo e do  legislativo estadual.
Não há mineiros nas equipes dos presidenciáveis e nem na composição das chapas ainda. Mas, isso também não garante que as idéias individuais prevaleçam sobre as propostas. Precisa-se de propostas concretas, claras, tecnicamente consolidadas e politicamente amarradas para os candidatos. Senão, estas eleições serão de novo eleições sem as mudanças tão necessárias. E o segundo colégio eleitoral do país, com seus atores políticos e econômicos, não se pode omitir neste debate.

Monday, 30 April 2018

DO PRIMEIRO DE MAIO, DIA DO TRABALHADOR


DO PRIMEIRO DE MAIO, DIA DO TRABALHADOR


A esculhambação que o país vive, às vésperas das eleições gerais de outubro, é de tal tamanho que o feriado de 1° de maio, dia de trabalho, ou de São  José Marceneiro, virou mais um feriado sem significado algum. Os sindicatos dos trabalhadores, ricos em recursos que lhes foram destinados durante o governo Lula e pobres porque os recursos foram tirados pelo governo Temer (o que aliás vale também para os sindicatos empresariais), vão fazer grandes shows, quem sabe churrascos e bebedeiras, mas não passa disso. A nossa estrutura sindical, fundada pelo governo Vargas na base da legislação fascista italiana, foi se deteriorando a olhos nus e hoje não serve nem para fazer uma grande manifestação nacional  pela dignidade do trabalho e pelos problemas que o trabalhador ou a trabalhadora enfrentam.

Primeiro de maio não  é essencialmente um dia de protesto, como nasceu na história do movimento trabalhista, mas de reflexão de como está a situação do trabalho. O protesto é uma forma de expressar essa situação. A outra é reflexão dos atores envolvidos, governo, empresários e trabalhadores, como parceiros num pacto social imaginário, sobre a situação do trabalho no  Brasil. Analisando as estatísticas e comparando com outros países mais desenvolvidos socialmente e economicamente, um desastre. 

Além de um número absurdo de desempregados (14 milhões) e sub-empregados (outros 15 milhões), sem perspectiva de emprego, temos ainda ilhas de trabalho escravo, milhões de ações na justiça do trabalho, uma legislação trabalhista que não consegue ser modernizada, de incentivar conflito e injustiças, e um sistema educacional que, mesmo com alguns exemplos como o SENAI e o SENAC de São Paulo, tem educado mais para o desemprego do que para o emprego. 

A  questão que se coloca não é o que está acontecendo hoje, mas o que vai acontecer amanhã. Qual a perspectiva, numa competição tecnológica acelerada, de que haverá trabalho, e de que tipo e empregabilidade, no futuro. E se continuarmos com o modelo em que os salários são baixos e os encargos altos, com benefícios sociais regidos pelo estado ineficaz, temos uma mistura pouco competitiva da nossa força de trabalho. Ou seja, podemos ficar bem preocupados. O emprego  de hoje, como foi também no passado, não se aproxima nem um pouco do emprego de amanhã.

Não no final vale a pena perguntar se a organização política dos trabalhadores e seus sindicatos, ou seja entre outros, o Partido dos Trabalhadores, fez seu papel de avançar nos direitos dos trabalhadores  (há vários partidos políticos no Brasil que usam o termo “trabalhista” no seu nome) ou se apenas se utilizou a massa trabalhadora para fins políticos pessoais ou de grupos ideológicos ou fisiológicos. 

Se quisermos que o país avance, o diálogo sobre a evolução do trabalho e o papel dos trabalhadores, com o 1° de maio caído no ostracismo ou não, vai ter que existir. Sem diálogo, capital e trabalho não há avanços nem na área social e nem na econômica.

Thursday, 26 April 2018

Joaquim e Flavio, um namoro que poderia dar certo


Joaquim e Flavio, um namoro que poderia dar certo
Se Joaquim Barbosa/Flávio Rocha são capazes de ganhar a eleição, é uma questão de um milhão de dólares

