DAS INCOMMODITIES
Nos livros escolares de geografia na antiga Iugoslávia, lá na década de 50, tinha uma foto no capítulo Brasil de queima de estoques de cafés nos idos de 1920. Queimavam café, dizia o livro, para manter o preço do café no mercado mundial. Bem, atualmente os preços de todas as materiais primas e produtos agrícolas atingiram seus níveis mais baixos dos últimos 30 anos, ou em alguns casos até mais. Mas, isso todo fazendeiro, até de Entre Folhas, sabe. Aliás, todos sabem que os preços dado materiais primas, e tudo o que se produz nas fazendas chamado modernamente de agro business, varia de preço e que o Brasil não tem a mínima influencia nesse mercado.
Primeiro que o Brasil não vende, é comprado. Os compradores vêm e negociam os contratos, financiam até a produção e os estoques e comercializam. No caso do café, ainda temos a total predominância de empresas de capital estrangeiro no mercado nacional. Se juntar todas as empresas mineiras de café que tem dono mineiro, não dá uma Sara Lee brasileira, que é um dos mais importantes players no mercado mundial de café. Sem falarmos na Illy, que domina mercado dos cafés finos de um lugar onde não se produz nem um grão de café.
Todo o esforço de fazer cafés gourmets e concorrer com Alemanha, que é maior exportador de café torrado do mundo, não mudaram o modelo de negócio do produtor mineiro: mais vale a pena vender em grãos do que investir em branding e comercialização. Claro que há exceções, mas elas não mudam essencialmente o cenário.
No caso dos minérios, o retrato é ainda mais dramático. Como no item petróleo, em que os preços estão chegando a níveis assustadoramente baixos, os minérios também estão na bacia de alma. O fato é que estamos vivendo um ciclo de preços baixos dos produtos que Minas produz, ou que Minas queria produzir, como achar gás e petróleo no Vale do São Francisco. Acabou a bonança mineira, acabou a ilusão de que o Estado de Minas tem riqueza. Tem, mas vale pouco. E a essa realidade, temos que adaptar os custos, mudar os modelos de negócios, a percepção do estado e do seu governo da economia.
As cordas que puxam esses movimentos da economia não estão em nossas mãos, estão fora do país, fora de controle. Sequer temos especialistas que sejam capazes de resposta a um novo paradigma econômico. E perdemos tempo em não termos feito as mudanças de paradigma enquanto ainda dava tempo.
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