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Sunday 16 April 2017

DA VERGONHA, REVOLTA E TRISTEZA

DA VERGONHA, REVOLTA E TRISTEZA

Neste momento não há programa mais excitante do que os depoimentos dos executivos e donos da Construtora  Odebrecht de Salvador, a maior empreiteira do Brasil propriamente dita, sobre como agiram nos últimos anos. Aliás, construtora que tinha tempos  atrás o nome do seu fundador Norberto e editou um livro pesado sobre o seu modelo de negócios, que era um exemplo para a gestão de empresas no Brasil. Da Bahia para o mundo. Um mundo subterrâneo e de subterfúgios, de compra do Congresso nacional, do governo e dos seus lacaios políticos.

Para quem atua na área empresarial, nada de novo. E tem mais: nada de novo desde que nós tínhamos nos anos sessenta a idade de colegiais. Já em 1960, Jânio Quadros exibia uma vassoura para banir a corrupção deixada pelo saudoso JK. Os militares do golpe de 1964 exibiam a luta contra a corrupção, junto com o anticomunismo, como trunfo para se manter no poder. Quem não lembra dos IPM-Inquérito policial militar, tribunais de exceção.

A Odebrecht foi exposta e todo mundo ficou chocado. Mas, as delações dessa empresa são histórias da carochinha, se colocar junto as delações já julgadas das outras empreiteiras, inclusive da nossa querida Andrade Gutierrez, parceira da Odebrecht em aventuras incríveis, e se examinar outras redes de corrupção como os setores elétrico, de saneamento, telecomunicações, privatizações, e créditos nos bancos oficiais. E mais, se o sistema funcionou na escala federal, imagina o que acontece nos estados e municípios.

Uma aliança politico-empresarial sofisticada que corroeu a democracia e a economia de mercado e destruiu qualquer valor moral da sociedade brasileira. 

De qual sociedade? Dos desempregados, dos pobres, dos desesperados, que hoje estão à mercê dos criminosos do narcotráfico, ou da sociedade de elite que aplaudia o sucesso dos Odebrecht  (descendente de alemães que teoricamente deveriam ter algum valor moral) que tomaram conta do nosso Brasil. Os valores que implementaram no nosso nariz com aplauso de toda a sociedade (nos últimos anos, dos industriais do ano de Minas, vários estão presos) e em especial o empresarial, destruíram qualquer base de sustentabilidade.

É  uma vergonha da qual participamos como eleitores. É uma vergonha da qual participamos como cidadãos. 

A Odebrecht continua como todos eles, rica, poderosa, rindo de todos nós, como todos os seus colegas empresários e políticos. Ninguém se abala (com raras exceções que confirmam as regra), ninguém fica mais pobre, e todos eles com tornozeleira frouxa continuam fazendo o que sempre fizeram: negócios escusos.

Nenhuma entidade empresarial nesse processo todo da Lava Jato emitiu uma nota de repulsa, fez um novo código de conduta, expulsou seus sócios corruptos. Nada. Porque no fundo acreditam que esse é o modelo de negócios que predomina no país e com o qual você pode ficar rico.

É uma tristeza que a nossa geração de jovens da década de sessenta deixe como herança este Brasil tão empodrecido e empobrecido. Tudo isso para dizer que, com o ganho à custa de miséria e desemprego, é mais seguro viver em Miami.

Erramos, mas ainda há tempo de corrigir, de mudar o rumo. Não com a  hipocrisia dos Odebrecht que salta aos olhos, mas com mudança de atitude para valer, com mudança do modelo de valores deste país, onde tem sim gente honesta e trabalhadora, que foi enganada. Onde sim, há empresários sérios e honestos que podem mudar o rumo.

Sunday 9 April 2017

DA BUROCRACIA E DAS LEIS

DA BUROCRACIA E  DAS LEIS

Recentemente, um prócer acadêmico descreveu para um seleto público empresarial as enormes dificuldades que têm as universidades, sejam estaduais ou federais, na sua administração e, em especial, no cumprimento da lei 8666,  que rege as compras das entidades públicas. E mais, não conseguem ser mais flexíveis na transferência de tecnologias porque as leis impedem. Então, a solução é assim: ficamos parados reclamando ou então vamos trabalhar para mudar as leis. Sendo que os maiores estudiosos das leis estão nas universidades, que também formam os maiores defensores das leis, sejam advogados ou juízes. E se eles não conseguem seguir a legislação com essa máquina intelectual à disposição, como ficam as empresas, os empresários e seus executivos?

