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Thursday, 19 June 2014

Da mami poderosa

Nesta semana, temos esperança de que não somos espionados pelos Estados Unidos. O que foi mostrado pelo Fantástico no fim da semana, era do passado, mas hoje é hoje. E hoje estão fora de serviço centenas de milhares dos funcionários públicos dos Estados Unidos porque o Congresso norte-americano, dominado pelo Partido Republicano, opositor aos democratas do Presidente Obama, não quer soltar verbas para viabilizar os planos de saúde para todos, transformados em lei há 3 anos. E ai também não liberam pagamentos para pagar funcionários públicos em muitas das áreas, com algumas exceções, como defesa e segurança nacional.
Acontecendo isso nos Estados Unidos, chama-se exercício pleno da democracia. Se acontecesse no Brasil, esperamos que a moda não pegue, seria considerado jabuticaba da democracia. Seríamos criticado dentro e fora do país. Mas, a história acida não acabou. Se o Congresso norte-americano não votar o teto de endividamento dos Estados Unidos até o final da próxima semana, o país não vai poder pagar suas dívidas. Para simplificar: vai ser igual àqueles países africanos que devem ao Brasil e não pagam. Ou igual à Argentina, que entrou em default e declarou o não pagamento de suas dívida externa.

Os republicanos conservadores, que estão provocando esse maremoto, estão se lixando para o mundo. Aliás, os congressistas americanos, na maioria, não têm nem passaporte e preferem votar aumento de despesas militares do que despesas sociais. O negócio deles é derrubar o governo Obama, ou pelo menos enfraquecer, até o ponto de terem chance de ganhar a próxima eleição. O mundo não interessa, a crise que pode ser provocada, desta vez sem retorno a médio prazo, não lhes interessa. Contam só os interesses pessoais e ideológicos e dane-se o mundo.

 Como será  resolvido, ninguém sabe. Obama nomeou no meio da crise a primeira mulher a dirigir o Banco Central dos Estados Unidos, FED, chama os republicanos de irresponsáveis e está firme em não ceder. Os republicanos chamam Obama de irresponsável porque não cede. O fato é que os políticos norte-americanos fazem tudo sem se preocupar em nada, absolutamente nada, com o resto do mundo. Acham que a liderança monolítica deles é soberana e não querem entender que, se o mundo vai melhor, eles também melhoram. Provocaram a guerra no Iraque, a crise financeira que dura até hoje, mas lutam bravamente contra o terrorismo islâmico. Mas, o preço que pagamos para isso é a submissão total ao interesses deles. As escutas são parte menor do problema.  

Stefan B. Salej
9.9.2013.
Do inferno da primavera árabe

Os massacres no Egito desviam a atenção dos massacres na Líbia, Tunísia, Bahrain, Síria, as confusões no Líbano, e guerras regionais na África. Desviam também a atenção do Iraque, do novo governo no Irã, que continua com a obsessão de destruir Israel, e do Afeganistão e do Yemen, em permanente estado de alerta. Vidas e famílias destruídas, milhões de refugiados, milhares de mortos e um desastre humanitário de proporções que o mundo não queria ver mais após a segunda guerra mundial. O mapa da região coberto de sangue, e a esperança da chamada primavera árabe que trazia a democracia, paz e prosperidade, acabou em banho de sangue.

A discussão sobre a razão do que está acontecendo e quanto tempo isso vai durar não chega a uma conclusão. O que é um fator comum a todos esses acontecimentos é que a descompressão política e o caminho para a democracia que traz mais empregos e prosperidade são parte de um processo longo e pode demorar dezenas de anos, como foi a agonia do comunismo na Europa do Leste. Há também uma luta pelo poder entre vários grupos religiosos, e definitivamente uma luta pelo poder dos radicais islâmicos. Não é só  Al Kaida que esta nesse  cenário. A Irmandade muçulmana, que esta sendo combatida no Egito, é um movimento atuante em vários países da região. E o Egito, onde a repressão militar está sendo, com apoio e armas americanas, ainda maior, é o ponto de mudança da região. Se cair o Egito, a região passa ser domínio total dos radicais islâmicos.

A outra face da moeda são os países árabes, também islâmicos, produtores de petróleo, que apresentam ilusória tranqüilidade. É o caso dos Emirados e Arabia Saudita. Quanto eles estão envolvidos nesses conflitos, ou quanto estão fora dos conflitos, é um segredo guardado a sete chaves. Mas, não faz muito tempo que o Bahrain era uma ilha de prosperidade e tranqüilidade. E hoje é um terremoto só.

