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Thursday, 19 June 2014

Do Mister e mistério X

Nenhuma notícia do Brasil na imprensa mundial e corredores dos poderosos das finanças nestes dias, por mais positiva ou trágica que seja, suplanta o noticiário sobre Industrial do Ano 2012 de Minas Gerais, ilustre mineiro de Governador Valadares, paladino do sucesso empreendedor nacional, Mr. X das empresas X ( antes multiplicação e agora mistério ) Eike Batista. Da fortuna de exatos 3 anos atrás, de 75 bilhões de reais (o valor da receita total do Estado de Minas neste ano), as empresas sempre denominadas X estão, com o último pedido de recuperação judicial da maior delas, OGX, valendo, por enquanto, 6 bilhões de reais. O símbolo do capitalismo nacional, exemplo aplaudido por apresentar a nossa capacidade de empreender, virou fumaça. E com ele, quem mais?

Fundos de investimentos e bancos estão assustados porque não se sabe como vão correr esses processos de recuperação judicial. Na verdade, há temor de que não sobre mais nada a receber. Quando o grupo do Eike deixou de pagar aos proprietários dos títulos que venciam em 1º de outubro, muita gente lembrou que, quando a distribuidora de energia CELPA no Pará quebrou, os detentores de títulos só receberam 17.5 %. Ou seja, por cada 100 dólares investidos, recebiam menos de 18 dólares e perdiam 76 dólares. Multiplique isso por milhões e veja quem ficou feliz.

No caso de Mister X, a pergunta principal é por que tantos investidores confiaram em um conglomerado tão fictício como o que ele construiu. A primeira resposta: todos acreditavam que, em caso do fiasco, governo não deixaria de comparecer. Dois, acreditava -se que a economia brasileira ia crescer mais do que cresce e que os ex-funcionários da PETROBRAS e ELETROBRAS, que deixaram as empresas para ganhar muito dinheiro com Eike, iam balançá-las a favor do grupo X. Nada disso aconteceu.

As consequências deste mistério do mister X são desastrosas. E em especial para Minas, onde além de estragos nos projetos que tocou, como a mineração Minas Novas e a fábrica de semicondutores, deixou um buraco do tamanho de um vulcão nas empresas mineiras que o homenagearam ano passado porque ele era o grande comprador. Muita gente tem muito a receber e dificilmente  verá este dinheiro.

Com o título de maior rombo latino-americano neste século, os investidores estrangeiros estão com medo de novos Eikes. O toque de ouro virou toque de prejuízo. E mais, ruiu o símbolo de empreendorismo falso, o que nem tão ruim no final das contas é.

Stefan B. Salej
31.10.2013.
Das armas russas

Eles, os russos do Kalisnikov, o fuzil mais usado no mundo, nos venderam 1 bilhão de dólares de armas sofisticadas. Antes, os russos, segundos maiores exportadores de armas do mundo, uma indústria que representa 25 % da produção industrial do país e exporta oficialmente mais de 15 bilhões de dólares, já  venderam ao Brasil helicópteros. Para os quais, aliás, segundo o noticiário, estão faltando peças de reposição. A indústria  bélica  russa, que vendeu recentemente 3.2 bilhões de dólares  para a Venezuela, está se expandindo também na América Latina. A delegação que visitou o Brasil, sob o comando do próprio Ministro da Defesa russo, vai vender armas ao Peru. A decisão brasileira de comprar equipamentos sofisticados russos não é só um negocio, é mudança estratégica de toda a política de defesa e externa brasileira.

Parcialmente, isso tem algo a  ver com os BRICS, a união do Brasil, Rússia, India, China e África do Sul. Alias, a Índia sempre foi o maior mercado para as armas russas. Índia, Brasil e África do Sul, o grupo IBSA, têm uma cooperação exemplar na área militar. E aí fica a pergunta: a maior e mais eficiente cooperação destes países será militar ? No momento, parece assim, sendo que a China ainda não entrou fortemente no mercado de defesa mundial, apesar do forte reaparelhamento de suas forças armadas, acima da média mundial. E parece que estão desenvolvendo juntos aviões de caça, que aliás os russos querem vender ou alugar ao Brasil.

Assim, chegamos ao X do problema. A compra de  aviões de combate, que está se prolongando além do limite do interesse nacional, deixando o país desprotegido, vai definir nossas alianças estratégicas por muito tempo. Se os russos ou franceses, o Presidente Hollande vem ao Brasil para também tentar vender aviões, acham que o caso de espionagem americana abre mais espaço para eles, estão enganados. Os militares brasileiros hoje em dia sabem distinguir bem entre o interesse estratégico do país e um episódio esporádico de espionagem.

