DO MUNDO PERTURBADO E DO MUNDO EM PAZ
Difícil prever se o próximo dia tradicional de desgraça, 13 de agosto (sendo ou não sexta-feira), será tão ruim como foi quinta-feira, dia 23 de junho deste ano. Além das noticias estupefacientes no campo da corrupção no Brasil (sendo que ainda falta explicar como bancos privados chegaram a obter dados de aposentados e contribuintes de INSS pra oferecer empréstimo consignado e qual foi o acordo que foi feito lá porque foi aí que começou o sistema de crédito consignado), houve também a saída da Grã -Bretanha da União Europeia. A situação, que não foi prevista nem pelas pesquisas de opinião pública e nem pelos tradicionais apostadores (que em geral sabem mais do que as agencias de pesquisa) criou um novo mundo. Em resumo, a desgraça que na crença popular ficava para sextas feira e dia 13, passou neste novo mundo em que vivemos para quinta feira 23.
Mas, como tudo e sempre, há um outro lado da moeda. Após 52 anos, repito 52 anos, de luta armada, com 220 mil mortos, crianças e mulheres escravizadas, inúmeros sequestros, e um dos maiores produtores de coca do mundo, os pseudo marxistas agrupados na guerrilha chamada FARC assinaram um acordo de paz com o governo de Colômbia do Presidente Santos. O comandante guerrilheiro Timoshenko negociou três anos e meio um acordo sob os auspícios de Cuba e da ONU, concordando que, até fevereiro 2017, os 7000 guerrilheiros deporão as armas e estarão em 23 zonas especiais e 8 acampamentos, reintegrados à vida civil e política da Colômbia. O Presidente Santos insiste que o acordo seja referendado num referendum popular, para que não haja nenhum retrocesso com a saída dele, em 2018.
Você que assistiu Narcos tem uma vaga idéia de como a Colômbia foi transformada no maior produtor de cocaína do mundo. Com o cerco aos narcotraficantes, o negócio passou para os guerrilheiros ditos marxistas. E, como o próprio Presidente Santos disse recentemente, numa palestra em Washington, a luta só foi possível por total engajamento militar, tecnológico e financeiro dos Estados Unidos. Esse término da luta pelas FARC é uma vitória militar e diplomática estadounidense, sem a menor dúvida .
Há muita coisa ainda para resolver. As indenizações às vitimas, condenações de grupos para-militares, re-integração de ex-futuros guerrilheiros à vida civil, participação política deles etc. Nem tudo será flores daqui para a frente, mas haverá menos sangue, apesar de que ainda há um grupo guerrilheiro menor perturbando a paz, ELN.
A Colômbia vai receber muitos recursos financeiros, haverá estabilidade nas nossas fronteiras e estará integrada ao mundo ainda mais. É um país que nunca, mesmo nos momentos mais difíceis, perdeu o controle da sua economia e agora encontrou a sua dignidade. Um belo exemplo a ser estudado.
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