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Thursday 19 March 2020

CONFINAMENTO DIA 17.de Março

O segundo dia sem se saber quantos ainda há para frente. As notícias locais são encorajadoras para você ter certeza da incerteza. O governo central age de forma que não inspira nenhuma confiança. Não há coerência nas ações e as da área de saúde começam ficar prejudicadas por outras e em especial comportamento do próprio Presidente da República.

Como podem ser nesta situação as pessoas tão irresponsáveis com foram último domingo. Não foram os analfabetos de salário mínimo que ocuparam ruas para gritar com ódio contra Congresso e Judiciário. Foram esclarecidos, ignorastes que puseram suas vidas e de seus co cidadoes em perigo para gritar contra uma ordem democrática legalmente estabelecida. É de u a ignorância assustadora e incompreensível mas é um fato que aconteceu.

Finalmente apareceram medidas econômicas que podem dar certo alívio a economia. Ninguém sabe em quanto sera o preço deste desastre viriologico.Desemprego,quebra de empresas, caixa de estado esvaziado e um caos social imprevisível. Dependendo de quanto tempo isso vai durar, haverá fome porque as pessoas não vão ter dinheiro para comprar comida.

Como estamos despreparados para enfrentar essa situação ilustra o episódio que vive hoje na compra de um remédio na Drogaraia. Meia hora de atendimento porque computador não conectava para emitir o documento de compra. A farmácia sem nenhum gel, vendedores sem máscara e cheio de caixa no chão. E solução é não voltar lá mas comprar pelo internet.

Imagina se uma rede de farmácias famosa e tradicional numa epidemia atende assim, como dev ser o sistema de saúde .

O vírus chegou mais perto. Milton com quem comemos pizza toda semana e voltou de Miami está com Coronavirus. Está em casa em recuperação.

Outro que também está com vírus e atual ocupante do cargo do Presidente da Fiemg.O caso dele deu até no Jornal Nacional da TV Globo..Ele fazia parte da comitiva presidencial  na viagem à Miami.Quando voltou eu perguntei no grupo da Fiemg na WhatsApp se ele fez teste porque ele fazia reuniões e inclusive uma pequena festa para o garçom Rafael que serve café para ele.Leveii uma traulitada dos luxa sacos dele de tamanho de um bonde.E deu no que deu. Acho irresponsável homens públicos se comportarem como se nada os atinge e tudo podem.  Pode ser que eu também era assim nas minhas épocas. Mas,:mandei votos de recuperação a ele e ele não deve estar em condições de responder.

Na Tv francesa vi como os vizinhos se organizaram-se, como solidariedade funciona e num outro canal, como em cada país europeu as pessoas mostram solidariedade na solidão de isolamento.No nosso prédio tenho impressão que as pessoas se ignoram ao ponto de nem sabem que outros existem.Mundo estranho esse de bairro de coxinhas.

mas,recebi um telefonema de  um conterrâneo esloveno mais jovem que ofereceu trazer as coisas para inesquecível.

Estou rodando pelo WhatsApp e mails para ver como meus conhecidos estão,como se protegem.
Também recebemos uma oferta de ajuda da Regina e Antonino,os primos, de máscaras e luvas.
Quem tem caráter tem, quem não tem, nao tem.

Filhos estão se organizando cada um a seu modo.Fechando colégios, fecham cantinas e Bogdan Jr, perde clientela para seus salgados.E se fecharem os bares, ainda fecha a fábrica.Os subsídios do governo não salva, o negócio.

Aliás, entre as medidas do governo está a redução de 50 % de contribuições para os sistema S.Do ponto de vista financeiro o sistema aguenta porque todos acumularam enormes reservas. Mas, é incrível como o sistema não acha seu papel
numa crise dessas. Não tem criatividade e nem interesse em servir.
Por outro lado as reivindicações ao governo são rápidas.