Que tipo de socialismo representa o Partido Socialista Brasileiro, hoje namorando o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, como candidato à presidência da república? Os documentos do partido são feitos pela Fundação Otávio Mangabeira e representam o pensamento clássico socialista da Europa. Nem tão atualizado com o mundo atual e nem tão atrasado; não poderia, por exemplo, se comparar com outros partidos que, como o PSDB, também usam o termo socialista. Ou, seja um partido mais social nos seus ânimos do que socialista de verdade e, no seu funcionamento, absolutamente parecido com os outros partidos políticos brasileiros. Mas, no meio conservador empresarial, socialista ainda é um termo que assusta.
Para que a complexidade eleitoral seja reduzida, uma aliança do Joaquim Barbosa com Flávio Rocha - empresário, ex-deputado constituinte, dono das Lojas Riachuelo, oriundo do Rio Grande do Norte, de onde transferiu uma boa parte de suas indústrias para o Paraguai - repetindo a dupla Lula-José de Alencar, traria ao ativo eleitoral do Barbosa, um self made man, a elite empresarial. E dinheiro para campanha. E mais: Flávio Rocha, que recentemente esteve numa fracassada visita à Fiemg, tem ideias sobre economia, finanças e desenvolvimento. Já foi candidato à presidência, conhece o Brasil e é bem independente.
Flávio não está envolvido em LavaJato, enquanto Joaquim tem a seu favor a bem sucedida ação do Mensalão.  Em resumo, dois limpos. Regionalmente, Flávio traz São Paulo e Nordeste; Joaquim traz Minas. No final, Minas teria de novo um candidato a presidência. Quanto à química entre dois, e se Joaquim Barbosa/Flávio Rocha são capazes de ganhar a eleição, é uma questão de um milhão de dólares. E se Joaquim Barbosa está preparado para dirigir um governo de coalizão, incluindo neste jogo os empresários e o mercado, é uma questão de um bilhão de dólares. 

DOS 70 ANOS DE ISRAEL


DOS 70 ANOS DE ISRAEL

Há setenta anos foi fundado Israel, uma república democrática com democracia representativa, único país não árabe no meio de um mundo árabe, e único país democrático num mundo de países autocráticos, monarquias e democracias autocráticas. Um país que surgiu de uma resolução das Nações Unidas, na sua Assembleia Geral presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Nasceu um país cujos habitantes tanto sobreviveram à luta contra a ocupação britânica, (que não hesitou em enforcar judeus lutando pela independência, além de outras barbaridades, como fazer de tudo para que a convivência entre judeus e árabes se transformasse em ódio, facilitando a sua administração) como vieram de uma Europa onde foram assinados seis milhões de judeus, além de outros chamados inimigos do Reich alemão. 

A história milenar dos judeus errantes, perambulando pelo mundo (ainda hoje só 50 % dos judeus no mundo vivem em  Israel), de repente parou com a fundação do Estado de Israel. Um país cujos habitantes na sua maioria vieram das várias partes do mundo, cujas terras eram pouco férteis e sem comunicação com o mundo. Os judeus que as habitavam fizeram universidades, e começaram, através dos kibutzim, comunidades de trabalho, produção e comercialização, a transformar, com o uso eficaz da água, o deserto em terra fértil. Das universidades saíram empresas de tecnologia, e, com senso comum, foi construído um estado democrático, forte  e avançado.

Como para os judeus nunca nada foi dado, ou foi fácil, também a construção do Estado de Israel não o foi. A construção do Estado de Israel, várias vezes atacado pelos vizinhos árabes, exigia uma força militar de defesa eficaz e eficiente. Mas, sobre tudo, uma força cuja base é o serviço militar obrigatório de jovens de ambos os sexos, antes de entrarem na universidade. Em Israel, como disse o já falecido Primeiro-Ministro e Presidente Shimon Peres (nascido na  Polônia), não há espaço para sonhos pequenos.

O país hoje é admirado no mundo inteiro pelo seu sucesso tecnológico e econômico. E também pela sua força  militar. Geograficamente, é o centro de três religiões, judaísmo, islamismo e cristianismo. A sua capital, Jerusalém (entre os judeus existe a frase, No ano que vem em Yerushalaim), é a síntese da evolução do mundo. Mas, os setenta anos não são nada em relação à historia milenar dos próprios judeus e dos povos árabes vivendo na região. Israel tem uma população árabe significativa, com seus representantes no parlamento, a Knesset, e uma situação ainda não resolvida com os palestinos vivendo em Gaza e nos territórios palestinos autônomos com sede em Ramalah. 

Como disse o Rabino Michel Schlesinger, existe um Israel de poemas e de imperfeições. Ainda há um caminho a ser percorrido para a paz entre judeus e árabes, os dois reconhecendo a necessidade de coexistência (em especial os radicais palestinos que não querem reconhecer o estado de Israel e lutam para destruir o mesmo). Israel festeja bem os primeiros 70 anos como estado independente, inclusive como exemplo de transformação de uma terra e agora de uma sociedade de convivência e paz. Mazal Tov!

Sunday, 15 April 2018

DO FACEBOOK, DAS FAKENEWS E DA DIGITALIZAÇÃO


DO FACEBOOK, DAS FAKENEWS  E DA DIGITALIZAÇÃO

Fora da prisão do ex-Presidente Lula, no cenário nacional, e mais os julgamentos nos tribunais superiores de justiça, além de um sem-número de candidatos à presidência do Brasil (incrível, se o país está tão ruim, por que tantos querem ser candidatos e por que já não ajudaram nestas dezenas de anos a consertar a situação?), e as declarações de sábios consultores dos candidatos sobre como vão refazer tudo, vieram notícias dos Estados Unidos que vale a pena comentar. 

