DO EXPRESSO TURCO DA MEIA NOITE
Um dos filmes mais violentos que já vimos, mas ao mesmo tempo totalmente verídico, foi O Expresso da Meia-noite, que descreve a prisão de um casal de jovens americanos por tráfico de drogas na Turquia. Isso foi o filme. Agora, sob a presidência de Erdogan, e com base em leis de emergência promulgadas após a chamada tentativa de golpe militar há um mês, foram soltos 38 mil criminosos para dar lugar a 40 mil presos políticos, acusados de participar do golpe.
Mas, a lista continua; foram demitidos 15 mil diretores de faculdades, suspensos 80 mil funcionários públicos, 9000 policiais, 10 mil militares, 21 mil professores da rede privada de ensino, 2745 membros do judiciário, e mais e mais.
Foi dada ordem de fechamento de 29 editoras, 15 revistas e 45 jornais diários. E a destruição nas bibliotecas de todas as publicações dessas editoras. Jornalistas, ninguém sabe por onde andam.
Um processo de destruição de qualquer liberdade e o confronto com qualquer valor democrático ocidental estão em curso nesse país, meio Europa, meio Ásia. Um horror inaceitável para o mundo de hoje, mas aceitável pelas políticas de grandes potências, que já há um século atrás permitiram aos turcos, então donos do Império Otomano, matar centenas de milhares de armênios. A posição estratégica de Turquia, que recebeu três milhões de refugiados sírios, permite que os Estados Unidos mantenham no seu aliado na OTAN (a Turquia tem o segundo maior contingente militar nessa aliança militar após os Estados Unidos) uma base militar com ogivas nucleares.
O governo turco alega que o golpe militar foi organizado por um clérigo muçulmano chamado Gulen, que vive nos Estados Unidos, e cuja extradição está exigindo. Por outro lado, o governo turco, que enfrenta uma luta pela independência no norte do país, da minoria curda, está de bem de novo com a Rússia e, também, após o incidente com um barco turco levando material de apoio ao grupo terrorista Hamas na faixa de Gaza, se entendeu com Israel. O cachimbo da paz custou a Israel 20 milhões de dólares, pagos aos turcos pelos prejuízos que tiveram na empreitada.
Atentados recentes na Turquia e um estado absolutamente ditatorial nos levam a crer que o mundo prefere uma Turquia ditatorial, desde que ajude a manter certo equilíbrio no Oriente Médio, do que um país democrático. Assim vamos continuar em pleno 2016 a assistir uma tragédia de uma nação marchando para o abismo democrático e levando o seu povo n
No comments:
Post a Comment