A lei não se discute, se cumpre, diziam antigamente. Os emaranhados jurídicos que enfrentamos todos nos neste país ultrapassam a capacidade humana de  gerenciar negócios a e vida do cidadão. Começam com as próprias modificações e emendas da constituição de 1988, que era um texto complexo, porém um livro que você carregava no bolso e hoje virou o que mesmo? Uma coletânea de interesses de grupos políticos, econômicos, sociais, uns contra os outros para procurar proteger seus benefícios. Vejam a quantidade de processos que temos na justiça, sem solução, com demora que ultrapassa nos casos penais qualquer nível mínimo de dignidade (prisões sem julgamento, presos condenados com pena cumprida ainda não liberados, e um sistema prisional que faz mais mal à sociedade do que o bem para o qual foi criado há séculos) e nos casos trabalhistas e econômicos, enfrentamos a demora e complexidade das soluções,  que aumentam os custos e a incerteza jurídica e diminuem qualquer chance de sermos competitivos.

Sim senhor, nos somos competitivos no chão de fábrica, na loja, em qualquer negócio. O que nos mata é a absoluta falta de compromisso dos agentes do estado e dos políticos, com raras exceções que confirmam a regra, com a modernização do sistema de gestão do estado. Novas leis em todos os níveis são nós górdios adicionados nas cordas que levam ao enforcamento da economia nacional e das liberdades do cidadão. O cidadão, no trato com o estado é um verdadeiro herói, o funcionário público sofre no sistema que lhe é imposto e a economia fica cada vez mais ineficaz e menos competitiva. E não é trazendo produto chinês que isso vai se resolver. Talvez precisemos dos chineses para resolver essas complexidades que o sistema nos impõe.

Estamos falando em grande reformas como a da previdência, a trabalhista e similares, mas os estados e municípios, sem falar no governo federal, não são capazes de reduzir em uma folha o regulamento dos impostos como o ICMS, que passa de cinco mil páginas em Minas Gerais.

Vamos desburocratizar este país, simplificar a vida do cidadão e inverter essa ineficácia que sufoca e mata o estado,  para termos a nossa chance de crescer. Aliás, essa é uma boa agenda para as entidades de classe e a sociedade civil. A não ser que elas também sejam beneficiárias dessa loucura burocrática que assola, domina e atrasa tanto o Brasil.

Tuesday 4 April 2017

DOS VIZINHO INQUIETOS

DOS VIZINHO INQUIETOS

A América Latina estava, nos últimos tempos, com exceção da Venezuela, um pouco fora da atenção internacional. Os eventos no Brasil, em especial o desastre econômico que o país enfrenta, continuam exigindo muita atenção mundial por causa dos investimentos estrangeiros que temos. A Carne Fraca, sim, foi uma publicidade para o Brasil da pior qualidade, inclusive ofuscando a inesperada redenção da seleção canarinho que, com oito vitórias, voltou a jogar um futebol de boa qualidade. Mas, nossos vizinhos estão sendo um motivo de preocupação, inclusive para a própria estabilidade brasileira.

De um lado, o acordo de paz na Colômbia, entre o governo e os guerrilheiros da narco-marxista FARC, traz um pouco mais de tranquilidade, mas deixa no ar  a pergunta, onde e quem vai produzir coca agora. Um negócio tão lucrativo e em crescimento constante não se deixa por amor à causa, mas muda de lugar. E esperamos que, em uma fronteira frágil, os colombianos não façam no território brasileiro sua nova base de produção, porque de distribuição e logística já fizeram. Mas, a fronteira mais frágil nossa hoje em todos os sentidos é com a Venezuela. Não por invasão dos venezuelanos, procurando a comida que lá não tem mais, mas por todo um conjunto  de medidas políticas que levaram aquele país a uma ruína democrática. A última confusão com o fechamento de fato do Congresso eleito e substituído pela Corte de Justiça, depois revertida, mostra um país com uma liderança sem rumo e sem prumo. O governo Maduro é um governo que cria desgoverno e um símbolo de caos perigoso. O pior de tudo é que deve muitos bilhões ao Brasil, que ninguém sabe quando vai pagar. Aliás, uma das razões dessa situação venezuelana é que, nos governos Lula e Dilma, tinha amizade demais e agora tem indiferença demais. Essa situação, sem ajuda do Brasil, não vai se resolver nunca.

