Powered By Blogger

Sunday 27 December 2015

DE BELÉM E DO ORIENTE MEDIO

DE BELÉM  E DO ORIENTE MEDIO
Quem já visitou Jerusalém foi tocado por um espirito místico  inexplicável. Há um misticismo que se confunde com a história, que nenhum lugar no mundo, e em especial para os católicos, tem. Foi assim que o jornalista J.D.Vital descreveu sua experiência de visitar a Terra Santa. Mas descreveu também a visão que teve de como convivem, ou não, árabes e judeus, no único estado democrático da região. Israel, cercado por 33 estados árabes e mais com uma população árabe significativa, é o retrato do próprio Oriente Médio. Por todos os lados paira a história da humanidade, com os tesouros da nossa existência, na verdade, a história da humanidade.
Mas foi o Oriente Médio que moldou neste ano a política internacional. De um lado, a reorganização da política egípcia, onde morreu de forma mais visível a chamada Primavera árabe e o processo de queda de ditadores para o estabelecimento de democracias representativas na região, de outro a consolidação da democracia tunisiana, e em especial, o acordo nuclear que fizeram os cinco gigantes da política internacional com o Irã, mesmo com isso colocando a espada nuclear de Demóstenes acima da cabeça de Israel.
Seja como for, os maiores conflitos do mundo hoje processam-se naquela região. O caos que domina por exemplo na Líbia, sem falar no Iraque, Iêmen, é para nós ocidentais, simplesmente incompreensível. Houve por outro lado um avanço, segundo os nossos olhos, na Arábia Saudita, com um novo rei, onde mulheres votaram e foram votadas primeira vez na história. Mas, em termos gerais, além da queda dos preços do petróleo, que abalou algumas economias da região de forma bem forte, podemos dizer que o Oriente Médio  é  caótico e difícil para entendermos o que se passa por lá.
A face mais visível da violência é o conflito na Síria. Milhões de refugiados que entraram na Europa, mais de um milhão neste ano, fugindo da guerra da qual participam hoje não só os países europeus mas ainda os Estados Unidos e a Rússia. Mas, a solução não está  á vista, como também não está  no Afeganistão, após 15 anos de intervenção norte-americana.
Nada disso se compara à expansão do chamado Estado Islâmico.  A brutalidade de um lado, e de outro lado o uso das mais avançadas tecnologias para conquistar territórios e expandir as fronteiras de terror, é um exemplo de como o ocidente não sabe lidar com o Oriente Médio, e de que o conflito de lá nada tem de regional. Afeta o mundo inteiro. E muito mais do que estamos percebendo. Lá, as convicções religiosas e as lutas pelos territórios duram séculos e nada indica que terminaram. E qualquer arma, como o esfaqueamento dos judeus  em Jerusalém, é usada. Não precisa de bomba nuclear para matar. Se quisermos ter paz no mundo, vamos ter que celebrar primeiro a paz no Oriente Médio.
Stefan Salej

Thursday 17 December 2015

DE REBAIXAMENTO E REBAIXAMENTO

DE REBAIXAMENTO  E REBAIXAMENTO
Quem se surpreendeu com a rebaixa da nota de avaliação da agência Fitsch não deve entender nada de finanças e de mercado. Absolutamente nenhuma surpresa para o chamado mercado. E também não deve ter sido para os funcionários de carreira do Ministério da Fazenda ou do Banco Central do Brasil. A apresentação da nota, que a absoluta maioria dos editores de economia não leu em detalhes, nada a ver com a expressão que estão usando, de que o Brasil passou a ser um mau pagador. A avaliação das agencias como S&P, Fitch, Moody ( está, a próxima que deve rebaixar a nota a ser dada ao desempenho econômico financeiro do Brasil) refere-se às  condições que economia está passando e ao seu futuro.
Essa avaliação  nada  tem que ver com os atrasos de pagamentos que Brasil tem nas agências internacionais, como Nações Unidas, dos alugueis das entidades públicas brasileiras no exterior e dos seus funcionários,  e nem com a eventual falta de pagamento das obrigações no exterior de empresas brasileiras por falta de boa gestão ou falta de caixa mesmo. Em resumo: está se vendendo na imprensa tupiniquim algo que ainda não existe, mas que pode ser que vá acontecer.  As agências chamam-se de avaliação de risco, e aí, que como se diz no interior que a porca torce o rabo
A deterioração das finanças públicas e da economia nacional está a olhos vista para todo lado. Não precisa ser especialista, é só ir à padaria na esquina e perguntar se vendeu este mês mais pão com manteiga do que no mês passado, e você vai ver o que acontece. A queda da produção industrial no país como um todo, e em Minas, em quase 16 %,  já diz tudo. É essa situação que está  levando ao receio de que o país pode vir a deixar de ter capacidade para cumprir seus compromissos externos no futuro, apesar de o tempo todo se vangloriar de uma invejável reserva em moeda estrangeira. Mas ela está como o dinheiro na poupança na Caixa, que existe , mas você não sabe onde e como foi aplicado. Por isso o Bernardo, filho de um amigo meu, foi lá e pediu para mostrarem o dinheiro para ele. Para ver se existe mesmo.
Na situação política atual,  com o desarranjo da economia e das finanças públicas, nos ainda vamos ter muita rebaixas. Dois anos de crise ainda não levaram  a solução alguma. E a queda do PIB neste ano apagou uns quatro estados do Nordeste do nosso ativo econômico. Lamentavelmente, a transição política, de um modelo que faliu para um modelo de sociedade cuja base é a inovação, produção e competitvidade, ainda vai ter muitas rebaixas, até voltar a crescer.