O ajustamento geopolítico da região pode demorar muito e afeta fortemente a recuperação de economia mundial. As soluções que  estão acontecendo na região não oferecem nenhuma tranqüilidade. Não se trata só de caminhos marítimos como o Canal de Suez, mas também de petróleo. No caso brasileiro, também de mercados que eram promissores e que estão acabando. Especificamente  no caso de Egito, há fábricas brasileiras lá e investimentos egípcios no Brasil. Mas trata-se sobretudo de milhões de pessoas que têm parentes no Brasil. É lamentavelmente uma primavera no inferno.

Stefan B. Salej
15.8.2013.
Da Copa na Cidade do Cabo

Estar alguns milhares de quilômetros da Pátria amada, de outro lado do Oceano Atlântico, onde há quatro anos atrás também tinha Copa, é uma sensação única de ver as coisas de longe e de uma forma teoricamente mais objetiva. Teoricamente porque os últimos tempos ninguém se dirigia a um brasileiro na África do Sul, e provavelmente também nos outros lugares, sem perguntar : e a Copa? E mais: os mil brasileiros e amigos do Brasil que se juntaram no Clube Alemão da Cidade do Cabo com direito a cozinha,quibe e  caipirinha original com cachaça Germana na quinta-feira para torcer para Brasil, deixaram claro que não importam três bilhões de pessoas que viram jogo inaugural da Copa no mundo inteiro, mas importa cada  brasileiro em cada canto longe da Brasil que está agora em evidência porque a Copa está no Brasil.

A vista da Copa do mundo é bem interessante. E vista da África do Sul onde após o jogo de quinta-feira no horário local já passando de meia noite passa na Cidade do Cabo por um estádio lindo, iluminado por lua cheia, começa a pensar como vai ser após a Copa. A bola está rolando no campo, na grama de futebol, mas na verdade a bola rola mais fora do campo. Críticas a organização fazem parte do jogo e a FIFA com seu modelo de negócios de hoje foi concebida por um ilustre brasileiro, João Havelange, e executada por esta turma que está aí. E mais, esta 20 Copa caiu não só no meio de eleições no Brasil, mas também no meio das eleições da própria FIFA. Portanto, desmoralizar atuais dirigentes para que não tentem ganhar a eleição, é outra faceta do jogo.

Se Brasil aproveitou bem os 35 bilhões de reais de investimentos na Copa do ponto de vista econômico e de seu desenvolvimento, é uma questão ainda sem resposta. Os patrocínios esportivos somaram mais de 3 bilhões de reais.  Houve adoção de inúmeras tecnologias tanto na área de segurança, como avião não pilotado no Rio de Janeiro, como nas outras áreas. Quantas das empresas brasileiras melhoraram a sua competitividade com o conhecimento que adquiriram na Copa e poderão exportar estes conhecimentos, é também uma pergunta sem resposta.

Muitos dos patrocinadores aproveitaram junto com alguns exportadores a imagem de futebol e da Copa para aumentar as suas exportações. Guaraná Antártica nas prateleiras do supermercado na Cidade do Cabo, é um exemplo disso!  E mais os produtos artesanais levados pelos donos de Pão de Açúcar para França, é outro exemplo. Teoricamente muito exportadores aproveitaram a Copa para colocar seus produtos no exterior.

Os estrangeiros vêem Brasil como Brasil é, diferente e por isso mesmo interessante. A vinda de muitos dignitários estrangeiros para Copa também dá a chance de avançar nas relações com esses países. Claro que para isso precisa ter a pauta para dar resultado. A Copa é gol, seja no campo, seja nas relações econômicas internacionais, seja na exportação ou tecnologia. É gol que conta!

Stefan B. Salej
13.6.2014.
Da Argentina fora do campo e da Colômbia goleando

 A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.

A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.

Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.

Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.

Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo  financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!


Stefan B. Salej
19.6.2014.

Saturday, 17 May 2014

Das eleições e do patriotismo  europeu

Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas  da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.

O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa  incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a  votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay. 

O fato é que  essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A  constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E  não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.

Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam  demais.

Stefan B. Salej
16.5.2014.



Das eleições e do patriotismo  europeu

Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas  da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.

O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa  incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a  votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay. 

O fato é que  essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A  constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E  não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.

Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam  demais.

Stefan B. Salej
16.5.2014.






Das eleições e do patriotismo  europeu

Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas  da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.

O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa  incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a  votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay. 

O fato é que  essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A  constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E  não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.

Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam  demais.

Stefan B. Salej
16.5.2014.













Monday, 5 May 2014

Dos corruptores gringos


Empresários mineiros que venderam a sua empresa após 40 anos navegando nas águas  turvas do mercado brasileiro a um grupo espanhol orgulhavam-se e achavam que um dos ativos mais importantes da empresa era a sua gestão transparente. Sem propina aos compradores, fiscais, ou seja quem fosse, era um ativo importante para eles. E os espanhóis, com aquela franqueza ibérica glacial, chamaram os mineiros simplesmente de idiotas por não saberem fazer negócios no Brasil, onde você corrompendo, principalmente na área elétrica, pode ganhar mais dinheiro do que em qualquer outro país!