Se as eleições no Equador, outro irmão boliviariano da Venezuela, Cuba e Bolívia mostram certa maturidade política e tranquilidade, as notícias sobre a saúde do Presidente da Bolívia, em tratamento em Cuba, não são exatamente algo que poderíamos chamar de boas notícias. A Bolívia tem uma tendência histórica a criar, no vácuo de poder, soluções não muito democráticas. E a lição que Morales, tentando um quarto mandato que teve rejeição total da população, de nada serviram ao Presidente Carteles, do vizinho do sul, Paraguai. A tentativa de mudar a constituição para permitir a reeleição teve forte reação da população, em um momento em que mais e mais indústrias brasileiras estão mudando para lá.

Em resumo, nossas fronteiras estão cheias de intranquilidade, ou seja, somos nós mesmos uma ilha sacudida por terremotos políticos num arquipélago que começa a dar sinais de erupções políticas que estão mudando o cenário democrático de alguns anos. E isso sem esquecer que a vizinha do norte, Guiana francesa, nossa maior fronteira com a União Europeia, está em greve geral, parada, com seu aeroporto fechado há semanas. É a França revolta na porta do Brasil. Haja calma nesta hora!

Sunday 26 March 2017

DO PÃO DE QUEIJO FRANCÊS

DO PÃO DE QUEIJO FRANCÊS

Impossível! Pão de queijo é algo tão peculiar, tão mineiro, ligado às montanhas e ao povo mineiro, que francês, que faz maravilhas com pães (que o digam  os padeiros mineiros que foram lá aprender em um programa chamado Companheiros do Dever, organizado pela FIEMG, em cooperação com a Embaixada do Brasil em Paris, nos anos 2000), não deve fazer pão de queijo. Mas, nos supermercados dos franceses, hoje, no Brasil,  como o Pão de Açúcar, você encontra maravilhas das padarias francesas, como croissant, fresquinhas. Vem congeladas de avião e, esquentadas na hora, nada perdem em gosto para as  que são  servidas na França.

Você também tem os queijos mineiros, que francês não faz. Ou os franceses, que mineiro na faz. E vinhos, como o Malbec, o mais famoso vinho argentino, que os franceses já fazem. Malbec francês, tão bom como o argentino e, nas lojas em São Paulo, mais barato. E a cachaça mineira, hoje em media mais cara do que whisky escocês? Nas verdade, a melhoria significativa de qualidade, que abriu os caminhos do mundo, foi feita com os franceses. Mas, a história não acaba aí: daqui a alguns anos, você vai comprar automóvel europeu fabricado na Europa sem  pagar taxa de importação, e portanto terá na mesa e na estrada produtos europeus da melhor qualidade por preços bem menores.

E o verso da medalha também é verdade: os europeus poderão comprar lá nossos produtos sem pagar taxas de importação, que segundo eles oneram os produtos deles nos mercados do Mercosul, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em quase 24 bilhões de reais por ano. E tudo isso será possível se for assinado até o final do ano um acordo de livre comércio, cooperação  e político, entre o Mercosul e a União Europeia.

Na semana passada, os negociadores se reuniram e discutiram vários itens do acordo. De fato, nas regras de origem geográfica que protegem nossos produtos, como pão de queijo e cachaça, além dos queijos mineiros, como exemplo, faltam aos nossos negociadores dados, informações e indicação do interesse dos exportadores brasileiros. Na reunião, acompanhada por um grande número de empresários de São Paulo, só tinha de Minas o lendário representante da Magnesita, Engenheiro Renato Tavares, que sempre foi globalizada e sabe o que é  mercado internacional.
O acordo, a ser concluído ate o final do ano, anda bem segundo os negociadores brasileiros. Mas, as empresas e a economia como um todo precisam se preparar para uma nova fase, mais competitiva, com novas oportunidades de mercado, mas também novos desafios. O acordo deve criar mais empregos, melhores empregos, mas tudo será diferente.

