DO ACORDO E DA BOMBA NUCLEAR IRANIANA
A Europa respirou aliviada esta semana por duas razões: a crise da dívida da Grécia parece que passou, com a aprovação do parlamento grego do acordo feito com os credores, para uma fase mais tranquila. E ameaça do Irã construir uma bomba atômica passou a ser menor, com o acordo que seis países liderados pelos Estados Unidos assinaram com aquele país. O mundo ficou menos volátil e perigoso por algum tempo e nos dois casos a diplomacia prevaleceu sobre os falcões de guerra.
O acordo com o Irã, dominado por aiatolás xiitas, radicais até o extremo, só foi possível devido ao sistema de sanções que os países ocidentais impuseram àquele país. E mais, a brutal queda do preço de petróleo, que reduziu a receita dos iranianos à metade nos últimos anos. A fórmula de sanções e baixo preço do petróleo ajudaram mas ainda não convenceram os falcões dos dois lados que o acordo é bom. Os republicanos nos Estados Unidos vão criar todas as dificuldades ao Obama e ao Secretário de Estado John Kerry na aprovação do acordo no Congresso. A mesmas coisa acontece no Irã, onde os radicais não querem abrir mão de ter a sua bomba atômica. Portanto, daqui para frente ainda haverá muito caminho para que o acordo seja implementado e controlado.
Mas, e com muita razão, os melhores conhecedores dos iranianos, que são os israelenses, não só acreditam que o acordo é ruim para a humanidade, como também estão convencidos de que agora, com a queda das sanções, o caminho esteja livre para o Irã construir a sua bomba atômica e destruir Israel. O acordo vai mudar as relações entre os países do Golfo Pérsico e de fato ninguém sabe até onde. Os Estados Unidos estão convencidos de que, com a volta de Irã à comunidade internacional, haverá não apenas mais oportunidade de paz no Oriente Médio como também uma aliança mais forte contra o Estado Islâmico. Algo que ninguém acredita em Israel. Portanto, os Estados Unidos terão que garantir a sobrevivência de Israel contra um eventual ataque ou ameaça do Irã.
No fundo também se está abrindo um potencial novo mercado do tamanho da Alemanha. O Irã, com seus 80 milhões de habitantes, dos quais 60 % com menos de 30 anos, representa um potencial de 16 bilhões de dólares só para produtos de informática. A Citroen esta abrindo uma fábrica para produzir 800 mil automóveis ao ano, o que não e pouco. Alguns chamam o acordo de vitória da diplomacia de dólar. E, nessa abertura, como fica o Brasil, que tentou intermediar uma acordo similar há anos e os Estados Unidos não permitiram? Os amigos de sempre serão trocados por novos amigos de novos acordos.
Stefan Salej
17.7.2015.
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