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Thursday, 17 October 2024

DO TUNEL SEM LUZ NO FIM: DESASTRES NATURAIS E CRISE DE CONCESSSŌES

 DO JOGA PEDRA NA GENY

 

O caos provocado pela tempestade e falta de energia na cidade de São Paulo é simplesmente inacreditável. A cidade está parada. E no meio do segundo turno das eleições municipais, todos acharam um culpado: a concessionária de energia. É impressionante o caos verbal sobre a responsabilidade do desastre.

O caso de São Paulo levanta problema das concessões de serviços públicos. No caso específico, a concessionária é uma empresa estatal italiana. Tendo assumido a concessão em São Paulo em 2018, fatura hoje mais de 45 bilhões de reais, com atuação também no Rio e Ceará. Possui um pouco mais de 8 mil funcionários diretos e mais de 38 mil terceirizados. Quem tem um mínimo de conhecimento do setor sabe que esse nível de terceirização reduz a qualidade dos serviços, o que leva ao desastre que São Paulo está passando.

A questão que se coloca é, se temos uma concessionária apresentada ao Presidente da República em presença do Presidente e da Primeira-Ministra da Itália, a qual diz no seu site que é leading company in Italy’s geopoliticso que de fato podemos esperar dessa empresa no atendimento aos consumidores no Brasil? A ENEL declara que são três os pilares do seu desenvolvimento: lucratividade, eficiência com máximo de caixa e sustentabilidade financeira e ambiental. E pagandodividendos de 8 % ao ano. E os investimentos no mundo diminuíram no ano passado 11.4 %, sendo que a promessa deaumentar investimentos nos próximos três anos no Brasil é de 47 %, de 2.5 bilhões de dólares nos últimos, anos para 3.7 bilhões nos próximos três anos. Ou seja, não investiram o suficiente no passado, e o que prometem não é suficiente para futuro.

 

Em resumo, com caos entre entidades federais para controlar a concessão e a incapacidade do atual prefeito para gerenciar essa relação, o consumidor é sujeito a um serviço determinado pelos objetivos exclusivamente financeiros da empresa. É claro que a empresa investe para ter a remuneração pelo seu capital. Mas, essas concessões, o da ENEL é exemplar, mostram que há algo podre no reino das concessões. Além da incompetência intencional, porque setor elétrico brasileiro foi bem estruturado há dezenas de anos atrás, politicamente estamos entregando as empresas estatais brasileiras a estatais estrangeiras cujo poder político no Brasil é muito maior do que pensamos. Estou esperando para ver quem vai enfrentar governo italiano para tirar ENEL de São Paulo. Alem do claro, se tirar, fazer o quê. O caso de São Paulo não é únicoele se repete em vários outros setores e pelo Brasil afora. Rever isso não seria insegurança jurídica, mas, ao contrário colocar ordem no galinheiro.

 

 As concessões no Brasil são uma gangorra, vai e vem, as empresas que vem raramente ficam por dezenas de anos. As condições mudam, políticas tarifárias são populistas, interesses pessoais se sobrepõe aos interesses públicos.E nas últimas décadas mal analisam quem é com que recursos compra a concessão.E vem o clássico: pagar juros altos, tem que espremer os custos, terceiriza e manda embora as pessoas que conhecem o trabalho e não investe. E as entes que controlam, não controlam nada.


Convivi com Gov.Antonio Carlos Magalhães que quando vendeu Coelba, em seguida enquadrou os novos donos, espanhóis, que fizeram como foi descrito inclusive ameaçando intervir na empresa. No Rio os franceses saíram da Light por pura incompetência. AES fez na Cemig de gato e sapato deixando Itamar Franco apavorado e sob pressão do governo federal e dos norte americanos.


A falta de coordenação, atual prefeito e seu staff  não se falam com diretores de Enel,e caos em São Paulo, já segundo em pouco tempo, tem enormes efeitos econômicos. Ninguém ousa fazer esse cálculo e as pessoas estão com medo o que possa acontecer para frente.