E esta semana, pela primeira vez, a União Européia, oficialmente declarou que, em todosos seus membros, existe corrupção. E que traz prejuízos em mais de 360 bilhões de reais ao ano aos seus contribuintes. Acabou-se o cinismo de dizer que a corrupção, e em especial no setor públicoé privilégio dos sub-desenvolvidos. Mas, não acabou de todo porque a imprensa  européia quase não falou desse estudo de 41 páginas e a funcionáriada União Européia foi enfática ao declarar que isso é só o inicio e que medidas práticasainda serão tomadas. A maior parte desse processo corruptor acontece nas áreas de saúde, construção civil e desenvolvimento urbano e na de telecomunicações. Portanto, até nesse ponto os europeus estãse desenvolvendo bem.

E aí lembramos das estórias dos primeiros portugueses chegando ao Brasil, jáoferecendo bugigangas aos nativos. E daí em diante, os que vieram trouxeram práticasque, justiça seja feita, também encontraram terra fértil na Brasilea, que foram só sendoaperfeiçoadas. O caso mais recente de duas empresas européias, Alstom e Siemens, ésó a ponta do Icebergue da contribuição nessa área que trouxeram para Brasil. É comum achar, como aqueles espanhóis que se implantaram aqui, que no Brasil só se ganha dinheiro com corrupção. Mas se esquece que, sem os corruptores, não há corruptos.Éincrível que as empresas cujos governos são mestres em dar lições de moral sobre como o país deve combater a corrupção, exercem práticas que lá são ilegais, com maior tranqüilidade, no Brasil.

Agora o cinismo só vai aumentar, porque os europeus podem, com  exceção dos alemães que hoje já possuem uma  legislação que proíbe as empresas atuando no exterior depagar propinas, corromper fora dos seus países. A nova legislação brasileira é um grande avanço quando aplicada direito. Mas, o que de fato falta muito e muito mesmo é, que em vez de termos medo dos corruptos, enfrentemos também os corruptores. E ai, não tem nacionalidade nem origem. Quem sabe com isso em vez dos empresários criticarem que há corrupção, adotem o NÃO em todas as suas formas e conteúdos. Inclusive na política.


Stefan B. Salej
5.2.2014.



Monday, 23 September 2013

O mensalao e a justiça brasileira no mundo

Da justiça brasileira e do mundo

Há algum tempo, um entusiasmado brasileiro explicava num seminário, exatamente no dia em que começava o julgamento do mensalão, como o Brasil combate a corrupção. E dizia que o exemplo do julgamento mostrava a seriedade com que o país levava o combate ao crime de colarinho branco e à corrupção. A platéia suspirava com admiração e batia palmas para Brasil, exemplo edificante de democracia sustentada pela justiça.

O novo julgamento dos réus do mensalão, decidido democraticamente pela mais alta corte do país, lança uma outra luz sobre o Brasil. A pergunta é simples: como funciona o sistema judiciário no Brasil e quanto ele fortalece a democracia brasileira. E mais, quanto ele contribui para o aumento de competitividade das empresas brasileiras. E também as respostas são simples: o sistema é complexo, não estanca a crescente corrupção empresarial e política, aumenta os custos e reduz em muito a competitividade da economia brasileira.

Efetivamente, há empresas e políticos que preferem operar em um sistema de corrupção permanente, especialmente se o sistema judiciário, com sua complexidade legal, permite isso. O  caso das multinacionais que fizeram cartel de preços confirma isso. Elas transgrediram a lei porque nos países deles era permitido transgredir a lei em outro país. Ou seja, ser corruptor no Brasil sim, mas em casa, não! O sistema de investigação, em especial da Policia Federal e de certos setores do judiciário e procuradorias, dá impressão de eficiência. Toda hora tem investigação, arrastando-se por muito tempo, mas a finalização é o problema.

O investidor, seja nacional ou estrangeiro está diante de um sistema de leis, uma complexidade fiscal e um instrumental jurídico que lhe absorve enormes recursos humanos e financeiros e não lhe garante justiça. O resultado parcial do julgamento do mensalão foi recebido no exterior como sinal claro de que no Brasil o sistema de investigação funciona, mas o sistema de julgamento possui complexidade jurídica que permite transgressões à lei, com punição incerta. Do ponto de vista  político, isso corrói a democracia e a estabilidade política do país. Do ponto de vista econômico, diminui a capacidade de crescer das empresas e premia os transgressores da lei.

A mudança desse cenário não esta visível. Ou o que se vê não dá a segurança a ninguém  para que haja um sustentável crescimento democrático. Talvez esteja aí o grande nó do Brasil.

Stefan B. Salej
19.9.2013.