Do anti-semitismo
Sessenta anos após os aliados terem descoberto, no fim da segunda guerra mundial,
os campos de concentração e a morte de seis milhões de judeus, entre os quais 600 mil de Hungria, aparece na União Européia um deputado que pede o
censo de judeus no seu país. Como Hitler fez com
ajuda de tecnologia da IBM na Alemanha da época. O deputado é húngaro, do partido de
extrema direita Jobbik e seu nome é Marton Gyangyosi. Aliás, foi na Hungria que conseguiram, após denúncia do jornal britânico The Sun, achar um criminoso de guerra que
mandou para a morte mais de quinze mil pessoas e vivia tranqüilamente. A Hungria é hoje o país europeu com maior índice de xenofobia e anti-semitismo, segundo uma pesquisa
realizada em março pela Liga Anti-Difamação, entre dez países europeus.
O mais extraordinário na história é que o governo húngaro demorou a dizer que não concorda com seu deputado e a Comissão Européia, tão zelosa com direitos humanos em terceiros países, sequer se pronunciou
nos primeiros dias. Alias, a Europa esta tolerante com governo húngaro no seu intuito
antidemocrático e a sua xenofobia, que
se reflete inclusive no trato com suas minorias e seus ciganos.
A tolerância dos europeus com atitudes do governo húngaro é a própria mesma demonstrada com o anti-semitismo e outras formas de
intolerância que estão crescendo na Europa. Assassinatos de crianças judias recentemente na França e ataques a sinagogas são outra face dessa intolerância. Aliás, a pesquisa acima mencionada mostrou que o anti-semitismo
cresceu, de 2009 para 2012, em dez países da Europa, de forma
desproporcional na Espanha, Hungria e Reino Unido. E que 46 % dos poloneses
acham que os judeus mataram Jesus Cristo, ele judeu, de pais judeus.
Na América Latina, o mais conhecido é o ataque à comunidade judaica em Buenos Aires, mistério até hoje não esclarecido. O Brasil,
com seu altamente desenvolvido dialogo inter-religioso e com a sua convivência entre raças e religiões, pode ser até agora um bom exemplo para
a Europa. Desprezar essa crescente intolerância húngara e européia é desprezar a história e transformar o futuro
em refém dos conflitos religiosos
e raciais. Os países cujos políticos conseguem liderar a paz e a tolerância progridem mais em todos os campos, inclusive o social. Este é um dos grandes ativos, além do território e língua comum do Brasil, que
tem que ser preservado. Por isso, o irresponsável húngaro, com seu discurso, passa a ser um problema de todos, não só da comunidade judaica.
Stefan B. Salej