Mas também pode ter um desfecho politico, no mínimo paradoxal. Se esse evento mudar o humor de eleitor paulista e Boulos ganha, que quer matar entre outros Enel, como fica a situação? 


Na semana passada esteve no Brasil, e claro na Fiesp, Ministro de Relações exteriores da Itália, influente Trajano, ultra direita. Foi embora antes de acabar luz e claro cuidou de interesses econômicos italianos no Brasil. TIM, Stelanfis, Pirelli, Ferrero Rocher etc.etc. Acordo UE Mercosul. 


O fato é que enquanto o lado brasileiro não se organizar e saber o que quer desta e outras concessionárias, a economia é cidadão vão sofrer.E não adianta jogar pedra.


Stefan Salej

15.10.2024.


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Friday, 11 October 2024

DA GUERRA E GUERRA

 DA GUERRA E GUERRA

 

Assasinatos, estupros, mutilações, sequestros, crianças, jovens, adultos, idosos, sem restrição, civis e militares, perpetrados há exatamente um ano pelo grupo terrorista Hamas em Israel, provocaram um conflito cujo fim não está à vista. É absolutamente surpreendente que Israel, com os melhores serviços de inteligência e forças armadas, não tenha detectado ataque dos terroristas e tenha subestimado a sua força militar. Eo desastre humanitário iniciado pelo Hamas, que domina a Faixa de Gaza, continua cada vez mais intenso, expandindo-se para Líbano, onde outra força terrorista islâmica, o Hezbollah,domina a política, o estado e o território de onde ataca diariamente Israel.

As origens desse conflito sangrento estão na divisão de Oriente Medio  após a Primeira Guerra Mundial, com a queda doImpério Otomano. Essa divisão artificial dividiu povos, religiões, nações  e criou estados artificiais. E a criação de Israel em 1948, em que o Brasil teve na votação na ONU um papel importante, ao reconhecer o direito do povo judeu a ter seu próprio estado, também não resolveu a questão dos palestinos.Mas, já durante Segunda Guerra Mundial, o Mufti de Jerusalém, líder muçulmano na então Palestina, se uniu a Hitler para dizimar os judeus. E desde a sua fundação o Estado de Israel sofreu inúmeros ataques.

O conflito de hoje ultrapassa as fronteiras de Israel, que tem todo o direito de se defender de grupos como o Hamas, que querem a destruição de Israel e morte de todos os judeus. O extremismo árabe, alimentado por potências regionais com infinitos recursos em armas e dinheiro, alimenta também umextremismo que vai além da luta para sobrevivência, do lado do Israel. É luta de um estado democrático mas dominado por extremistas contra um grupo terrorista religioso. É difícil achar diálogo quando não os povos, mas seus dirigentes políticos,sobrevivem de conflito e não de paz.

conflito hoje envolve proxies do Irã, que querem destruir Israel, e alimenta vários grupos terroristas. A instabilidade no Oriente Médio afeta  os preços de petróleo, as rotas de comércio, ou seja a economia mundial. As grandes potências estão envolvidas e os políticos estão divididos. É tema da eleiçãonorte-americana. O Presidente francês Mácron exige a proibição de venda de armas a Israel, mas ninguém by the way jamais disse onde os terroristas do Hamas obtém dinheiro e armas, mas Primeiro Ministro da França disse que apoio a Israel e sua sobrevivência estão fora de debate.

O anti-semitismo cresceu de forma assustadora. Ser judeu no mundo hoje , e maioria quer paz, é difícil. O conflito só será resolvido por meios de negociação de uma paz em que Israel esteja em segurança, e palestinos tenham a sua sobrevivência assegurada. Ou seja a solução de dois estados. Shalom.

 

Friday, 27 September 2024

SEPTEMBR IN NEW YORK, UN

 SEPTEMBER IN NEW YORK: UN


Every year is the same in September in New York: there is a General Assembly of the United Nations, Brazil is the first speaker and for this accompanied by the President of the Republic not only those in the branch, that is, diplomats, but an endless number of ministers, advisors and a significant number of parliamentarians, also with advisors, and more all those who have a chance to be there, with moreoless English, to do year-end shopping and spend without paying taxes.