Tuesday 17 March 2020

DIÁRIO DO CONFINAMENTO 16. De março

Sinceramente ainda não sei em que estágio me encontro: Débora e eu resolvemos ficar em casa seguindo as recomendações das mais variadas para evitar a contaminação com Coronavirus. E adentramos a esse novo estagio da vida, não sei se é confinamento, quarentena ou isolamento de forma bem cuidadosa: uma happy hour de dez eslovenos  onde um casal estava hospedando na casa deles parentes da Europa com os  quais  acabaram de vir do Carnaval do Rio e da vista a Foz de Iguaçu. Depois um jantar com dois banqueiros suíços no dia que chegaram de lá.E bem no início da semana desastrosa nas bolsas quando os dois sabiam de como vai ficar bem daqui a pouco. Depois um Pilates com estúdio cheio. Um jantar no restaurante italiano cobrando uma taça de vinho chileno rose 55 reais. E no domingo consegui por conta do vírus matar a aula de hebraico, apesar de ter feito dever de casa antes e terminamos numa pizzeria como manda figurino onde garçom que nos atende disse que ele não se incomodava em não nos dar a mão.

Mas, já no domingo nos começamos organizar para este estágio novo da vida.
Vimos como estão nossos amigos pelo mundo. Um, em Israel, fez 93 anos.Sem família, sozinho, filho,acabou de voltar do Chile e está em quarentena mas também os outros não podem visitar ele.Outro na Slovenia está em Casa de repouso, todas fechadas, filhas não podem visitar e ele não tem celular, Um nos Estados Unidos, está com filhos espalhados pelo país,também não vai a lugar algum. Outro na Alemanha veio de Barbados, não pode ir a lugar nenhum. Ninguém entra e ninguém sai.Tambem mais um casal em Düsseldorf com filhos espalhados em Washington, San Francisco,Berlin, Munich.Iam esquiar junto em abril, tudo cancelado. O que é Embaixador da Eslovênia em Buenos Aires tem que tirar os patrícios e mandar de volta. tem 6 mil europeus para serem repatriados e ninguém sabe como.Outra diplomata no Iran, está ainda na situação pior.E assim adiante, isolamento, incerteza,medo.

O pior desse confinamento, temporário sem data de terminar, é repentina falta de liberdade. Você não sai, não vê pessoas, sua vida social desaparece e você está com uma tornozeleira invisível sem sentença chamada ameaça de Coronavirus junto com milhões de pessoas que você nem conhece.De repente olhar pela janela ganha um valor que você conhecia, então a lua quando aparece parece o mundo novo. E você se torna um ser digital. Que bom que telefone tocou. TV está funcionando. A internet sobrecarregada funciona. E as mensagens pelo WhatsApp. Toneladas e toneladas de tonteiras, bobagens e uma total irresponsabilidade nos assuntos como Coronavirus.

TV se torna sua amiga, que bom que chegou CNN Brasil, canais abertos e de graça para ver o mundo desgraçado se esfacelando.

Tem mais os filhos, espalhados desde Ouro Fino, Belo Horizonte,Pauliceia e Santa Monica, Califórnia. Cada um com sua família, marido, esposa e filhos, sogra e sogros. E melhor de tudo: vigilantes sanitários perguntando toda hora, parece que fizeram acordo de revezamento, se estamos em casa, que não devemos sair, se estamos cumprindo as regras de isolamento. E claro, nos perguntando a eles, pedindo fotos de netos. Em resumo, um intercâmbio intenso e submerso.

Lemos NYT, Lê Monde, Delo, assistimos TV brasileira e francesa e eslovena e CNN. Too much. Aí parece no meio um belíssimo artigo de Simon Swartzman sobre fascismo e uma série turca de verdade sobre a conquista de Constantinopla. Ai descobrimos que os sérvios, que faziam com eslovenos parte da Iugoslávia de 1917 a 1992, tinham um poder enorme no Império Otomano. E por isso que até hoje o café preferido deles é turska Kafka, café turco.

De cancelamento de tudo, para perspectiva invisível, vamos ter que nos organizar. Se nos salvamos de vírus, a mudança de cotidiano vai deixar marcas no pouco tempo que ainda temos.