No final ainda fica a pergunta nessa história russa: o que vamos vender para russos. Se compramos bilhões de armas, só podemos oferecer carnes, que eles permanentemente rejeitam, em nome de barreiras sanitárias. O fato é que o nosso intercâmbio não aumentará de forma significativa a nosso favor com a compra de armas russas. Precisa ser feita uma parceria mais consiste de desenvolvimento dos dois países. Mas os russos historicamente não criam alianças, nem parcerias, mas abraço de urso.

Stefan B. Salej
17.9.2013.
   
Da mami poderosa

Nesta semana, temos esperança de que não somos espionados pelos Estados Unidos. O que foi mostrado pelo Fantástico no fim da semana, era do passado, mas hoje é hoje. E hoje estão fora de serviço centenas de milhares dos funcionários públicos dos Estados Unidos porque o Congresso norte-americano, dominado pelo Partido Republicano, opositor aos democratas do Presidente Obama, não quer soltar verbas para viabilizar os planos de saúde para todos, transformados em lei há 3 anos. E ai também não liberam pagamentos para pagar funcionários públicos em muitas das áreas, com algumas exceções, como defesa e segurança nacional.
Acontecendo isso nos Estados Unidos, chama-se exercício pleno da democracia. Se acontecesse no Brasil, esperamos que a moda não pegue, seria considerado jabuticaba da democracia. Seríamos criticado dentro e fora do país. Mas, a história acida não acabou. Se o Congresso norte-americano não votar o teto de endividamento dos Estados Unidos até o final da próxima semana, o país não vai poder pagar suas dívidas. Para simplificar: vai ser igual àqueles países africanos que devem ao Brasil e não pagam. Ou igual à Argentina, que entrou em default e declarou o não pagamento de suas dívida externa.

Os republicanos conservadores, que estão provocando esse maremoto, estão se lixando para o mundo. Aliás, os congressistas americanos, na maioria, não têm nem passaporte e preferem votar aumento de despesas militares do que despesas sociais. O negócio deles é derrubar o governo Obama, ou pelo menos enfraquecer, até o ponto de terem chance de ganhar a próxima eleição. O mundo não interessa, a crise que pode ser provocada, desta vez sem retorno a médio prazo, não lhes interessa. Contam só os interesses pessoais e ideológicos e dane-se o mundo.

 Como será  resolvido, ninguém sabe. Obama nomeou no meio da crise a primeira mulher a dirigir o Banco Central dos Estados Unidos, FED, chama os republicanos de irresponsáveis e está firme em não ceder. Os republicanos chamam Obama de irresponsável porque não cede. O fato é que os políticos norte-americanos fazem tudo sem se preocupar em nada, absolutamente nada, com o resto do mundo. Acham que a liderança monolítica deles é soberana e não querem entender que, se o mundo vai melhor, eles também melhoram. Provocaram a guerra no Iraque, a crise financeira que dura até hoje, mas lutam bravamente contra o terrorismo islâmico. Mas, o preço que pagamos para isso é a submissão total ao interesses deles. As escutas são parte menor do problema.  

Stefan B. Salej
9.9.2013.
Do inferno da primavera árabe

Os massacres no Egito desviam a atenção dos massacres na Líbia, Tunísia, Bahrain, Síria, as confusões no Líbano, e guerras regionais na África. Desviam também a atenção do Iraque, do novo governo no Irã, que continua com a obsessão de destruir Israel, e do Afeganistão e do Yemen, em permanente estado de alerta. Vidas e famílias destruídas, milhões de refugiados, milhares de mortos e um desastre humanitário de proporções que o mundo não queria ver mais após a segunda guerra mundial. O mapa da região coberto de sangue, e a esperança da chamada primavera árabe que trazia a democracia, paz e prosperidade, acabou em banho de sangue.

A discussão sobre a razão do que está acontecendo e quanto tempo isso vai durar não chega a uma conclusão. O que é um fator comum a todos esses acontecimentos é que a descompressão política e o caminho para a democracia que traz mais empregos e prosperidade são parte de um processo longo e pode demorar dezenas de anos, como foi a agonia do comunismo na Europa do Leste. Há também uma luta pelo poder entre vários grupos religiosos, e definitivamente uma luta pelo poder dos radicais islâmicos. Não é só  Al Kaida que esta nesse  cenário. A Irmandade muçulmana, que esta sendo combatida no Egito, é um movimento atuante em vários países da região. E o Egito, onde a repressão militar está sendo, com apoio e armas americanas, ainda maior, é o ponto de mudança da região. Se cair o Egito, a região passa ser domínio total dos radicais islâmicos.

A outra face da moeda são os países árabes, também islâmicos, produtores de petróleo, que apresentam ilusória tranqüilidade. É o caso dos Emirados e Arabia Saudita. Quanto eles estão envolvidos nesses conflitos, ou quanto estão fora dos conflitos, é um segredo guardado a sete chaves. Mas, não faz muito tempo que o Bahrain era uma ilha de prosperidade e tranqüilidade. E hoje é um terremoto só.