This has nothing to do with the political importance of the event, because the event is important. In a way, the Brazilian discourse sets the tone for the debates. This year was a clear speech about how the world is not well, with climate change knocking on everyone's door and three conflicts, Ukraine, the Middle East and Sudan, with no prospect of a solution in sight. And Brazil's questioning about the effectiveness of multilateralism to resolve these conflicts is real and at the same time frightening.


This UN directed by the Portuguese Gutterez really doesn't solve anything. Clumsy statements, actions that do not solve armed conflicts or disarm others, demoralization of the blue helmets and there goes the list, far from being short. But, is all this the fault only of the UN executives or the member countries, especially the permanent members of the most important political body, which is the Security Council? A little of each, but undoubtedly of the members of the CS, with the right to veto. In the world there is a lack of leaders who want peace and there are those who have adopted the doctrine that armed conflict brings them more benefits. Simple as that. And with Gutterez's weak leadership, maybe he was put there precisely for that, things only get worse.


Putting the entire organization in the laundry basket, which has already played an important role and still has it and works well in specific areas, such as health, development, human rights, is not fair. But it is also not fair that the organization is not renewed, either in the Security Council or in other bodies. Or will we need another war like the last world war to create a forum for conflict resolution. There are numerous regional forums, but there are also the BRICS, that is, the search for entities that through geographical and even ideological diversity seek a channel of dialogue. But nothing replaces the old, worn and now almost inoperative UN. So yes, it's right, Brazil pronounces and says in a good tone and loud and haughty voice, the situation is serious, let's work on solutions. And it is not right to take away the legitimacy of Brazil to express itself in the UN and by the UN, if some internal issues, even in the field of the environment, are not resolved. One thing is one thing, another is another.

DE SETEMBRO EM NOVA IORQUE:O N U

 DE SETEMBRO EM NOVA IORQUE: ONU

 

Todo ano é igual em setembro em Nova Iorque: tem Assembleia Geral das Nações Unidas, Brasil é primeiro orador e para isso acompanham o Presidente da República não só os do ramo, ou seja, diplomatas, mas um sem-fim de ministros, assessores e uma quantidade significativa de parlamentares, também com assessores, e mais todos os que têm  chance de estar lá, com moreolesss de inglês,para fazer compras de fim de ano e passar sem pagar impostos.

Isso nada tem que ver com a importância política do evento, porque o evento é sim importante. De certa maneira, o discurso brasileiro dá o tom aos debates. Este ano foi um discurso claro sobre como o mundo não está bem, com mudanças climáticas batendo à porta de todo mundo e de três conflitos, Ucrânia, Oriente Médio e Sudão, sem perspectiva de solução à vista. E o questionamento do Brasil sobre a eficácia do multilateralismo para resolver esses conflitos é real e ao mesmo assustador. 

Essa ONU dirigida pelo português Gutterez realmente não resolve nada. Declarações desastradas, ações que não solucionam os conflitos armados nemdesarmam os outros, desmoralização dos capacetes azuis e vai aí a lista, longe de ser curta. Mas, a culpa disso tudo é só dos executivos da ONU ou dos países membros, em especial os membros permanentes do órgão político mais importante,que é Conselho de Seguraça? Um pouco de cada, mas sem dúvida dos membros do CS, com direito a veto. No mundo faltam líderes que queiram paz sobram os que adotaram a doutrina de que conflito armado lhes traz mais benefícios. Simples assim. E com liderança fraca do Gutterez, quem sabe ele foi colocado lájustamente por isso, as coisas só pioram.

