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Friday, 26 February 2016

DA BOLÍVIA ESTENDIDA

DA BOLÍVIA  ESTENDIDA


Quantas pessoas você conhece que já estiveram em Paris? E quantas dessas pessoas já visitaram a Bolívia? Simples: a Bolívia, para o brasileiro médio, está mais longe do que Paris. Mas, se Bolívia parar de nos fornecer gás natural ou se os seus preços aumentaram além do que podemos aceitar, o nosso desastre econômico  só vai aumentar. Olhar par a Bolívia com mais atenção é absolutamente do interesse de todos nós e, em especial, os exportadores. Esse país  andino ainda é um bom mercado para nossos produtos. 

Assim, o referendum de última semana, que propunha em termos gerais uma mudança constitucional permitindo, em 2019, a ré-eleição do atual presidente Evo Morales, é de fundamental importância para o Brasil. Morales perdeu o direito de se candidatar mais uma vez, mas seu mandato vai até 2020. Governante que reduziu a pobreza no país , descendente de índios Aymara, manteve sólida gestão financeira na Bolívia. Mas, não só nacionalizou refinaria da Petrobras, declarou o cultivo da folhada coca, que os índios mascam normalmente, como algo de bom, e brigou com os Estados Unidos, e sempre foi aliado do Chávez na Venezuela.

A idéia de quarto mandato, independente da qualidade de gestão nos dias de hoje do seu governo, caiu no referendum por varias razões. De um lado, um escândalo amoroso aliado a uma corrupção de fazer inveja à Lava jato (sua amante  de 26 anos  é  representante de empresas chinesas que ganharam sem licitação contratos bilionários), de outro lado, às vésperas do referendum um ataque de seus militantes a uma prefeitura do interior, onde morreram várias pessoas, e finalmente um simples recado da população: você esta ótimo, mas queremos mudança.

Os bolivianos cansaram-se de um governo só e não querem mais, mesmo com a pequena margem que ganhou o não no referendum, os mesmo para sempre. Parece que as esquerdas na América Latina não diferem em muito dos caudilhos clássicos que se perpetuaram no poder no passado, tipo Stroessner no Paraguai. A diferença é só pelo método chamado democrático, mais sofisticado, mas que os mantém no poder assim mesmo. Os Kirchner na Argentina, o chavismo na Venezuela, Morales na Bolívia, Correa no Equador, lulismo no Brasil e os Castro, em Cuba. 

Poder pelo poder. Caudilhos de esquerda que na sua essência não se distanciam dos de direita. É um problema que a América Latina enfrenta e que as constituições feitas pelos professores espanhóis para  a maioria desses países, não resolveram. A democracia é a alternância no poder.

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