DO ENSINO MEDIO MEDÍOCRE
Doutor, por que meu filho, depois de terminar o curso primário, pode carregar um revolver, trabalhar para traficantes e não ir para escola e arrumar emprego?
Essa pergunta emblemática de uma mãe ao candidato a deputado federal está sem resposta até hoje. Na região em que a família mora havia cinco escolas primárias com boa qualidade de ensino. E para ir para colégio, tinha que pegar dois ônibus (cadê dinheiro para isso) e a capacidade de receber os alunos era de para cada 5 alunos de primário, 1 para o curso médio.
A reforma proposta na semana passada pelo Ministério da Educação é resultado de uma discussão sem fim dos especialistas, que se arrastava e não chegava a lugar algum. É positivo que o governo Temer lance a discussão sobre um tema que interessa a todos e desvia a atenção dos processos de corrupção e das medidas econômico-fiscais que não consegue aprovar. Se medida provisória é a maneira certa para aprovar a proposta, há divergências. Mas, este Congresso é capaz de discutir algum tema e chegar a alguma conclusão que é de interesse da nação, como a reforma educacional? Duvido.
Na discussão sobre o tema, que independentemente de sua promulgação, será longa e quente, há alguns pontos a considerar. Um é o tempo integral, com ajuda do governo federal aos estados de 2 mil reais por aluno. Primeiro, para tempo integral precisa-se de instalações, professores, e há que organizar o tempo integral de estudos e atividades. Dois, os estados estão quebrados para investir, começando pelos investimentos em professores, cujos salários em media são miseráveis. Então como fazer essa reforma com a União sem dinheiro e Estados sem recursos?
Em seguida, temos que pensar em um currículo que permita continuar estudos e empregabilidade. Mas, os que geram a empregabilidade foram consultados sobre o currículo? O sistema S tem especialistas em educação que podem colaborar ? Ou seja, de quais profissionais vamos precisar para qual estrutura econômica? Se 50 % da nossa economia é agro, então o que esse setor tem a dizer? Espalhamos dezenas de universidades, públicas e privadas, e elas, estão integradas nessa reforma? Cada estado tem suas características e, esse debate, está sendo feito nos estados pelas assembléias legislativas, governos, técnicos e a sociedade?
Com centenas de perguntas sem respostas, o trem tem que andar, mas com rumo e prumo. Para avaliar quanto vale a educação para nós, único caminho que leva ao desenvolvimento, é só olhar para os debates dos candidatos nestas eleições municipais, onde em lugar nenhum há qualquer proposta realizável e inovadora. A educação lamentavelmente não é prioridade da nossa sociedade. Pode ser que essa brusca proposta, onde mais tempo se perde discutindo se vamos ter educação artística e esportes (porque só conseguimos enxergar isso, mas nada mais além), comece um debate tardio porém absolutamente necessário.
Sugiro ao governo estabelecer parceria com o sistema S. Tem muito que aprender com esta turma que sempre trabalhou com exceleência.
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