DOS GERMÂNICOS
Há mais de cem anos, o jornalista norte-americano John Carpenter, que escreveu um livro sobre a América do Sul, notava que o comércio entre os países hanseáticos, que hoje se chamam República Federal da Alemanha, e o Brasil (que nesse período não mudou nem de nome e nem de território, não sendo palco de nenhuma guerra) era infinitamente maior do que com os Estados Unidos. E que os alemães, que vieram para o Brasil há 200 anos, dominam o nosso comércio com a Europa.
A visita da chefe do governo alemão, Chanceler Ângela Merkel, e seus sete ministros, nesta semana, a Brasília (o Ministro das Relações Exteriores Steinmeir esticou ainda a visita a São Paulo, com avião de carreira) reforça a importância das relações econômicas entre os dois países. Os acordos assinados não são significativos em valores, mas mostram uma abrangência estratégica da relação entre os dois países. Alias, os alemães afirmam extremamente que essa aliança é estratégica. No Brasil, o capital alemão, em especial na indústria, predomina e suas mais de 1600 empresas estão firmemente fincadas no mercado brasileiro. Ninguém, apesar das clássicas reclamações sobre o custo Brasil e a imprevisibilidade das políticos governamentais, está saindo do país. São empresas como a Siemens, que está no Brasil há mais de 100 anos, e a BASF, que aproveitou a visita para festejar 150 anos de sua vida, dos quais 105 anos no Brasil.
Para o atual governo brasileiro, a visita da principal líder política da Europa se junta à visita presidencial a Washington e demonstra claramente que, nos encontros com nossos principais parceiros, e aí temos que incluir a visita do Vice-Primeiro Ministro da China, há um mês, e a próxima visita do Príncipe herdeiro do Japão, todas as conversas giram de forma discreta porém firme em torno da estabilidade da democracia brasileira. Nenhum dos nossos parceiros, e os alemães estão muito firmes nisso, deixa de querer quer que se faça um eficaz ajuste fiscal e o país volte a crescer. O governo Dilma tem apoio para isso do exterior e a visita de Merkel reafirma esse apoio que, pela sua liderança na Europa, traz junto todos os 28 países membros da União Europeia.
Minas, que teve investimentos alemães importantes no século passado, está onde sempre esteve recentemente. À margem, apesar de que a embaixadora do Brasil na Alemanha é mineira.
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