Friday 13 March 2020

DA FANTASIA, MAROLINHA, VENTO E COVID 19

DA FANTASIA, MAROLINHA, VENTO E COVID 19


Cada um dos nossos últimos presidentes ao qual o mundo brindou com uma situação de crise nos deu as respostas acima, cujos resultados foram mais para desastre do que para solução. Ou seja, todos eles reagiram como caranguejos.  Não  conseguiram  entender nem a dimensão do país e nem da crise que tinham  que administrar, e assim em cada crise ficamos um pouco mais para trás. Ou seja, uma das características até então era que, além de ter que administrar uma crise exógena, os nossos dirigentes adicionavam, além da incapacidade de gestão, elementos jabuticabas que pioravam a situação.

O que distingue a crise de Covid 19  das outras é que temos uma crise de saúde pública. E com toda a desgraça que esta área representa no Brasil, a reação está sendo a mais profissional de todas as áreas do governo. Esta gestão, até este momento, ou seja antes de uma epidemia, uma onda maior, tem conseguido manter a calma e seriedade e oferecer à população soluções confiáveis. Esperamos que assim seja também durante o pico da crise que está sendo anunciado, porque  afinal das contas nem zica, nem dengue, nem TBC, nem saneamento e água limpa e mais outros assuntos foram resolvidos. 

Eleitores elegem governo para governar e esperam que, especialmente na hora da crise, dirijam o país. Agora, se o mundo inteiro e todo mundo diz que tem crise, e os nossos dirigentes falam em fantasia e agem assim, estamos vivendo uma distonia grave. E não apreendemos nada com recentes  eventos. Ou seja, em que se distingue este governo, que não veio com um elenco de medidas fora da área de saúde, dos governos anteriores, se todos agem do mesmo jeito nas crises: desdém, ignorância,  desprezo pela população. 

Que o posto Ipiranga, neste momento, tenha como único plano, aproveitando-se de uma crise humanitária, chantagear o Congresso Nacional, exigindo as reformas que nem foram apresentadas pelo próprio governo, é mais do que um crime intelectual, é  um crime de verdade porque, as consequências tanto em vidas humanas como empregos, destruição de tecido social e econômico serão maiores do que sequer se imagina. O fato é que o governo, neste momento, não tem receita para a crise que esta se desenrolando. E não é questão de recursos, já que o BNDES deu um lucro extraordinário e tem reservas de mais de 100 bilhões de reais para investir. 

A conclusão a que se chega de uma forma triste é que não falta conhecimento técnico, falta mesmo é a responsabilidade política ou alguém esta esperando que a situação piore tanto que pode melhorar mais para alguns. Ou seja estão criando “war profiteers”, abutres que estão esperando a carniça ficar pronta.

Nesta história também fica a pergunta: por que esse tipo de discussão não foi levada ao Palácio do Planalto pelos lideres empresariais. Justiça seja feita, do lado presidencial não faltam contatos, mas será que falta diálogo? Os empresários têm uma agenda de sugestões só para melhorar as empresas deles ou para melhorar o país, evitar o desastre que se vislumbra e melhorar as empresas?  Nisto também cabe perguntar o que o Sistema S está fazendo para que a crise de saúde seja a menor possível. Ninguém ouviu o atual ocupante do cargo da CNI falar disso,  e nem os outros colegas dele. É como se vivessem na Ilha da fantasia na Flórida. Que chato, e agora tem que voltar para o Brasil.

Monday 24 February 2020

DO NÓ GÓRDIO DE MINAS

DO NÓ GÓRDIO DE MINAS



As contas não fecham. Ou seja, os aumentos que estão sendo discutidos na Assembleia de Minas, inicialmente com a proposta do Governador Zema para os policiais e posteriormente adicionando outros setores, não fecham as contas  de Minas.  O Estado, já inviável pelo seu passado fiscal, sem nenhuma perspectiva de melhoria de sua economia, aumenta ainda o seu déficit fiscal além de qualquer limite sustentável.

