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Friday, 23 September 2016

DA VOLATILIDADE BRASILEIRA

DA VOLATILIDADE BRASILEIRA
A famosa frase do banqueiro e político mineiro Magalhaes Pinto, que a política  é como nuvem: você olha agora, e daqui a pouco a nuvem já muda de forma, se aplica hoje também à economia. Se você não consegue identificar as formas e conteúdo da atuação política (lembre-se do que aconteceu no Congresso na segunda-feira passada, com a votação inesperada de anistia sobre caixa 2 para campanhas eleitorais), você também tem dificuldade em identificar as tendências  na economia. No final de contas, a política e economia são irmãos siameses: com caras diferentes vivem no mesmo tronco, no mesmo corpo, que se chama país.

Então, como você vai convencer os investidores (e aí não há diferença entre os nacionais e estrangeiros) em investir, se não enxergam linhas mestras de mudanças políticas e, consequentemente, econômicas. Dos três poderes, legislativo, judiciário, e executivo, o legislativo nada muda até a próxima eleição. As mesmas caras, o mesmo fisiologismo, as mesmas ideias. O judiciário pesado, independente e renovado, com uma geração tecnicamente mais preparada, não consegue, sob o peso das leis que o legislativo lhe impõe, aplicar justiça com rapidez e sempre mais isenção. E o executivo, que acha que reunir um conselho de comunicação, dizendo que este é o problema central do governo, ao invés de reunir melhores as cabeças do mundo para encontrarmos juntos soluções para problemas econômicos. Em resumo, todos trabalhando pelo bem de um Brasil diferente do não coerente e nem solidário.

Toda essa situação só reduz o preço das concessões em nível federal. Alias, a política de concessões, é politica subsidiaria dos objetivos econômicos de uma gestão não só transparente mas eficaz do ponto de vista social e econômico. E isso inclui o papel do estado como gestor. As concessões baseadas nas benesses do Estado e não no capital privado tem futuro curto. Veja o caso do aeroporto de Natal. A concessionária está  pedindo ressarcimento de 1 bilhão de reais (aproximadamente 300 milhões de dólares) do governo porque o negócio não saiu como planejado (ou prometido). Então, que risco o investidor privado tem?As concessionarias das estradas, que se endividam em dólares, querem a proteção com a  volatilidade cambial! Eu também quero, porque a diferença quem paga é o contribuinte.

A grande questão até as próximas eleições é se vamos ter  um uma política econômica que mantenha um rumo no crescimento, ou os políticos que são a nuvem que muda a cada minuto vão transferir essa volatilidade ainda mais para a economia. Esperar que a economia cresça com políticos não cumprindo seu papel de estabilidade no rumo de economia, é sonho de uma noite de verão. Palavras, palavras, gestos, sem ações correspondentes, não vão trazer capital e nem fazer ele acreditar, mesmo com toda esperança, que há  um rumo. E aí, esperar até as eleições de 2018 para mudar de 2019 em diante, é jogar o país  para um buraco do qual  só vai sair em 2040. E olha lá!

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