Monday 14 December 2015

DE LIMĀO A LIMONADA: MEIO AMBIENTE

DE LIMĀO A LIMONADA: MEIO AMBIENTE
Provavelmente, se o seu prefeito não foi, como o de Mariana, a Paris nestas duas últimas semanas, para assistir à Conferencia das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, você não deve ter acompanhado muito o que aconteceu por lá. Mas, o fato é que a conclusão da Conferência, chamada COP 21, que superou as expectativas  e concluiu bem, inclusive com a fundamental cooperação brasileira, vai afeta-lo em muito e, em especial, as próximas gerações.
Além de grandes temas, como reduzir a emissão de gases  na atmosfera, reduzir o incontrolável crescimento da temperatura, que está afetando o clima de forma inesperada, e o financiamento para os países mais pobres se ajustarem aos novos paradigmas de meio ambiente, ou seja de mudanças climáticas, há também ações que são mais facilmente compreensíveis para o cidadão comum. E mais: as pessoas se beneficiam mais e mais depressa dessas ações.
Além dos 156 governos que participaram da COP 21, houve um encontro de  autoridades locais organizado pelo ex-prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg. É aí que se discutiu mais uma vez como fazer dos desafios do meio  ambiente oportunidades de desenvolvimento. Nada de novo, já que existia a Agenda 21, que muitos prefeitos adotaram e logo esqueceram. Se incluirmos o cuidado com a água e as florestas nesses programas de preservação do meio-ambiente, podemos  ter de fato uma área nova de desenvolvimento dentro dos municípios.
E quais são os capítulos que, no nível local, além de uma legislação municipal não restritiva mas progressista, podem ajudar a desenvolver mais em vez de atrasar mais. Primeiro, deve ser tomada uma decisão estratégica pelos políticos regionais que querem o desenvolvimento sustentável. Dois, já nas próximas eleições há que apresentar ações concretas para a área. Três, fazer dos órgãos da prefeitura um exemplo de economia sustentável. Não é só introduzir a coleta de lixo e fazer mudança de empreiteiro de iluminação pública, mas implementar um programa de tratamento de lixo, que comece com a separação, já nas casas, usinas de tratamento, que podem gerar energia. Na área de iluminação pública, que hoje é de responsabilidade das prefeituras, deve-se mudar o sistema, não só por questão econômica, mas por ser melhor para o meio ambiente. Assim, aparecem sinais claros de mudança. Faça da sua cidade a cidade mais sustentável do planeta, que assim vai atrair novos investidores, e melhorar a qualidade da vida e trazer desenvolvimento.
Faça do limão limonada. Você pode.

Friday 11 December 2015

DAS ÁGUAS E FLORESTAS EM PARIS

DAS ÁGUAS E FLORESTAS EM PARIS

Apesar de os olhos do mundo estarem focados na declaração final da Conferencia de Nações Unidas para a Mudança de Clima, COP 21, não foi este o evento mais importante na Franca nesta semana. Foi a vitória da extrema direita nas eleições estaduais, que reforçou a candidatura da Presidente da Frente Nacional, Marie Le Pen, para as próximas eleições presidenciais francesas. Mas, esse fato doméstico, vamos dizer assim, em nada diminui a importância da declaração  final da conferencia sobre o clima, ou eventos paralelos à conferência.

