DO SENHOR MOSQUITO
Como tudo mundo sabe, temos todo ano carnaval, um monte de feriados religiosos, dia da República, e quatro estações: primavera, verão, outono e inverno. E assim, no inverno temos frio e gripe. Todo ano. E no verão temos calor e que o mais? A visita do ilustre aedes aegypti, mosquito da dengue. Que às vezes fica acompanhado pelo primos Zika, febre amarela, chinkungunya, e até febre do oroupuche, que teve 1.600 casos este ano só, na Amazônia.
E a dengue este ano, surpresa para todos no setor de saúde pública, já infectou mais de 1 milhão de pessoas das quais 258 pessoas morreram sendo que ainda 651 óbitos estão sendo investigados. Os números são assustadores se comparados com números dos anos passados.
Foi declarado dia D, de combate a dengue, equipes de saúde pública estão entrando nas casas para achar os ninhos do mosquito, e orientando as pessoas. Começou a vacinação no SUS e como se diz no popular, todas as medidas foram tomadas para que o efeito da epidemia da dengue e seus primos como a do COVID, que voltou, seja menor possível.
Com todo respeito ao pessoal de saúde pública no Brasil, que tem atuações notáveis, a pergunta é, ninguém sabia que esse mosquito estava se propagando tanto e com tanta rapidez? Foram surpreendidos pelo tamanho de desastre? Aí a pergunta vale para os municípios e estados. Aliás, a maior festa do senhor mosquito está tendo no Distrito Federal, lugar de maior renda do país. Os efeitos desta epidemia, e faz só quatro anos que começou a do COVID, que também voltou, tem impacto nas atividades econômicas. Fábricas com produção reduzida por falta de mão de obra doente.
Também cabe a pergunta, por que não desenvolvemos ainda a vacina, se somos um dos países mais atingidos por esta doença. A vacina hoje aplicada é importada do Japão, e uma mínima quantidade vem da produção nacional. O país, que há mais de cem anos enfrentou a doença de Chagas, febre amarela e pólio, tem toda a capacidade técnica de produzir vacina. Só para lembrar, antes de a vacina estar disponível no SUS, uma dose em clínica particular em Belo Horizonte custava 390 reais. Duas doses, 780, coisa de rico.
Também cabe perguntar por que continuamos importando pneu usado e não temos um sistema de reciclagem dos pneus, que representam uma boa parcela dos lugares de maior propagação do mosquito. E porque não fazemos um programa de reciclagem desses pneus, até estimulando as pessoas a entregarem o pneu velho mediante pagamento de cem reais. E pneus podem ser reciclados para servir de combustível na indústria cimenteira ou produção de asfalto.
E os lixões e coleta de lixo? Todos falamos muito de meio ambiente preocupados com a Amazônia e as mudanças climáticas. Mas, onsimples dever de casa, que é a reciclagem de lixo, está no Brasil com os mesmos oligopólios das empresas que coletam lixo e algumas cooperativas, atrasados em dezenas de anos. Muita conversa e pouca ação.
E o resultado está aí, todo ano piorando. Os políticos em Brasília e órgãos do governo responsáveis pelas áreas, vivem num mundo próprio, veja também o caso do afundamento de bairros em Maceió, e estão deixando o país ser dominado simplesmente por um mero mosquito.
Bogdan Šalej
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