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Sunday, 1 December 2024

FRANÇA : BRASIL, da guerra de lagosta à guerra da carne

 Q DA GUERRA DA LAGOSTA À GUERRA DA CARNE

 

francês arrogante, cuja empresa no Brasilque emprega 130 mil pessoasproduz um quarto do lucro da matriz parisiense, fez uma declaração inadequada, impropria e inoportuna. O que disseque não vão comprar mais carnes do MERCOSULfoi interpretado como ofensa e a reação no Brasil levou a um pedido de desculpas. Em outros países do cambalido MERCOSUL não houve a mesma reação, mas aqui se aproveitou para unir setor o agrícola e demonstrar que o governo cuida dointeresses dos fazendeiros, que andam muito desconfiados do pessoal de Brasília.

Tivemos certa sorte para que guerra do boi e do porco terminasse nas desculpas. O conflito sobre pesca da lagosta no início de 60 virou quase batalha naval entre Brasil e França. E durou três anos para ser resolvido. Da época, atribuem ao Presidente francês De Gaulle a frase de que Brasil não é um pais sério. Mas os dois conflitos na essência mostram que mesmo tendo a maior fronteira terrestre, a da França com Brasil, e interesses econômicos que vão além das ligações culturais e educacionais, com 500 mil brasileiros empregados nas empresas francesas, não existe uma parceria de desenvolvimento entre os dois países. Presidente Macron recebeu há um mês um grupo grande de empresários brasileiros no palácio do governo, para jantar comme il faut, liderados pela Lide do ex-governador de São Paulo, João Doria, onde só tinha amor regado a champanhe.

Mas isso não impede os franceses, unidos nessa questão da extrema direita aos ecologistas, de ser contra o acordo entre a UE e MERCOSUL. Os franceses preferem perder esse acordo e continuar fornecendo ao Brasil tecnologia nuclear, aviões e manter seus investimentos dominando o mercado brasileiro, como é o setor alimentar e de construção, além do de hotelaria. 

Quem precisa mais do acordo, por sinal em discussão sigilosa está semana em Brasília, são outros países da Europa, como a Alemanha. A crise profunda na UE e o novo protecionismo de Trump, além da ameaça russa e da invasão industrial chinesa, enfraqueceram Europa, que está demitindo milhares de trabalhadores.Ela precisa de novos mercados. E o MERCOSUL é esse mercado.

Brasil, aceitando esse acordo, destrói, com raras exceções, a sua indústria e não aumenta seu acesso ao mercado da UE. Torna-se uma colônia tecnológica da Europa em atraso e sem rumo para alcançar China ou os Estados Unidos. E nos afasta de outros mercados que hoje sustentam nosso desenvolvimento. De fato, aUE teve chance de fazer o acordo, mas exigiu demais, e perdeu o timing. E fazer o acordo sem França, que não é Chipre, é quebrar União Europeia.

O melhor caminho é achar um outro caminho para prosperar. O atual já era.


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