Aliás, dos eventos paralelos, sendo que nos oficiais participaram 195 países, o mais importante foi o organizado pelo ex-prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, que reuniu prefeitos de cidades importantes do mundo. Inclusive vieram os  chineses, que nesta semana não conseguiram nem respirar na sua capital, Beijing, de tão ruim que estava a qualidade do ar. E Bloomberg insiste que as prefeituras têm seu papel a cumprir. Antigamente existia a Agenda 21, que muitas prefeituras adotavam junto com a comunidade empresarial. Mas, hoje os planos são confusos e há muita gente envolvida sem ações com resultados correspondentes.

Independentemente dos resultados diplomáticos da Conferência em Paris, há de fato um trabalho a ser feito na área de mudanças climáticas no nível das empresas, o caso clamoroso agora é o da Samarco, das entidades empresariais e dos gestores locais, ou seja das prefeituras. Não consta em lugar algum que alguma prefeitura em Minas se gabe de dizer que cumpre com todos os níveis de sustentabilidade e que as empresas no município são campeãs de sustentabilidade. O programa que a FIEMG fez para ajudar as empresas a elevarem seus níveis de sustentabilidade esbarra na burocracia governamental, que emperra em vez de acelerar o desenvolvimento sustentável. Os governos,  sejam estadual ou municipal, sem falar do federal, têm políticas  regulatórias dissociadas dos anseios de todos os segmentos da sociedade. Ninguém está satisfeito com o status quo.

O acordo de Paris tem  uma parte pouco discutida, que se refere à preservação de florestas tropicais. O mundo poluidor, liderado pela China e pelos Estados Unidos, prefere que nós preservemos as florestas para eles, em vez de eles diminuírem a poluição. Essa briga ainda vai ser longa.

Monday 7 December 2015

DA POLITICA EMPRESARIAL

DA POLÍTICA EMPRESARIAL

Em um  recente episódio de rusgas no meio de entidades empresariais, um político envolvido disse que sabia que o meio em que ele convive era sujo, mas que a política empresarial era tão suja assim, não sabia.

Bem, talvez a declaração fosse uma decepção da esperança de que a política nas entidades empresariais fosse vamos dizer mais transparente , menos pessoal e mais dedicada ao bem público.  Pode ser que a percepção pública de entidades empresariais serem menos abertas, aos olhos de população, sejam assim. Mas, como na política, também na área empresarial não dá para generalizar.

As mais recentes polêmicas sobre a gestão da Federação do Comércio de Minas Gerais de Minas, mostram que a justiça está atenta ao que acontece com os fundos arrecadadas pelas estas entidades que compõem o sistema chamado S, do qual faz parte também a área de agricultura e transportes, além do SEBRAE. Essas entidades vivem de recursos fiscais obrigatórios pagos pelas empresas. Ou seja, abatidas na folha de pagamento. Portanto, quanto mais funcionários, maior a arrecadação.  Esse sistema deve ter um orçamento conjunto em Minas superior a dois  bilhões de reais. Mas, ele sustenta com esses recursos também a rede de educação profissional, como o SENAR, SENAI , SENAT e SENAC, e serviços sociais como o SESI e o SESC.

Parte desse dinheiro arrecadado vai para as federações como de indústria, comércio, agricultura, transportes,  o que as faz fortes. E elas estão compostas por sindicatos dos empresários, dos quais a rede mais forte e maior é a de sindicatos rurais. É desse sistema que o governo quer reduzir 30%. É nesse sistema que a luta por cargos é a maior, porque é está o    dinheiro.

Do outro  lado, existe um sistema voluntário, centenário, independente do governo e da política, que é o das associações comerciais, empresariais, clube dos diretores lojistas e outro grêmios. Nas verdade, estes têm maior número de empresários e empresas associadas, maior ressonância de seus problemas, mas menos poder político porque têm menos recursos. E aí, como no caso de Federativas, que reúnem milhares de empresas, inclusive a centenária Associação Comercial de Belo Horizonte, onde o empresário participa porque quer e é ouvido porque participa.

Como o mundo, o Brasil estão mudando e também as entidades empresariais terão que se adaptar a essa mudança.  Devem passar a ser a voz da esperança e desejo de transformar o país em vez de cuidarem de seus dirigentes e de seus interesses. Claro que há exceções que confirmam a regra. Em especial, em Minas.