Colocar no cesto de roupa suja toda a organização, que já teve um papel importante e ainda o tem e funciona bem em áreas específicas, como saúde, desenvolvimento, direitos humanos, não é justo. Mas também não é justo que a organização não seja renovada, seja no Conselho de Segurança, seja nos outros organismos. Ou será que vamos precisar uma outra guerra como foi a última guerra mundial para criar um fórum para solução de conflitos. Há inúmeros fóruns regionais, mas também há os BRICS, ou seja procura de entidades que através ddiversidade geográfica e até ideológica procuram um canal de diálogo. Mas nada substitui a velha, desgastada e hoje quase inoperante ONU. Então é certo sim, Brasil se pronunciar e dizer de bom tom e voz alta altiva, a situação é grave, vamos trabalhar para as soluções. E não é certo tirar a legitimidade do Brasil se expressar na ONU e pela ONU, se algumas questões internas, mesmo no campo do meio ambiente, não estão resolvidas. Uma coisa é uma coisa, outra é outra.

Sunday, 22 September 2024

THE KING IS NAKED: EU

 OF THE AGING, VAIDED AND AIMLESS EUROPE


THE KING IS NAKED: EU


The torrential rains, after the summer fires in much of Europe on a well-deserved vacation in July and August, and the full attention to the American elections, made us forget about the parliamentary elections in the European Union and the formation of its executive arm, the European Commission. Deep down, we are left with the charming Europe in our minds, evoked with the Olympic Games in France bringing some novelty, historical and beautiful even to emigrate there.


The summer is over, the Games are over, and in the midst of the formation of the new EU management, led again by the German Von den Lauren, who will have 40% of women on the team, with the conflict in Ukraine with no prospect of ending, a bombs report on the current state and the future of the European economy was presented by the former President of the European Central Bank, the Italian Mário Draghi.


The report simply says as in the play: the king is naked. That is, either Europe invests more than a trillion reais a year to raise its productivity and be more competitive, or it's not going anywhere. In fact, it was no longer, because, since 2000, the per capita income of Europeans has grown 50% less than that of Americans. Europe does not have technological giants, like those that changed the American economy, and its automotive industry, which was the driving force of development, is being devastated by the Chinese. And in the area of education, while in the United States universities produce science and technology, Europeans produce science, paper and little technology. While 42% of Europeans are digital illiterate, in the US, for one million inhabitants, there are 1100 who have high knowledge of mathematics. In Europe this number drops to 850. In the technological area, Europeans dominate only in the area of wind, hydrogen and water energy. The other technologies are dominated by North Americans and Asians.


It is a continent aged not only by the population, which does not renew its workforce and rejects emigrants, aged in its development model and, even with social well-being, will have to change. Already in the 70s, the Frenchman Jean Jacques Servan-Schreiber warned about the American challenge and predominance. With the bureaucratized European Union, the uncoordinated political division between the countries, the conflict with Russia and the lack of raw materials, not to mention the lack of coordination in the area of defense, Europe has to reinvent itself. And to reinvent yourself, you also have to have alliances like the agreement with Mercosur. Without arrogance, but with realism, cooperation alliances to get out of the hole where, according to Mário Draghi, he got into. He is today an important ally but who was far, very, very far behind. Change Europe.


The report is frightening and little commented by experts in Europe. He talks a lot about technology, decarbonization and energy (electricity in the EU is three times more expensive and gas, five times more than in the United States) and security, whether it's amilitary or dependence on raw materials. But it says little about agricultural dependence or migration policies. The lack of skilled labor is also linked to education and it seems that the reform called Bologna also did not produce the desired results.


The Russian invasion of Crimea did not awaken Europeans to the dependence they had on Russia in terms of energy. They were forced to reorganize in the energy area. Review all its fragility in relation to Russia in the economic and defense area. It increased its dependence on the United States, which was already great. Europe has not made technological alliances with American companies that, as in the case of Google, will now have to pay an additional fourteen billion euros in taxes, instead of being a partner of European technological development.


Europe will also have to review every supply in the changes that needs raw materials. And in this chapter Latin America enters not as a supporting actor, but as an equal partner. New agreements will have to be made, but certainly Europe depends more on LA than the opposite.


Draghi's study points out another weakness, which is the common market that does not exist and does not work. This refers us to Brazil, which is a large market and to Mercosur, which does not work.


And more, how a study like this is needed in Brazil.


Stefan Salej


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Article published in the Diário do Comércio 20.9.2024.