Como o Governador permitiu que isso aconteça, só ele sabe. Por que seus secretários e políticos que o acompanham no governo concordaram com a loucura, só eles sabem. Ou não sabem. Só ele sabe porque cedeu à pressão dos policiais e só ele sabe porque permitiu que essa reivindicação virasse bola de neve. O fato é que da bola de neve estamos abaixo de uma avalanche fiscal e financeira que torna o Estado inviável. Inviável para as atividades econômicas, e inviável para o cidadão sequer poder viver. O Estado, que já cumpre seu papel com deficiência, não tem condição de cumprir mais nada.

Comecemos com a área de segurança. Não é a primeira vez que os policias mineiros se revoltam. Já tivemos greves, intervenção do exército e politização das reivindicações, até justas. A Polícia Militar de Minas, que era um exemplo de profissionalização, tornou-se nos últimos vinte anos um exemplo de inversão de hierarquia. Quem manda são os cabos e sargentos, que se transformaram em líderes políticos, e não os oficiais. A tropa obedece aos primeiros e não aos segundos. E não reconhece que é uma massa de manobra de oportunistas que enriquecem às custas de migalhas para a tropa. Eles hoje representam uma facção ou fração política mais poderosa do que a maioria do eleitorado. E no seu conjunto se negam discutir o seu papel na sociedade, inclusive nos privilégios que mantem a oficialidade em relação a outros setores da sociedade. Resumindo, uma situação caótica e perigosa em todos os sentidos, sejam políticos ou econômicos. 

Nesse caos que se criou com a discussão sobre o aumento das polícias, as soluções que estão aí na mesa não são soluções para a sociedade como um todo. O Governador, que foi o estopim do caos, que ainda pode ter revoltas dos policiais como estamos vendo no Ceará, não é hoje a liderança que leva a uma solução. E mais: os tecnocratas que o acompanham também não deram nenhuma solução para o caso. Os políticos estão esperando que tudo estoure para ocupar o espaço que esta ficando cada vez mais contaminado. Ainda há de se perguntar por que outros atores políticos estão esperando a bomba estourar. Notadamente o Tribunal de Contas do Estado, as cabeças brancas de judiciário, e os empresários. É impossível acreditar que os empresários podem concordar com esse caos, sabendo que a conta vai ficar para eles. 

Alguma solução terá que aparecer. Um governador que, eleito com 70 %  dos votos, após um ano cria um caos dessa natureza, devia no  mínimo ter o bom senso de tirar licença e permitir que entrem outros  atores que resolvam a questão. Aliás, se ele tivesse bom senso não só não teria feito o que fez, mas ia embora porque ele não tem liderança para resolver esse caos.

Minas nunca viveu uma crise institucional tão grave. Tão sem perspectiva para ser resolvida. De tão profunda divisão entre os interesses e visões de como gerir o Estado. O orgulho de Minas ter os políticos de primeira grandeza do país, patriotas e devotos brasileiros, foi para o brejo. A liderança  que devia ter surgido na última eleição ainda levou o estado para pior. Espera-se que surjam lideranças da sociedade civil e mesmo políticas que cortem esse no górdio, porque desamarrá-lo é totalmente impossível.

Stefan Salej

Sunday 16 February 2020

DO GUEDISMO

DO GUEDISMO

Nas várias teorias de sucesso de políticos, existe  uma simples: onde não tem pão, todos brigam. Por pão. E por mais que analisarmos o primeiro ano do governo Bolsonaro, que tem um núcleo econômico guedista, chegamos a divergências quase insuperáveis em avaliações sobre se estamos bem ou não. Não estamos falando de meio copo cheio ou meio copo vazio. Estamos falando de quem tem o copo e quem não tem o copo. 