Saturday 5 December 2015

DO OFFSIDE E DO IMPEACHMENT

DO OFFSIDE E DO IMPEACHMENT

As duas palavras em inglês definem bem a nossa situação, para que os estrangeiros entendam  melhor  o país. Offside, ou hoje em dia chamado de impedimento, é relacionado ao futebol. E quem determina o fato é o bandeirinha, confirmado pelo juiz principal do match ou jogo. E em geral o jogador nessa posição, crente de que pode fazer gol, levanta as mãos em desespero, mostra algum dedo extra e xinga os dois juízes. Mas, nunca vi um juiz anular essa decisão. Portanto, de nada vale o xingatório, o decidido está decidido.

Assim ficou nesta semana de impedimentos, a história dos dirigentes brasileiros indiciados pela justiça dos Estados Unidos. Agora são três que estão processados por lá. Engraçado que ninguém foi processado por aqui, como se eles fizessem as travessuras deles em Marte e não no Brasil. Precisa a justiça do exterior mostrar a podridão que eles levaram até a FIFA e ajudaram fazer dela a grande lavanderia do esporte mais popular do mundo. E se não fosse a justiça  norte-americana, a situação continuaria como está ou não? Você decide.

O outro impedimento ou impeachment se refere à Presidente do Brasil. Como explicar o processo e suas consequências para os investidores estrangeiros e também para o público  global em geral. Não se trata de offside, mas de um processo difícil de entender e principalmente com consequências econômicas difíceis de prever. No final do ano, quando  as empresas estão fazendo suas previsões para os próximos anos, um processo político de mudança de governo em um regime presidencialista tem tudo para levar qualquer um a uma só previsão: pessimista.  Retranca. Ninguém na área empresarial, mesmo com consultores e especialistas cobrando milhões pelas previsões, pode prever o que vai acontecer. Pode acontecer tudo ou nada.

O pior disso tudo é a incerteza. Ou seja, quanto tempo vai durar a situação política e quanto tempo vai demorar a solução que possa levar a uma clareza econômica. Também ninguém sabe.

E nessa situação só se joga na retranca. Não chega sequer a offside, que é quando se chega perto do gol do adversário. E nem há tempo para terminar o match. É um jogo que o investidor não consegue entender e nem é jabuticaba. Só nós o temos.

Não custa nada lembrar que as duas personalidades envolvidas no offside e impeachment nasceram e cursaram escolas de Minas.

Sunday 29 November 2015

DA POLITICA E EMPRESARIOS

DA POLÍTICA E DOS EMPRESÁRIOS

Uma pergunta muito ouvida em andanças pelo interior de Minas e até na Capital é se o empresário deve ou não participar da vida política. Em resumo: o empresário deve se candidatar a cargos políticos? A pergunta é  muito pertinente em função não só da crise política que vivemos, mas principalmente em função das eleições municipais no próximo ano.

Os empresários sempre participaram e participam hoje da vida partidária e política do país. Não são só os casos mais famosos de Magalhaes Pinto, na época dono do Banco Nacional, do José Alencar, dono da Coteminas, ou hoje em dia Marcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte, investidor após a venda de suas empresas. Muitos dos prefeitos são empresários, e tanto a Assembleia Legislativa de Minas como a sua representação no Congresso está permeada de empresários. Tem sempre a bancada dos  ruralistas, da educação, dos transporte e mais e mais. Dos três senadores mineiros até  recentemente, dois eram líderes empresarias.

A experiência mostra que o primeiro entendimento que o empresário tem que ter quando entra para a política é que administração pública é  diferente da gestão empresarial. Empresa é empresa e governo é governo. E para ganhar a eleição é preciso mais do que entendimento de gestão empresarial, precisa saber que mudou de ramo. Pode ser que muitos conhecimentos serão úteis e validos na gestão pública, mas antes precisa ganhar a eleição. E ganhar só pode com o sistema partidário e político em vigor. Precisa de votos, ou em Minas mais especificamente precisa do voto de cada eleitor.

Na construção das alianças, em especial para as prefeituras, é fundamental também ter a maioria na Câmara dos vereadores. E na mudança de empresário para politico, tem que fazer a devida sucessão na empresa. Misturar o exercício de política com gestão empresarial e esperar benefícios próprios é uma mistura explosiva que não dá certo nem a curto e nem a longo prazo.

Mas, não é só com a ocupação de cargos políticos, seja por eleição ou indicação, que os empresários podem exercer a política. Essencialmente, fazendo proposições e colaborando com os políticos eleitos, seja por cobrança ou por sugestões,  pode-se participar muito. Em geral, os empresários financiam os políticos, reclamam da atuação, mas não cobram a sua atuação porque às vezes não tem nem propostas para eles. Quem sabe o caminho de uma maior participação comece aí.