DA DESONESTIDADE AUTOMOBILÍSTICA
As notícias importantes no cenário internacional para os políticos e economistas são a visita do Papa Francisco a Cuba e aos Estados Unidos, também a visita do Presidente da China Xi a Washington e o início de trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde a Presidente brasileira, por tradição, é a primeira a falar. Todos esses atos e mais a crise migratória na Europa, com combates na Síria, Afeganistão e o terrorismo do Estado Islâmico, não afetam você como o que aconteceu nos Estados Unidos com os testes de utilitários Volkswagen a diesel.
Peço perdão por escrever sobre esse assunto, tendo o jornal como colunista um dos maiores especialistas na área, Boris Feldman. Mas, os escândalos que estão se sucedendo na indústria automobilística e cujo coroamento agora foi o desastre alemão ultrapassam os limites automobilísticos. Os defeitos da GM provocaram mortes, os carros da Fiat foram hackeados, pararam de funcionar por controle remoto com problemas eletrônicos, os da Toyota tiveram problemas na aceleração e provocaram também mortes, e a lista continua e continua, praticamente atingindo todos os fabricantes. Aplicam-se multas, pedem-se desculpas, mas o escândalo de modificação do funcionamento dos motores a diesel da VW nos Estados Unidos ultrapassou os limites. Quebrou-se a confiança em alguém que é o número um mundial e que fabrica mais de 11 milhões de veículos ao ano com seus 280 mil colaboradores.
Falharam os controles das autoridades europeias e os das americanas. Falhou qualquer aplicação de ética dentro da empresa, como nos casos anteriores . As empresas têm um discurso de ética, de sustentabilidade, e ações das mais perversas. Enquanto estamos preocupados com o sistema bancário e suas malversações, estamos diante de pergunta sem resposta: como anda o domínio dos interesses das empresas automobilísticas contra os consumidores e a sociedade. Aliás, a resposta, com novas revelações de irresponsabilidades, é assustadora.
Compramos automóveis de quem está nos enganando. Desculpe, enganaram nos Estados Unidos. Por aqui nada disso, além dos recalls que não funcionam, acontece. Porque aqui as leis, regulamentos e controles são rígidos. Os bobos estão na Europa e Estados Unidos!
Stefan SALEJ
24.9.2015.