E agora temos que ficar bem atentos às negociações e às mudanças que elas vão trazer. Senão, os franceses vão nos mandar queijos, vinhos, máquinas, e pão de queijo. E nós só vamos mandar para Europa o que mesmo?

Sunday 19 March 2017

DO POBRE, NOBRE, E PODRE


DO POBRE, NOBRE, E PODRE

A frase de Hamlet, na peça teatral do inglês William Shakespeare de mesmo título, “há algo podre no Reino da Dinamarca”, pode ser mais uma vez repetida para os momentos de hoje no Brasil: há algo de podre neste país. O mais recente escândalo da “carne fraca” ou seja carne podre que pobre come, adiciona mais um capítulo à novela de podridão e corrupções que vivemos no país. A cada momento aparece um escândalo, os políticos de todos os partidos ficam mais enlameados, e as condenações  cada vez mais longe. Ninguém sabe onde isso vai parar e quando vai parar. E a razão é simples: a podridão é de tal tamanho que o país precisa de um renascimento, surgir das cinzas como Fênix para recomeçar. É uma transição dolorosa na qual a parte mais triste é que, mesmo com um processo como a Lava Jato, em curso há três anos, parece que ninguém se assusta e que não mudam os hábitos, sejam nas empresas, na administração pública ou entre políticos. Se para um respeitado deputado que vira ministro, um simples superintendente do Ministério da Agricultura no seu estado é chamado de Grande Chefe, então a escala de valores está de cabeça para baixo e quem manda mesmo e vale alguma coisa na hierarquia do poder é o Grande chefe e não o tal do deputado.

A operação da Carne Fraca traz muitas lições. Que há fiscais em todos os níveis honestos, não ha dúvida alguma. E que há desonestos contra os quais os empresários não tem força para lutar ou preferem não lutar, não há duvida também . Não tem um empresário neste país que não foi uma vez na vida, ou  mais, ameaçado por um fiscal de qualquer natureza. E quantos os puseram aos tapas para fora, denunciaram, e quais entidades de classe denunciaram essas situações? E quantos que fizeram isso não foram ameaçados, inclusive com suas famílias, suas vidas e suas empresas destruídas. Em 2010, o então Presidente do Sindicato de indústria de carnes de Minas, Cassio Braga, denunciou essas situações. E o mesmo fez na Câmara de Indústria de Alimentação da FIEMG,  defendeu posições a favor da indústria e contra esses desmandos que agora apareceram. Mas, as entidades empresariais deveriam se posicionar mais firmemente contra esses e outros casos, como o de desastre de Mariana e o escândalo de carne podre em Minas, que está na justiça  de Juiz de Fora há dois anos, sem solução.

A passividade ou acomodação vai nos custar caro. A BRF tem como seu Presidente do Conselho, Abílio Diniz, e seu membro o ex-ministro Luiz Furlan. Nenhum dos dois veio explicar o que aconteceu. Deixam que as pequenas malandragens prevaleçam ao invés de assumirem perante o público e seus consumidores a responsabilidade. Errar  é humano, reconhecer erros e corrigir é a grandeza do homem. Eles a tem? A balela do ministro da agricultura de que ele vai continuar comendo carne brasileira é ridícula, porque o que ele e seus antecessores, entre os quais há mineiros, não fizeram é organizar esse setor e garantir, em primeiro lugar ao próprio brasileiro, e ao mundo, que tudo está em ordem.

Este episódio da Carne Fraca vai custar milhares de empregos, acabou com o mito de que o agronegócio era maravilha, vai afetar todo o setor agrícola e sua posição no mundo. Vai afetar nossas exportações de forma inimaginável. Perdemos a credibilidade, como há quase 90 anos, quando acharam pedras nas sacas de  café que exportávamos. Culpar os que mostraram o cancro pelo que aconteceu, e está acontecendo ainda em muitos setores, é não resolver o problema maior: entre nós ainda os desonestos, com seus métodos de trabalho obscuros, e de conhecimento muitas vezes de todos, prevalecem. E estão acabando, com a passividade e silenciosa conveniência de cada um, mas em especial do próprio empresariado, que aceita esses métodos como facilitadores de negócios, com o país . Há algo de podre além da carne.

