Das eleições italianas
As eleições parlamentares italianas desta semana podem mudar pouco a Itália mas afetar muito a Europa. As duas décadas de declínio da antiga potência econômica e membro do exclusivo
grupo dos poderosos países do G7, a queda de 2.2% do
produto bruto interno no ano passado e a ameaça, após 18 meses de certa estabilidade sob o governo do Prof. Monti, de
volta do rei do bunga bunga e antigo primeiro-ministro Berlusconi, fazem a
Europa tremer. A complexa situação econômica italiana, onde basicamente se enfrentam o centro-esquerda de
Monti versus a direita liderada pelo Cavaliere Berlusconi, não será ainda resolvida nesta eleição. O mapa político, que só será definido após a abertura das urnas no domingo tem também novos atores, como Beppa Grillo, comediante que está tirando votos do Monti e com isso pode ser o fiel da balança no Parlamento.
É consenso que a Itália precisa de reformas sociais e econômicas. A estrutura econômica italiana, com milhões de pequenos negócios e um Norte desenvolvido,
beneficia Berlusconi, que quer destruir as vantagens sociais do operariado,
reduzir os impostos e dar mais asas ao grande capital. Mas, isso levou o país a um impasse e a uma situação política e econômica insustentável. O rigor nas reformas de Monti gera uma impopularidade difícil de ser aplaudida nas urnas. Por isso, ainda que racionalmente
inaceitável, o populismo de Berlusconi tem seu espaço político.
A Europa, que está saindo da crise para a qual Itália contribuiu muito mais
do que Grécia, não pode se dar ao luxo do retrocesso. Os alemães têm dado sinal claro, porém discreto, de que a volta ao passado não é aceitável. Mas pouco podem fazer para que os eleitores italianos façam diferente do que eles pensam
que é certo.
O Brasil é intimamente ligado à Itália. Vivem aqui 25 milhões de descendentes de
italianos, dos quais 270 mil têm cidadania italiana e
outros 600 mil estão esperando na fila. Os ítalo-brasileiros votaram, menos de 20 %, elegendo na América do Sul toda 4 deputados e 2 senadores. Minas possui o
terceiro maior contigente de imigração italiana no Brasil e um ítalo-brasileiro é governador do Estado.
Mas são os investimentos italianos no Brasil que também importam. Novamente aqui, Minas
tem um peso muito grande, principalmente por causa da Fiat. A questão que se coloca é se as empresas italianas
no Brasil são melhores investidores com
um estado italiano em crise, cheio de escândalos como a recente da
quebra do tradicional Banco de Monte del Paschi e a prisão do presidente da Finnemecanica, a líder de equipamentos militares.
Claro que não. O sucesso da Itália também pode ser nosso. E o fracasso, também.
Stefan B. Salej
21.2.2013.
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