Uma mínima parcela da população, que tem dinheiro investido na Bovespa, que pertence aos mercados financeiros, em resumo que tem capital e participa do processo de economia liberal do guedismo, está rindo de orelha a orelha. Os bancos brasileiros, que demitiram muita gente no ano passado, tiveram, com a queda dos juros, um lucro de fazer inveja a qualquer membro de Wall Street  ou da City londrina. Não tem banco mais lucrativo do que o brasileiro no mundo. E isso num país cuja Importante parcela da população não tem nem emprego e nem condições mínimas de vida.

Uma parte do agronegócio também foi muito beneficiada pelo mercado internacional. Basicamente não o produtor, mas a indústria e o complexo comercial exportador. O fazendeiro, veja por exemplo os cafeicultores, continua com preços aviltados e com dificuldades . 

Não há um sucesso econômico igual para todos, nem quando a economia vai muito bem. O lumpenempresariat, a classe media empresarial e com ela também a classe de pequenos empreendedores, continua sofrendo com o fenômeno econômico mais antigo do mundo: a renda do brasileiro, mesmo com medidas dos governos temporais, não está crescendo. Temos uma distribuição de renda com um mercado de super-ricos (inclusive maiores investidores no exterior) e a absoluta maioria da população sem capacidade de consumir. A classe média está desaparecendo e a classe D, aumentando. Os dados de dezembro de 2019, que deveria ser um mês excelente de vendas no comércio, mostraram isso. A eles se juntam os dados incríveis de aumento de endividamento da população. E os juros, que caíram no Banco Central, não caíram  no varejo para provocar aumento de consumo e não só a migração da poupança para a especulação.

Os empresários apoiaram, e continuam dizendo que é melhor o bolsonarismo do o que petismo (o qual também  atônitos apoiavam). Mas, isso não vai bastar para dinamizar o crescimento econômico. O nível de emprego está crescendo, mas longe de provocar mudança significativa no crescimento do país. A reforma da previdência foi feita, mas os resultados nas contas públicas vão demorar. E outras reformas estão num caldeirão de discussões que levam a crer que não se pode contar com elas para aumentar os investimentos, gerar mais empregos e mais renda. 

O guedismo, que é um núcleo duro do governo, muito mais duro do que o núcleo militar (que by the way lhe dá guarita, como deu a Delfim Netto no passado, sem saber de que se trata), está convencido que eles estão certos, e que todos os outros estão errados. Falam o que querem, têm toda a liberdade de fazer o que querem, mas será que o modelo proposto gerou e vai gerar resultados, além da baixa inflação, que também esta cambaleando, que o país precisa? É impressionante a certeza  que o guedismo tem de que o que está fazendo está certo.

As ações que estão em curso nessa área têm efeito profundo na economia e nas finanças do país. E como são todas legais, porém com transparência complexa, também são muito boas para um pequeno número de pessoas do mundo financeiro.
A agenda financeira está em curso como poucas vezes antes no Brasil. Provavelmente, há uma agenda de modernização ao nível terciário do governo na área econômica também em curso. Esta vai aparecendo ao pouco, mas não substitui a reforma de gestão do estado e nem e principalmente a tributária.

O guedismo não ganhou a eleição. O bolsonarismo, sim. Por quanto tempo a agenda guedista vai sobreviver no seio de bolsonarismo, sem apresentar os resultados que eleitorado considera de fato suficientes para re-eleger o chefe de novo, ninguém pode responder hoje. Numa ruptura, os que forem sair, não sairão com prejuízo pessoal. Nem profissional e nem financeiro. E uma eventual substituição não poderá ser  feita de uma pessoa, mas de troca completa do guedismo por um outro modelo que poderá dar certo. O custo político vai ficar para governo, e a conta, para o povo.

Saturday 1 February 2020

DO MUNDO DE 2020 DIFERENTE

DO MUNDO DE 2020 DIFERENTE


O que aconteceu neste janeiro de 2020, está difícil de explicar. Incêndios na Austrália, chuvas torrenciais no Brasil e na Ásia, são só parte da história. Três outros eventos estão  marcando a história deste século de forma indelével. O relacionamento do mundo com a China, incluindo a guerra comercial e a epidemia de corona vírus, é o primeiro. O Brexit, ou a saída do Reino Unido da União Europeia, é o segundo. Mas, não deixa de ser de menor importância o processo de impeachment do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os três juntos guiam as mudanças globais que vão afetar Brasil, independentemente de nossa atenção maior ou menor com o que acontece.