O REI ESTÁ NU: UE

 DA EUROPA ENVELHECIDA, ENVAIDECIDA E SEM RUMO

 

As chuvas torrenciais, após as queimadas de verão em boa parte da Europa em férias merecidas de julho e agosto, e total atenção com as eleições americanas, nos fizeram esquecer das eleições parlamentares na União Europeia e a formação do seu braço executivo, a Comissão Europeia. No fundoficamos com Europa charmosa nas nossas mentesevocada com os Jogos Olímpicos na França trazendo alguma novidade, histórica e linda até para emigrar para lá.

Acabou verão, acabaram os Jogos, e no meio da formação da nova gestão da UE,liderada de novo pela alemã Von den Lauren, que tera  40 %  de mulheres na equipe, com conflito na Ucrânia sem perspectiva de terminar, foi apresentado pelo ex-Presidente do Banco Central Europeu, o italiano Mário Draghi , um relatório bomba sobre o estado atual e o futuro da economia europeia.

O relatório simplesmente diz como na peça teatral: o rei está nú. Ou seja, ou aEuropa investe mais de um trilhão de reais por ano para levantar a sua produtividade e ser mais competitiva, ou não vai para lugar algum. Aliás, já não foi, porque, desde 2000, a renda per capita dos europeus cresceu 50 % menos do que dos americanos. Europa não tem gigantes tecnológicos, como os que mudaram a economia americana, e a sua indústria automobilística, que era força motriz de desenvolvimento, está sendo arrasada pelos chineses. E na área de educação, enquanto nos Estados Unidos as universidades produzem ciência e tecnologia, os europeus produzem ciência, paper e pouca tecnologia. Enquanto 42 % dos europeus são analfabetos digitais, nos EUApor um milhão de habitantes,há 1100 que tem conhecimento alto de matemática. Na Europa este número cai para 850. Na área tecnológica, os europeus dominam só na área de eólicas, hidrogênio e energia hídrica. As demais tecnologias são dominadas pelos norte-americanos e asiáticos.

É um continente envelhecido não só pela população, que não renova a mão de obra e rejeita os emigrantes, envelhecido no seu modelo de desenvolvimento e, mesmo com bem estar social, terá que mudar. Já na década de 70francês Jean Jacques Servan-Schreiber avisou sobre desafio e predominância americana. Com União Europeia burocratizada, divisão política sem coordenação entre os paísesconflito com a Russia e a falta de matérias primas, sem falar da descoordenação na área de defesa, a Europa tem que se reinventar. E para se reinventar tem que tertambém alianças como acordo com Mercosul. Sem arrogância, mas com realismo, alianças de cooperação para sair do buraco onde, segundo Mário Draghi, se meteu. É hoje um aliado importante mas que ficou muito, mas muito mesmo para trás. Muda Europa.

O relatório é assustador e pouco comentado pelos especialistas na Europa. Ele fala muito de tecnologia, descarbonização e energia (eletricidade na UE é três vezes mais cara e o gás, cinco vezes, do que nos Estados Unidos) e da segurança, seja amilitar, seja a dependência de materiais primas. Mas fala pouco de dependência agrícola ou de políticas migratórias. A falta de mão de obra qualificada é ligada também à educação e parece que reforma chamada de Bologna também não produziu os resultados desejados.

A invasão russa da Crimeia não acordou os europeus para a dependência que tinham da Rússia em termos de energia. Foram obrigados se reorganizar na área energética. Rever toda a sua fragilidade em relação à Russia na área econômica e na defesa. Aumentou a sua dependência dos Estados Unidos, que já era grande. Europa não fez alianças tecnológicas com empresas americanas que, como no caso da Google, agora terá que pagar adicionais quatorze bilhões de euros de impostos, ao invés de ser parceira do desenvolvimento tecnológico europeu.

 

Europa também terá que rever todo suprimento nas mudanças que necessita de matérias primas. E neste capítulo a América Latina entra não como ator coadjuvante, mas como parceiro de igual para igual. Novos acordos terão que ser feitos, mas com certeza a Europa depende mais da AL do que o contrário.

