A RENOVAÇÃO, INOVAÇÃO E MEDO DO FUTURO: IA
Aos 80 anos, faço uma rápida passagem pelas mudanças tecnológicas por que passei. Para começar, quando nasci, além de falta de comida, não conheci fralda como ela existe hoje. O supermercado foi inventado logo depois com o carrinho do Sr.Goldberg, que permite que você transporte as compras ao invés de carregar. E existe até hoje. Cinema, preto e branco, com troca de filme no meio. Telefone, coisa de rico. TV, com antena com bom bril, rodando para ver se pega, e, claro, preto e branco. E mais tantos outros itens que tivemos, como a régua de cálculo ou soroban japonesa. Máquina de escrever, que depois virou elétrica IBM, com esfera, e fax. Você mandava fax e ligava para ver se foi recebido. E telex com fita perfurada que um vendedor traíra na filial de São Paulo enrolava e jogava pela janela para o concorrente pegar.
Para cada coisa nova, sempre se falava, vai acabar com o que existe. A TV ia acabar com os jornais, a internet ia acabar com a TV, a telefonia celular ia acabar com o telefone fixo. Ou os aviões iam acabar com as ferrovias até que Phillip Kotler disse que as ferrovias têm que entender que estão no negócio de transporte e não de ferrovias. Lembro-me de aos 12 anos dirigir uma locomotiva a vapor, carregando o carvão, e o maquinista me perguntar se quando crescer ia querer ser maquinista.Vou querer ser engenheiro. Tudo o que vemos e pensamos que temos hoje tem que ter uma ambição, visão de futuro, senão o mundo para.
Quando apareceu a internet foi um Deus nos salve. Primeiro só os acadêmicos tinham e para chegar a outras atividades foi demorado. Só eles eram capazes de entender e com isso ter o privilegio da informação. E o medo dos computadores. E a mudança mesmo na telefonia fixa que eliminou o trabalho das telefonistas.
Uma das belas lições sobre desenvolvimento tecnológico me foi dada pelo meu filho, visitando a nossa fábrica de iluminação, onde tinha um processo bem rudimentar de polimento químico dos refletores. Daí, passamos para uma máquina com todos os cuidados com o meio ambiente, bem mais produtiva e comandado por computador. Xapolim, o funcionário que dominava o processo anterior com primazia e alegrava nossas festas tocando acordeão, ia ser dispensado porque a nova função exigia novas habilidades.E se alguém que toca acordeão pode aprender a tocar computador, disse meu filho. E Xapolim aprendeu a tocar computador.
As inovações trazem mudanças. Às vezes são complexas e difíceis de compreender, mas às vezes algo simples, como a adoção de contêineres no transporte, mudam todo um setor e mudam o mundo. Telefone celular, mudança absolutamente genial, mudou o mundo. Aliás, PC, tablets e vai e vai a lista cada vez maior.
O fundamental é estar preparado para absorver essas mudanças. Aprender, aprender e estudar. Método Xapolim. Você na vida só vai ver avanços porque, imagina, se não houvesse essas evoluções, que começaram com descoberta do fogo, ainda estaríamos lá atrás. Não existe essa de avó se desculpar, isso só meu neto sabe. Pior se os pais não derem conta da evolução tecnológica que atinge os filhos adolescentes.
Toda inovação traz em primeiro lugar medo. Faz parte da nossa vida termos medo e reagirmos a isso. Quando foi exigido cinto de segurança, vim da Europa que já usava, levei uma multa de tamanho de um bonde na Suíça porque não usei, e as pessoas no Brasil, me xingavam de doido, porque usava cinto de segurança e aí se o carro pegasse fogo eu não conseguiria sair do carro. E com medo reagimos com cautela até aprendermos que a novidade é melhor do que o passado.
Agora estamos com a Inteligência artificial e mais um monte de novidades na área de comunicação digital. Discussão absolutamente necessária, mas vamos aprender mais e usar bem. Às vezes inovações também não pegam no primeiro chute. Muitas delas acabam se mostrando ineficazes, mas são necessárias para que vivamos melhor. E que mais gente viva melhor, com mais felicidade.
Adote então o lema do Xapolim, estude e aproveite a vida.