Os Estados Unidos concluíram dois acordos comerciais neste janeiro. Com a China, que prejudica enormemente as exportações brasileiras de produtos agrícolas (aliás, fora do minério de ferro, as únicas exportações que temos para lá) e reorganiza parcialmente as relações entre as duas superpotências. E outro acordo  reestruturado após 25 anos, com o México e o Canada, que se chamava NAFTA. Os dois acordos trazem um pouco de calma no comércio internacional, mas não indicam uma clara tendência de volta ao comércio global como base de sustentação do comércio e do desenvolvimento da economia mundial. São antes de mais nada uma vitória política do Presidente dos Estados Unidos, que insiste que as regras do comércio mundial têm que aparentemente beneficiar e não prejudicar os Estados Unidos. Como se até agora fosse diferente.

Na relação China-Estados Unidos, as complexidades continuam. De fato, o modelo econômico norte americano é de aliança industrial com China e também acesso a um mercado quatro vezes maior  do que o dos próprios Estados Unidos. Estados Unidos e China cresceram até agora porque a aliança que havia sido feita funcionou. Os Estados Unidos,  derrotados  militarmente várias vezes pela República  Popular da China, se beneficiaram com essa associação. Mas parece que subestimaram a capacidade da China de aproveitar da situação para se tornar a segunda maior economia do planeta e uma séria ameaça aos Estados Unidos, inclusive no campo militar.

E aí aparece o corona vírus. Do ponto de vista epidemiológico, nada de muito novo. Tivemos no século passado a gripe espanhola, mais recentemente a febre amarela, ebola, gripe comum, tuberculose, AIDS, SARS, gripe suína, zica e mais alguma coisa. O fato é que o corona vírus está fechando fronteiras econômicas que ainda não havíamos visto. E afetando diretamente a segunda maior economia do mundo, a chinesa. E se não bastasse no ano passado a peste suína na China, que aliás nos beneficiou muito em exportações de carne, o corona vírus não esta limitado à China, mas está se espalhando pelo mundo afora.

O cínico Trump disse que isso é muito bom porque agora as fábricas vão ficar nos Estados Unidos. O fato é que de repente a China ficou isolada por terra, ar e mar. O governo chinês vai conseguir controlar a situação, apesar do desconhecimento científico do que está acontecendo. A ditadura do proletariado pode ter neste momento essa vantagem no combate ao vírus. Mas o contágio já esta em curso e não sabemos a sua extensão. E só falta a notícia que mata tudo, de que o vírus se espalha também com certo tipo de produtos.

A saída do Reino Unido da União Europeia é uma mudança na geopolítica mundial. A Europa fica enfraquecida, o Reino Unido menor sem a Europa, e os grandes como os Estados Unidos, Russia e China, maiores, com a Europa menor.

Last but not the least, está o processo de impeachment do Trump. Ele está salvo, mas a democracia, não. Ele recebeu, e com ele todos os presidentes eleitos, certificado de que não há limites no executivo para se manter no poder. Eleito, pode tudo. O balanço do poder morreu. O sistema democrático que tinha como base um equilíbrio mutável dos poderes, mudou. E se muda nos Estados Unidos, muda no mundo inteiro.

Assim, o mundo  está diferente. Sem falar em mudanças tecnológicas.

Sunday 5 January 2020

DE EXPORTAR MAIS E IMPORTAR MAIS

DE EXPORTAR MAIS E IMPORTAR MAIS

Qualquer análise isenta do comércio mundial indica que o saldo da balança comercial brasileira do ano passado, de 46.6 bilhões de dólares, é digno de aplauso. Independentemente do fato de ser menor do que em 2018 em 58 bilhões de dólares, ainda é um número respeitável. Mesmo o Brasil participando pouco do comércio mundial, 1 %, e nossas importações representarem pouco no PIB, são números expressivos. Mas, o que importa mesmo é de um lado a perspectiva para os próximos anos e de outro lado o balanço de pagamentos e reservas cambiais.

