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Monday, 25 May 2020
Do meio copo vazio
Nem os produtores da famosa série de TV americana WEST WING, que mostrava como funciona a Casa Branca e governo do país mais poderoso do mundo, conseguiriam um espetáculo de governança que supere com realidade a ficçāo, como foi o vídeo da fatídica reunião do Conselho de Ministros da República Federativa do Brasil, um dia após o Dia de Tiradentes, 22 de abril 2020. Sāo raríssimos os casos na história, desde que inventaram gravadores e câmaras (um desses casos é o das gravações no governo Nixon, durante o escândalo de Watergate), que mostram a realidade de como se governa e este é um caso que ficará na história e poderá ser mostrada em todas as aulas sobre governança e governabilidade. Backstage do governo da oitava economia do mundo, com seus 210 milhões de habitantes, 8.500 km de costa e um dos mais ricos do planeta em recursos humanos e naturais, com domínio do pulmão da terra. Nāo é pouca coisa.
Às expressões chulas, Ricardo Noblat contou 37 só do PR, que dominaram os discursos, juntaram-se as expressões físicas da maioria, aprovando o que acontecia ali. Ou seja, o PR está certo na escolha de ministros do Brasil, eles concordam com seu discurso, seja em que linguagem for preferido. Nāo parece que alguém saiu dali (a não ser os que em seguida saíram da turma, como Moro e Teich) achando ruim, ou estupefato com a maneira como se procedia na reunião. Teve gente ali, ao lado do PR, que, com 40 anos de carreira ao serviço do Brasil, galgando todos os postos possíveis, visivelmente aprovava o que se dizia e como se dizia.
O conteúdo, independentemente dos aspectos jurídicos e das interpretações políticas a gosto de cada um, tem consequências sobre o diário e futuro dos 210 milhões de brasileiros. Pelos próximos dois anos e meio, é isso aí que vamos ter. Na área econômica, um quarteto (ministro e presidentes dos três bancos estatais e da Petrobras), salva-se o presidente do Banco Central, que sabe tudo e que pode fazer tudo, inclusive não fazer nada, por exemplo para dois terços da economia brasileira que sao empresas micro, pequenas e informais . E em seguida, sem precisar dar sequer um tiro com uma dos 15 armas que tem, o líder de 130 mil funcionários da CEF, para defender a filha que pode não cumprir a lei (alias, se o PR pode, por que ela não pode?) junto com os colegas do quarteto guedista, tem apoio do mercado, que acha que com eles é melhor do que sem eles.
Nos não vimos meio copo vazio, nos vimos um copo vazio de propostas para uma melhor governabilidade do país. Nāo é concebível que o PR não receba informações das agências responsáveis pelas analises de inteligência. O PR precisa sim ser informado e bem informado sobre o que acontece para poder melhorar a governabilidade. Agora, quais informações, já devia estar claro há muito tempo e para isso existe até um ministério especifico. Vulnerabilidade nesta área, como foi dito na reunião, prejudica o país, não o governante. Agora, serviços de inteligência são órgãos do estado a serviço do governo e não dos governantes. Isso, todos os que atuam e estavam lá sabiam.
Nada do que aconteceu nessa reunião não se sabia. Ela foi mais um passo de muitos na mesma direção, com o mesmo palavreado e a mesma falta de conteúdo. Só foi mostrado de forma crua. Diga-se de passagem, até a gravação foi uma esculhambação. As reuniões dessa natureza merecem por dignidade do governo serem mais bem organizadas e até gravadas de tal forma que possam ser incluídas na história do pais.
Comparando esse tipo de reunião com reuniões no meio empresarial, há dúvida de que os stakeholders nas empresas permitam esse linguajar, maneira de conduzir e resultados. Provavelmente, se alguém está repetindo o modelo, o dono sou eu e f... se você, eu mando e você obedece etc., a empresa já fechou. Provavelmente em qualquer sociedade seja civil, inclusive empresarial, esses modelos já sao ultrapassados, porque fracassaram.
A reunião em questão ficou nas história, mas a questão, de como será escrita a história daqui para a frente, ficou. Talvez a imagem mais clara seria de que estamos todos num super avião onde a tripulação que nos deve levar ao destino que todos escolhemos (neste caso um Brasil mais justo e desenvolvido para todos) se comporta como o pessoal na reunião dos ministros. Um colocando água no querosene, outro furando pneu, a aeromoça fazendo discurso, uns obedecendo o comandante, não porque concordam tecnicamente mas porque sao leais, e vai lá a imaginação. O problema é que não tem mais escolha: já estamos no avião e ele já esta no ar. Aperte os cintos e reze para que as máscaras de oxigênio funcionem, porque na reunião inclusive só temporariamente alguns usaram máscaras contra o coronavirus, que para eles não existe.
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Falou a criatura que jogava sapato na cabeça das pessoas, durante reuniões, enquanto presidente de FIEMG. Afinal, "que merda é essa?"
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