As contas não fecham. Ou seja, os aumentos que estão sendo discutidos na Assembleia de Minas, inicialmente com a proposta do Governador Zema para os policiais e posteriormente adicionando outros setores, não fecham as contas de Minas. O Estado, já inviável pelo seu passado fiscal, sem nenhuma perspectiva de melhoria de sua economia, aumenta ainda o seu déficit fiscal além de qualquer limite sustentável.
Como o Governador permitiu que isso aconteça, só ele sabe. Por que seus secretários e políticos que o acompanham no governo concordaram com a loucura, só eles sabem. Ou não sabem. Só ele sabe porque cedeu à pressão dos policiais e só ele sabe porque permitiu que essa reivindicação virasse bola de neve. O fato é que da bola de neve estamos abaixo de uma avalanche fiscal e financeira que torna o Estado inviável. Inviável para as atividades econômicas, e inviável para o cidadão sequer poder viver. O Estado, que já cumpre seu papel com deficiência, não tem condição de cumprir mais nada.
Comecemos com a área de segurança. Não é a primeira vez que os policias mineiros se revoltam. Já tivemos greves, intervenção do exército e politização das reivindicações, até justas. A Polícia Militar de Minas, que era um exemplo de profissionalização, tornou-se nos últimos vinte anos um exemplo de inversão de hierarquia. Quem manda são os cabos e sargentos, que se transformaram em líderes políticos, e não os oficiais. A tropa obedece aos primeiros e não aos segundos. E não reconhece que é uma massa de manobra de oportunistas que enriquecem às custas de migalhas para a tropa. Eles hoje representam uma facção ou fração política mais poderosa do que a maioria do eleitorado. E no seu conjunto se negam discutir o seu papel na sociedade, inclusive nos privilégios que mantem a oficialidade em relação a outros setores da sociedade. Resumindo, uma situação caótica e perigosa em todos os sentidos, sejam políticos ou econômicos.
Nesse caos que se criou com a discussão sobre o aumento das polícias, as soluções que estão aí na mesa não são soluções para a sociedade como um todo. O Governador, que foi o estopim do caos, que ainda pode ter revoltas dos policiais como estamos vendo no Ceará, não é hoje a liderança que leva a uma solução. E mais: os tecnocratas que o acompanham também não deram nenhuma solução para o caso. Os políticos estão esperando que tudo estoure para ocupar o espaço que esta ficando cada vez mais contaminado. Ainda há de se perguntar por que outros atores políticos estão esperando a bomba estourar. Notadamente o Tribunal de Contas do Estado, as cabeças brancas de judiciário, e os empresários. É impossível acreditar que os empresários podem concordar com esse caos, sabendo que a conta vai ficar para eles.
Alguma solução terá que aparecer. Um governador que, eleito com 70 % dos votos, após um ano cria um caos dessa natureza, devia no mínimo ter o bom senso de tirar licença e permitir que entrem outros atores que resolvam a questão. Aliás, se ele tivesse bom senso não só não teria feito o que fez, mas ia embora porque ele não tem liderança para resolver esse caos.
Minas nunca viveu uma crise institucional tão grave. Tão sem perspectiva para ser resolvida. De tão profunda divisão entre os interesses e visões de como gerir o Estado. O orgulho de Minas ter os políticos de primeira grandeza do país, patriotas e devotos brasileiros, foi para o brejo. A liderança que devia ter surgido na última eleição ainda levou o estado para pior. Espera-se que surjam lideranças da sociedade civil e mesmo políticas que cortem esse no górdio, porque desamarrá-lo é totalmente impossível.
Stefan Salej
Ousado mas muito bom
ReplyDeleteConcordo 100℅
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