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Thursday 7 December 2023

DO IMBROGLIO DO ACORDO COM UNIĀO EUROPEIA

 DO IMBROGLIO DO ACORDO COM UNIĀO EUROPEIA

 

Se você quer resolver uma situação entre os países com diplomacia, então deve entender que o processo é complexo, complicado, exige paciência e tem que ser feito para durar. Diplomacia não é para amadores e apesar de que parece para brasileiros mais jogo de futebol do que xadrez, a torcida tem que ser de xadrez e não de futebol. Quanto mais silencioso for o jogo, mais gols você faz. E quanto mais longe ficar a torcida, mais resultado você pode ter.

 

O atual nível de excitação quanto ao resultado temporário das negociações entre Mercosul e União Europeia é absolutamente exagerado. A diplomacia brasileira trouxe com uma competência ímpar o estado de negociações aonde mais interessa ao Brasil: ao ponto morto para poder negociar em seguida um acordo que traz para os países de Mercosul mais desenvolvimento, seja econômico, seja social.

 

Um acordo requentado, remendado, num mundo de transformação geopolítica e tecnológica, não ia trazer uma parceria equitativa entre os blocos, mas uma dependência tecnológica determinante de um futuro mais dependente dos países europeus ao invés de uma maior inserção no mundo. Os três acordos em negociação, político, de cooperação e comercial, mudam o paradigma de desenvolvimento dos países do Mercosul, mas não dos países membros da UE. No caso do Brasil, nos empurram para um  ainda menor grau de industrialização e geração de empregos de qualidade e não abrem de forma significativa o mercado para os nossos produtos.

 

Um pouco de análise caipira dos eventos que levaram à interrupção das negociações não faz mal. Então, primeiro você tem um novo governo na Argentina. Tem novo governo na Holanda, um parceiro fundamental, e a indefinição da guerra na Ucrânia. Uma reunião absolutamente crucial para a UE com a China, no mais alto nível, com a qual os europeus têm um déficit comercial neste ano de 200 bilhões de dólares. Descobrimento de esquemas de contrabando de armas no Paraguai e continuo contrabando de cigarros para Brasil. Adesão da Bolívia ao Mercosul, um novo fator de negociação e perturbações com a Venezuela, que já era sócia de Mercosul e grande amiga do Brasil. Sem falar das absolutamente não aceitáveis por um país soberano como Brasil e seus parceiros no Mercosul, exigências quase que humilhantes na área de meio ambiente e compras governamentais. Aliás, olhando para a UE, as compras governamentais lá são um verdadeiro caos e cheias de irregularidades e sem a ordem que eles exigem que seja aceita no nosso mercado. 

 

Nesse retrato não se pode esquecer que os dois grandes parceiros do Mercosul, China e Estados Unidos,  não têm nenhum interesse em que prospere o acordo com a UE. De fato, o governo Lula mostrou toda a capacidade e boa vontade para concluir o acordo. Aí veio a fala do Presidente  francês Macron, que enterrou a negociação. A França é o maior dos investidores estrangeiros no Brasil, o que mais emprega. Só uma empresa de distribuição de alimentos tem mais de 150 mil funcionários. Portanto , quem entende que Comissão europeia, que será com as eleições no próximo ano mudada, vai concluir um acordo do qual França discorda, não entende de União Europeia. E se a Alemanha, cuja indústria no Brasil está tecnologicamente defasada, quer o acordo, teve a sua chance de fazer, e não o fez.

 

Brasil é um país inserido no mundo, auto-eficiente do ponto de vista energético e alimentar, no meio de um processo de reorganização de sua economia através de importantes reformas e com estabilidade financeira e fiscal, como política.Os acordos internacionais são bem-vindos e necessários, mas com valor adicionado no desenvolvimento de parceiros. Um acordo como estava em negociação  há 20 anos, e quem estava na última página já não sabia o que tinha na primeira, e com o  mundo em mudança, tinha que ser parado.

 

Agora, com uma clara política econômica do governo e inclusive com planos de reindustrialização em curso, economia verde e o novo governo argentino, é hora de transformar a pausa em uma nova parceria que mire para a frente e seja equitativa. E ver outras parcerias, como foi feita com Singapura. 

 

Talvez vale a pena lembrar que no ano passado festejamos 200 anos de independência.

 

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