DA COPA E SUAS LIÇÕES
As dimensões de uma Copa de futebol são tantas que está difícil de percebê-las no espaço de um mês. Aliás, as suas repercussões duram muito tempo e, em especial, seus escândalos, resultados e as dívidas que deixam. Ninguém esquece a Copa de quatro anos atrás. Foi um marco indelével na história do país, marco de competência na organização e incompetência na essência, que é perder no final para a Alemanha.
E assim foi a nossa alegria maior esta semana, quando a Alemanha foi mandada para casa por uma inexpressiva força no futebol mundial, a Coréia do Sul. O Brasil explodiu em alegria de vingança, como se um fato tivesse alguma ligação com o outro. Ou seja, o que um jogo quatro anos depois tem a ver com o jogo de quatro anos atrás? As equipes são outras, os tempos são outros, só a bola continua quadrada. Mas, a nossa frustração de perdedores desejando a vingança coletiva contra os alemães continua a mesma. Um fenômeno e tanto, essa alegria com a derrota dos alemães.
E a volta para casa de argentinos e portugueses? Em qualquer circunstancia torcemos pelos sejam quem for que podem ganhar da Argentina. As imagens de Maradona sofrendo com a derrota nos ajudam a aliviar as nossas dores de incompetência ? Parece que sim. E a derrota de Portugal, país tão querido? Doeu, mas não ganhou o nosso vizinho Uruguai. Mas, não gostamos deles porque em 1950, no Maracanã, ganharam a copa da gente.
A Copa da Rússia, em que não temos mais times africanos jogando na fase de oitavas de final, é até agora um show de bola em termos de organização. A Rússia isolada e com sanções econômicas levantou a cabeça mais uma vez e mostrou que é um país que sabe o que quer e sabe fazer as coisas. O governo do Presidente Putin fez da Copa um momento Rússia para ninguém botar defeito.
Interessante observar que predominam as seleções europeias e latino-americanas. Onde estão os africanos que organizaram a copa há oito anos e tiveram seleções inesquecíveis, como a de Camarões, nas competições anteriores. Por outro lado, as seleções europeias estão tão multirraciais que você se pergunta se realmente existe um problema racial e de imigrantes na Europa. Pelo jeito, no futebol não.
Além da organização da Copa, para um leigo em futebol como eu, vale a pena observar as táticas de jogo. Definitivamente os dois times com maiores estrelas do futebol mundial, a Argentina com Messi e Portugal com CR7, se deram mal. E quem não teve estrela, por exemplo a França ou o Uruguay, e jogou como equipe unida com o objetivo de ganhar o jogo, levou. Ou seja a lição que fica para o empresário é que quem vence é o time, jogando junto, respeitando a bola, o gol, o público e o adversário. É a empresa como um todo que vence, os indivíduos fazem parte do time. E mais, achar que a vingança nos faz fortes e melhores é mero engano. A derrota da Alemanha não faz nosso time melhor. Ou ele é melhor, ou não é. A bola é redonda e gol é quadrado. Pura geometria na alegria de jogar.