 

O estudo do Draghi aponta uma outra fragilidade, que é o mercado comum que não existe e não funciona. Isso nos remete ao Brasil, que é um mercado grande e ao Mercosul que não funciona.

E mais, como faz falta um estudo como esse no Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

Friday, 13 September 2024

DA VENEZUELA DE NOVO E DE SEMPRE

 DA VENEZUELA DE NOVO E DE SEMPRE

 

De todos os conflitos, do ataque terrorista do Hamas a Israel, que vai fazer um ano, da invasão russa à Ucrânia, que está fazendo dois anos e meio, dos conflitos na África, com milhares de mortos e refugiados, é a situação na Venezuela que mais afeta o Brasil. Temos uma fronteira extensa, mal protegida. Mais de um milhão de refugiados venezuelanos procuraram o Brasil para começar uma vida nova. E diariamente estão chegando a Roraima centenas deles. E  porque Venezuela deve ao Brasil alguns bilhões de dólares. E também porque é da Venezuela que vem energia elétrica para extremo norte do Brasil.

Um vizinho dos mais ricos em recursos naturais, está há 23 anos sob um regime populista pseudo socialista estabelecido por seu líder da época, Hugo Chaves, chamado bolivarianismo, que depois virou chavismo, e que tem em Maduro seu líder e presidente do país. E Maduro, que manipulou as últimas eleições e quebrou todos os acordos que foram feitos para que as eleições fossem transparentes e honestas, se permite sem cerimônia desfazer do Presidente do Brasil com palavras nunca antes vistas na diplomacia. Humilhante, como foi também humilhadora a posição da venezuelana ao pressionar o Brasil no que diz respeito a cuidar dosinteresses da Argentina em Caracas.

Maduro perdeu as eleições de cartas marcadas e Brasil, que apoiou o chavismo desde o início, se vê agora às voltas com um governo que colocou Brasil face ao mundo numa situação constrangedora. Não reconheceu a vitória da oposição, tão clara como sol do meio-dia, como fizeram inúmeros países. PT declarou com todas as letras que Maduro ganhou. E Maduro, que prendeu milhares de opositores,além das dezenas de mortos em protestos, conseguiu, com ajuda da Espanha,exilar o suposto vitorioso das eleições. Os espanhóis, que estão cheios de declarações sobre democracia, salvaram Maduro, deram a ele um mandado de seis anos com apoio da União Europeia e salvaram seus investimentos. Acabou o jogo.Maduro ganhou.

O governo brasileiro, grande amigo de Maduro, perdeu. Nós vamos continuar vizinhos de um país governado por um autocrata que ainda tem pretensões sobre a região de Esquibo e Guaiana, onde há um novo boom petroleiro, dominado pelos chineses, russos, cubanos e iranianos, todos amigos do governo do Brasil, mas todos inimigos do mundo ocidentalContinua se consolidando um regime em total desacordo com tudo o que Brasil representa como país democrático. A opinião pública brasileira há muito não aceita esse apoio a um regime como o que está lá. E pior, esse regime contraria todos os interesses do Brasil. Lamentávelmente o cenário futuro apresenta uma convivência conflituosa difícil de se resolver.


Em continuidade, Maduro, com conhecimento ou não do governo brasileiro, aliás a dúvida que mata, se aliou ao MST que ficará de desenvolver em milhares de hectares de terras a agricultura na Venezuela. 


Venezuela também será tema dos Brics, já que há proposta para que junto com Venezuela seja aceita Nicarágua, outra desafeta de democracia.


Maduro com seu regime autoritário é tão popular que foi único país latino americano mencionado no debate presidencial americano pelo Trump. Claro que com uma frase lapidar: caiu o crime na Venezuela, porque os criminosos de lá vieram para Estados Unidos, onde crime aumentou.


Acho que Trump esqueceu que criminoso chefe ficou por mais seis anos para cuidar de petroleiras americanas por lá.Alias, é incrível que Estados Unidos não tem embaixada lá. 


Artigo publicado no Diário do Comércio, 13.9.2024.