O ajustamento geopolítico da região pode demorar muito e afeta fortemente a recuperação de economia mundial. As soluções que  estão acontecendo na região não oferecem nenhuma tranqüilidade. Não se trata só de caminhos marítimos como o Canal de Suez, mas também de petróleo. No caso brasileiro, também de mercados que eram promissores e que estão acabando. Especificamente  no caso de Egito, há fábricas brasileiras lá e investimentos egípcios no Brasil. Mas trata-se sobretudo de milhões de pessoas que têm parentes no Brasil. É lamentavelmente uma primavera no inferno.

Stefan B. Salej
15.8.2013.
Da Copa na Cidade do Cabo

Estar alguns milhares de quilômetros da Pátria amada, de outro lado do Oceano Atlântico, onde há quatro anos atrás também tinha Copa, é uma sensação única de ver as coisas de longe e de uma forma teoricamente mais objetiva. Teoricamente porque os últimos tempos ninguém se dirigia a um brasileiro na África do Sul, e provavelmente também nos outros lugares, sem perguntar : e a Copa? E mais: os mil brasileiros e amigos do Brasil que se juntaram no Clube Alemão da Cidade do Cabo com direito a cozinha,quibe e  caipirinha original com cachaça Germana na quinta-feira para torcer para Brasil, deixaram claro que não importam três bilhões de pessoas que viram jogo inaugural da Copa no mundo inteiro, mas importa cada  brasileiro em cada canto longe da Brasil que está agora em evidência porque a Copa está no Brasil.

A vista da Copa do mundo é bem interessante. E vista da África do Sul onde após o jogo de quinta-feira no horário local já passando de meia noite passa na Cidade do Cabo por um estádio lindo, iluminado por lua cheia, começa a pensar como vai ser após a Copa. A bola está rolando no campo, na grama de futebol, mas na verdade a bola rola mais fora do campo. Críticas a organização fazem parte do jogo e a FIFA com seu modelo de negócios de hoje foi concebida por um ilustre brasileiro, João Havelange, e executada por esta turma que está aí. E mais, esta 20 Copa caiu não só no meio de eleições no Brasil, mas também no meio das eleições da própria FIFA. Portanto, desmoralizar atuais dirigentes para que não tentem ganhar a eleição, é outra faceta do jogo.

Se Brasil aproveitou bem os 35 bilhões de reais de investimentos na Copa do ponto de vista econômico e de seu desenvolvimento, é uma questão ainda sem resposta. Os patrocínios esportivos somaram mais de 3 bilhões de reais.  Houve adoção de inúmeras tecnologias tanto na área de segurança, como avião não pilotado no Rio de Janeiro, como nas outras áreas. Quantas das empresas brasileiras melhoraram a sua competitividade com o conhecimento que adquiriram na Copa e poderão exportar estes conhecimentos, é também uma pergunta sem resposta.

Muitos dos patrocinadores aproveitaram junto com alguns exportadores a imagem de futebol e da Copa para aumentar as suas exportações. Guaraná Antártica nas prateleiras do supermercado na Cidade do Cabo, é um exemplo disso!  E mais os produtos artesanais levados pelos donos de Pão de Açúcar para França, é outro exemplo. Teoricamente muito exportadores aproveitaram a Copa para colocar seus produtos no exterior.

Os estrangeiros vêem Brasil como Brasil é, diferente e por isso mesmo interessante. A vinda de muitos dignitários estrangeiros para Copa também dá a chance de avançar nas relações com esses países. Claro que para isso precisa ter a pauta para dar resultado. A Copa é gol, seja no campo, seja nas relações econômicas internacionais, seja na exportação ou tecnologia. É gol que conta!

Stefan B. Salej
13.6.2014.
Da Argentina fora do campo e da Colômbia goleando

 A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.

A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.

Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.

Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.

Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo  financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!


Stefan B. Salej
19.6.2014.

Saturday, 17 May 2014

Das eleições e do patriotismo  europeu

Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas  da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.

O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa  incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a  votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay. 

O fato é que  essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A  constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E  não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.

Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam  demais.

Stefan B. Salej
16.5.2014.



Das eleições e do patriotismo  europeu

Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas  da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.

O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa  incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a  votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay. 

O fato é que  essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A  constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E  não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.

Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam  demais.

Stefan B. Salej
16.5.2014.






Das eleições e do patriotismo  europeu

Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas  da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.

O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa  incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a  votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay. 

O fato é que  essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A  constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E  não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.

Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam  demais.

Stefan B. Salej
16.5.2014.