O ataque aos alvos sírios pelas forças dos Estados Unidos, Grã Bretanha e França é um desses fatos. Mas, outro que nos afeta muito é o depoimento do fundador e principal executivo, de 33 anos, do Facebook, Mark Zuckenberg, no Congresso norte-americano. O questionamento de dois dias do bilionário ocorreu em função do vazamento de dados pessoais de 58 milhões de usuários do Facebook para uma empresa britânica, Cambridge Analytics, a qual, após uma análise super-sofisticada, vendeu informações a preço de ouro para o pessoal da campanha do Trump, que as usou com competência.

É muito importante lembrar que, com o avanço de tecnologias digitais e a  facilidades de seu uso, acabou uma boa parte da nossa privacidade. Com a facilidade de comunicação e a alegria de falar com as pessoas, informando sobre as nossas vida, damos informações que seriam sigilosas. E com o uso de avançados sistemas de computação (em especial, o uso de algoritmos) esses dados analisados servem para milhares de finalidades comerciais, políticas, de segurança e até de educação.

Na verdade, isso não tem nada de novo na história da humanidade. Na década de 1930, a gigante norte-americana de tecnologia IBM forneceu ao governo da Alemanha, já dirigida por Hitler, a de cartões perfurados Holerite, que permitiram o recadastramento da população alemã com detalhes (tais como religião, raça, opinião política, etc.), que bem alimentou o holocausto que ocorreu em seguida. Com precisão alemã e tecnologia norte-americana, assassinaram, entre outros, 6 milhões de judeus.

Hoje não sabemos bem quem usa quais tecnologias para fins de domínio político. Não tenho nenhuma dúvida de que o Brasil, atrasado no uso de tecnologias digitais para avançar economicamente e socialmente, tenha sido, através de operadores políticos, usuário das mais avançadas tecnologias para bem dos candidatos, partidos e usurpadores do poder público. Ou seja, o uso para o mal, sem controle da sociedade e do governo, das tecnologias digitais, supera o do bem comum.

Portanto, não nos surpreendamos nestas eleições, no ambiente em que vivemos de falta de regulamentação, que o grande instrumento para ganhar as eleições sejam armas ocultas, como aconteceu em outros países, recentemente, de tecnologia digital. Mais fakenews, notícias falsas, mais ataques cirúrgicos aos nossos  sentimentos, e menos privacidade. Quem sabe se a lembrança de 1933 e da experiência da época não esteja  tão distante da nossa realidade atual.


Sunday, 8 April 2018

DOS RUMOS DE MINAS


DOS RUMOS DE MINAS

Quo vadis Minas? Para onde vai Minas? Minas que são tantas, mas os mineiros de norte a sul, de leste a oeste, são sempre mineiros. Com sua sabedoria simples porém complexa, com sua brasiliaridade inigualável, com seu espirito cívico insuperável. Mas, onde estão os rumos desse poderoso, rico em minérios, mas sobre tudo rico em sua gente, estado da liberdade e dos anseios por um Brasil e um Minas melhor?

A janela para se rever e estudar essa realidade, e mais, de definir o futuro de Minas, é de alguns meses, antes que as urnas se fechem no segundo turno das eleições, em outubro. Até lá, a sociedade civil e os cidadãos mineiros têm chance de um bom debate sobre os rumos da cidadania, economia, segurança, educação, saúde e mais todos os itens da nossa vida cotidiana e do nosso futuro.

Um número sem fim de candidatos para todos os cargos em  disputa vai fazer as suas propostas para os eleitores.  Essas propostas serão baseadas nas pesquisas  e proposições da população, mas são propostas de candidatos.  Interessante, pelo menos por ora, que as propostas da sociedade civil para os candidatos ainda não tenham aparecido. Discutem-se os nomes, as etiquetas que damos a eles, mas ainda não vimos os debates, em especial no meio empresarial, sobre os rumos da nossa sociedade.

A próxima eleição não é uma eleição  qualquer. É a eleição que deve fazer a mudança de um modelo de política corrupto, falido e que nos leva ao abismo, para uma democracia de economia de mercado, pujante,  com melhores índices de desenvolvimento humano e com segurança melhor para o cidadão. Das escolhas nas urnas vai depender o modelo de sociedade que fará as mudanças necessárias para que a sociedade se torne mais equitativa e que tenhamos melhor desenvolvimento.

