Da amizade gringa
A visita na semana que passou do Vice-Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, afável e experiente político, foi um verdadeiro sucesso diplomático e ao mesmo tempo um verdadeiro desastre do ponto de vista de bagunça, xingatório e inimizade de alguns com os Estados Unidos. O mundo não é mais o mesmo, e os brasileiros mudaram muito. Se lembrarmos a visita do então Vice-Presidente Nixon ao Brasil há algumas décadas, com direito a todo tipo de protestos, inclusive de jogar ovos nele e a reação policial, a cavalo e a pé, os "Cosme e Damião", a dupla das policias militares, batendo nos manifestantes, esta visita não mereceu nenhum retrato na imprensa mundial.
Mudaram os Estados Unidos, mudaram seus políticos ou mudamos nós, os brasileiros? A visita com direito a favela, que no Rio não pode acabar porque virou atracão turística, mostrou que Estados Unidos são hoje encarados com certa normalidade. Os gringos, que não mudaram nada nestes últimos 50 anos, após a ativa promoção do golpe militar de 64 que começou exatamente em Minas, como também foi em Minas que foi feito o Manifesto dos Mineiros em 1945, conclamando o país à democracia, chegaram à conclusão de que Brasil é Brasil e portanto diferente. Acabou-se o tempo da declaração desastrosa do então Ministro das Relações Exteriores do Brasil, o baiano Juracy Magalhães, de que para onde vão os Estados Unidos, vai o Brasil.
Os gringos são os maiores investidores no Brasil, são também dos mais fieis e os que têm investimentos que criam mais empregos na indústria. As empresas norte-americanas como a GE, por exemplo, tem trazido para o país, ao contrário dos espanhóis, tecnologias mais avançadas. O comércio entre os dois países passa de cem bilhões de dólares ao ano e é muito mais diversificado do que com a China. Ou melhor, é mais equilibrado a favor do Brasil. Até tem cachaça mineira, de acesso privilegiado naquele mercado, onde vivem quase um milhão dos brasileiros. Sem falar nos milhares de brasileiros que fazem compras lá. Recentemente numa escola de administração, os alunos conheciam mais os Estados Unidos do que o Brasil. Ninguém esteve em Teresina e quase todos, em Miami. E milhares de estudantes estudam lá.
A relação entre os dois países amadureceu e marcha para uma parceria. Parece que se perdeu o medo e que cada um achou seu lugar no mundo. A visita de Estado, mais alto grau de visita presidencial, com direito a bailar na Casa Branca, da Presidente Dilma no final detém ano, mostra essa maturidade que os dois países adquiriram no seu relacionamento. Ou seja, o que é bom para um, pode ser bom para o outro.
Stefan B. Salej
29.5.2013.
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