Da Vale de Minas e da
Africa
Aquela mina de minério de ferro de Itabira que foi até cantada em verso pelo
Carlos Drumond de Andrade, cresceu e se
tornou, com 136 mil funcionários, a segunda maior
empresa de mineração do mundo. Vale. A marca
de excelência brasileira em gestão e engenharia. E solidez financeira que nem alguns financistas de
muito antes e de muito recentemente não conseguiram abalar.
Na Congresso de mineração da África na Cidade do Cabo, mais de 7500 especialistas
discutiram o futuro da mineração. Não só na Africa, mas no mundo.
Do Brasil, só a Vale.
Presente em seis países africanos, com ênfase na mineração de carvão em Moçambique, e investimentos que ultrapassam 7 bilhões de dólares no continente, é um ator que não pode ser desprezado. E
como a Vale é uma empresa brasileira,
dela se espera também um comportamento social
diferente da dos antigos colonizadores da África. Assim, os 800 fornecedores locais em Moçambique e dispêndios de 1 bilhão e 600 milhões de dólares no mercado local, fazem
a diferença na economia.
A África, apesar de muita indefinição política, corrupção, conflitos sangrentos e
intervenção estrangeira, como a dos
franceses agora no Mali, é ainda a província mineral do mundo com maior potencial de desenvolvimento, próxima ao mercado chinês. A China simplesmente não tem reservas minerais suficientes e nem a experiência de gerir grandes minas, para sustentar seu desenvolvimento.
Portanto a aposta da Vale na África, o lugar de seus
maiores investimentos, está certa. As dificuldades,
como no projeto de Guiné, são significativas e não serão transpostas facilmente, mas terão que ser resolvidas.
Se a Vale investe tanto na África, isso pode ser bom para Minas e para Brasil? Ou só é bom para alguns acionistas
e diretores da Vale? Na apresentação da Vale e na sua presença na Indaba Mining, não deu para ver isso. Não é provavelmente o caso da
Mendes Jr. no Iraque e Mauritânia, que puxou a economia
mineira e as empresas brasileiras junto. Os projetos da Vale ou outras empresas
como os da Odebrecht em Angola, principalmente quando financiados com recursos
do BNDES, têm que ser não só projetos de presença política, mas de ampliação de nossas exportações em todos os sentidos. A
Vale não é uma empresa qualquer, comparável por exemplo à Anglo American, cujo objetivo é só lucro, mesmo disfarçado em ação social.
O sucesso da Vale,
principalmente agora com as dificuldades da Petrobras, é fundamental para todos no Brasil. Por isso que é ainda mais estonteante que a Vale estivesse sozinha e que as
autoridades brasileiras da área, inclusive as entidades
de classe de mineração, não entendam que a África é a oportunidade e a ameaça à mineração brasileira.
Stefan B. Salej
7.2.2013.
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