E para isso os empresários, como também os trabalhadores e outros segmentos, precisam ter propostas para os candidatos. E antes de mais nada devem ter espírito critico para avaliar não só o trabalho dos que já estão na política, como também suas idéias, seus ideais, seus compromissos com o eleitor. E isso quer dizer com a sociedade como um todo. Se desta vez escolhermos como escolhemos no passado, o que nos levou a esta crise difícil de ser superada, o Brasil e Minas, como seu ponto de equilíbrio, politico, mergulharão numa crise ainda maior. Em um mundo em transformações rápidas pela tecnologia isso ainda é mais grave.

Há potencial de crescimento, e há, sem dúvida, capital ético e moral para ser explorado, mas é preciso que as entidades empresariais, mais bem equipadas do que os  demais atores políticos, assumam o seu papel de parceiras da sociedade e criem condições de mudanças. Os tais de liberal, novo, diferente, precisam ser traduzidos em conceitos claros para a construção de uma sociedade nova, mais ética, com valores morais claros, e com metas de desenvolvimento para todos. 

Esta é  a oportunidade. O bem mais precioso da sociedade democrática é o voto. Mas, não o voto  submisso,  do enganado. O voto soberano do cidadão que sabe por que votou no candidato cujas propostas garantem uma vida melhor para todos.

Stefan Salej

DO CÉSAR NU. E NÓS TAMBÉM.


DO CÉSAR NU. E NÓS TAMBÉM.

Independentemente do juízo de cada um, o processo de impeachment de Dilma Rousseff e os processos de investigação e judiciais, dos quais o maior e mais conhecido é a Lava Jato, confirmam mesmo que cada um tem sua opinião, que o Brasil está equilibrando suas mazelas históricas de corrupção e irresponsabilidade de gestão pública, com o uso de meios constitucionais, instrumentos legais e jurídicos. A prisão recente do ex-Presidente da República Lula demonstra isso com clareza e também que não é só o César que está nu, mas com ele o ficamos também todos nós. Lula não se elegeu sozinho, o partido dos trabalhadores  não governou por 13 anos sozinho e a corruptização do país não é um privilegio de uma pessoa ou de um partido político.

O processo de Lula, que é um processo criminal, mas com consequências políticas, também trouxe à tona o funcionamento de nosso sistema judiciário. O show, dos últimos dias, televisionado, das sessões do STF, coloca mais uma vez (já vimos isso nos processo do Mensalão) com brutalidade, ao vivo, quem são e o que pensam e como agem os ministros da suprema corte da nação.  Independentemente da erudição, os comportamentos pessoais de alguns não são recomendados para menores, porque senão vamos ouvir dos nossos filhos e netos que eles não precisam nem fazer dever de casa porque ou estão cansados ou têm que ir para uma festa de amigos. Alias, parece que um ministro vive mais em Portugal do que em Brasília.

Também a encenação da entrega de Lula para a polícia federal, por sinal muito bem ensaiada, leva claramente à conclusão de que o Brasil tem condenados e criminosos de vários quilates. Os que têm dinheiro e podem usar um sistema judiciário com advogados caros que os protegem, inclusive na hora da prisão e demais, ou o porteiro do meu prédio, pai de cinco filhos, consertador de telefones celulares nas horas vagas, pego com um telefone roubado, que, como 40% da população carcerária brasileira, está na prisão sem julgamento e sem chance de ter qualquer emprego quando sair.

A prisão do Lula deve nos levar a uma reflexão, tardia,  muito tardia, de alianças políticas que se fazem no país para governar. Lula liderou um partido que teve sim apoio de empresários. Não só do seu vice-presidente, mas de vários ministros, sem falar nas entidades de classe como a CNI. Muitos, mas muitos deles mesmo, ganharam cargos,  muito dinheiro e escaparam de todos  os processos. Muitos continuam bajulando  e participando do governo  Temer (que nada tem a ver, pelo que ele diz, com os governos do PT). Há muitos processos em curso no judiciário, nos órgãos de investigação (inclusive até hoje o não concluído processo sobre uso de recursos públicos por uma fundação, mais de 300 milhões de reais, que envolveria dirigentes da principal entidade industrial mineira) que ou dormem, ou desaparecem, ou cuja vez ainda não chegou.

Colocar o Brasil a limpo requer mudança de atitudes, e em especial uma revisão de políticas de alianças de empresários com o poder público e os políticos. Como disse um dirigente da FIESP: por aqui não foram homenageados e nem passaram os Eikes da vida e nem os envolvidos na Lava Jato. Simples, no pássaro, parafraseando a líder comunista espanhola.

Condenar  um ex-presidente da República pode ser o início do fim da impunidade, mas de jeito nenhum é  por si só, o fim da corrupção e o início de mudanças no país.