Os dados finais do balanço de pagamentos ainda não foram divulgados, apenas o referente a novembro de 2019. Indicam um déficit de 51 bilhões de dólares. Somos deficitários na área de serviços e viagens e pesam muito remessas de lucros, juros, aluguel de equipamentos e, em menor escala, transportes. Por outro lado, houve um ingresso de capitais estrangeiros de 69,1  bilhões de dólares. E, para concluir os dados, nossas reservas internacionais foram de 366.4 bilhões de dólares. A essas reservas podem-se somar outros 500 bilhões de dólares das pessoas físicas que os brasileiros levaram para investir fora do país e que não fazem parte das reservas oficiais.

Ainda há a dívida externa. O Brasil devia em fevereiro de 2019, 319 bilhões , mas a grande divida não é do governo brasileiro, e sim do setor privado que, aproveitando os  juros baixos e o câmbio estável, se endividou no mercado internacional. Por alguns cálculos, que podem nāo ser exatos, esta dívida ultrapassa os 500 bilhões de dólares.

O governo e o Banco Central, mesmo com deslize nas estatísticas do comércio exterior em novembro, “esquecendo” de somar  alguns bilhões de dólares na conta de exportações, pode-se dizer que tem dados, informações e técnicos confiáveis. Ou seja, temos tudo o que quem sabe escrever pode fazer. Agora, a leitura desses dados para os próximos anos é bem diversa. Para começar, comércio e relações econômicas internacionais não são um assunto nem de curto prazo e nem para ignorar que elas não se chamam à toa internacionais. Os fatores externos são determinantes nessas relações. É o mundo que determina as condições como você se move nessa esfera e não você.

A euforia de que tudo está maravilhoso deve ser urgentemente substituída pela racionalidade e visão de longo prazo do mundo em que vivemos e com o qual nos relacionamos.

A politica externa, seja ela diplomacia presidencial, ou exercida pelo Itamaraty e outros atores, deve ter em vista os resultados nas nossas contas externas. Essas contas dependem do aumento de exportações, de acordos internacionais implementados e de investimentos estrangeiros. No ano passado, a volatilidade na nossa política externa, sejam nossas posições em relação ao meio ambiente, Oriente Médio, relações com China e Estados Unidos ou as relações com Argentina, se sobrepuseram à vitoriosa negociação com a União Europeia. Sem falar da Venezuela.

O nosso aumento de exportações esbarra num problema simples: exportar o que para quem. Nossa base produtiva, mesmo Agro Pop tão cantado aos quatro ventos como grande sucesso, é fraca e ninguém responde se podemos exportar por exemplo este ano 224 bilhões, como no ano passado, ou 250 bilhões. No ano passado, se a desgraça não atingisse com a crise de carne a China, de quanto teria sido a nossa exportação? Sem dúvida, bem menor. Como exemplo, São Paulo não possui um plano de exportações  paulistas nem para este e muito menos para os próximos anos. O governo paulista abriu escritórios na China e nos Emirados Árabes, mas para trazer investimentos e não para aumentar as exportações. Então, imagine no resto do país.

A propagada de abertura do país, que quer dizer mais importações, só terá sustentabilidade se tivermos dólares para pagar. É o  caso de viagens internacionais. Brasileiro só viaja ao exterior porque compra dólares livremente. E de onde vem o dólar mais sustentável para a economia? Das exportações.

E para exportar precisamos ser competitivos, o que não nos leva só à questão do chamado custo Brasil, câmbio, reformas, educação, mas principalmente ao atraso tecnológico que o país vive. E também quem são os exportadores, com que produtos, para que países.

Não se pode baixar a guarda e nem se comportar de forma amadorística, nem com euforia. Está mais do que na hora de aceitarmos como premissa básica que sem exportações não há estabilidade  monetária do país.