Sunday 12 March 2017

DO FUNDO DE GARANTIA E DA ENERGIA ELÉTRICA

DO FUNDO DE GARANTIA E DA ENERGIA ELÉTRICA

Se você prestar muita, mas muita atenção nas filas de pessoas que estão retirando dinheiro na Caixa Economia Federal das chamadas contas inativas do Fundo de Garantia do Trabalhador  ( FGTS), você não vai encontrar nenhum engravatado e como dizia Lula, de olhos azuis. La estão para receber seus dinheirinhos, esperando horas na fila (que agora já é menor) trabalhadores, humildes, desempregados ou sub-empregados. Brasileiros com pouca chance de progredir na vida, lutando para pagar as contas e lutando ainda para tentar conseguir emprego, quando tem.

Foi dinheiro deles que o estado brasileiro, representado pelos governos e seus ministérios de trabalho e da fazenda, se apropriou, geriu e enriqueceu muita gente, algumas das quais  estão hoje na fila de espera da Lava Jato. Se o governo anterior do PT não olhou e resolveu essa questão, não tem justificativa. Agora, que o governo do partido dos trabalhadores que esteve no poder 17 anos não viu isso, não dá para acreditar. Tiraram dinheiro de forma descarada, vil e imoral do trabalhador mais humilde, mais pobre. E nesta hora a pergunta é , porque ninguém viu isso antes, não protestou. No CODEFAT, o conselho que administra FGTS, tem representantes sindicais. Na Câmara e Senado tem políticos que representam trabalhadores. Nada. Ninguém viu, ninguém sabe.

Então parabéns ao Presidente Temer e seu Ministro da Fazenda, que acharam esse buraco nas contas e resolveram. E quantos outros, como tabela de imposto de renda desatualizada, ainda tem?

Outro exemplo de verdadeira maracutaia foi o resultado de uma ação popular que exigiu a revisão das contas de luz. E ai descobriram que pagamos no ano passado 1.800 milhões de reais a mais na conta de luz porque a ANEEL, a agência responsável pelo controle do setor elétrico, errou e autorizou a cobrança indevida. Agora começa jogo de empurra entre vários órgãos governamentais, desculpas sem sentido e sem nenhuma responsabilidade. O fato é que tantos economistas, engenheiros e não sei mais o que, que atuam na área, não souberam fazer cálculos. Ou fizeram cálculos que enriqueceram as distribuidoras no ano de crise, de falta de emprego e de atividade produtiva.

Por favor, me poupe dizendo que se enganaram. Fizeram de forma consciente, clara, e de má fé beneficiando um grupo de empresas em prejuízo da população. E nenhum deputado ou senador falou nada, os burocratas que estão nos enganando dizendo que não sabiam de nada, continuam onde estão, e nem os procuradores de justiça, tão zelosos, fizeram alguma coisa. Enquanto estamos preocupados, o que está certo, com or desenrolar da Lava Jato, os elefantes estão passando por nós, tirando ainda mais dinheiro.

Os dois casos mostram que estamos longe , mas muito longe de sermos uma sociedade transparente e honesta com seus cidades. Imagina quantos casos como esses ainda estão nas telecomunicações, concessões, outras cobranças de impostos e taxas. É de arrepiar só de pensar nisso!

Thursday 9 March 2017

DO MUNDO GLOBAL MINEIRO

DO MUNDO GLOBAL MINEIRO

Minas Gerais nasceu globalizada: a invasão portuguesa só sentiu interesse pelas terras brasileiras não pela imensidão do seu território ainda desconhecida, nem pelas belas praias ou dóceis índios, mas quando os bandeirantes chegaram às minas de diamantes e ouro. Na época, e ainda por muitos séculos, eram essas riquezas trazidas pelo que hoje chamamos de Estrada Real (do projeto turístico inicial de cultura e história, transformado em projeto de marketing de ganhos fáceis para organizadores) ao porto de Parati, que sustentavam o governo português e depois, os brasileiros.

Hoje em dia não saem de Minas mais diamantes, mas sai muito ouro, cada vez menos pedras semi-preciosas, mas com minérios como de ferro e nióbio, produtos siderúrgicos e com a ajuda do café em grão, soja, milho, Minas é essencialmente um estado  exportador e formador do maior superávit comercial do país. Com tranquilidade dos números, pode-se dizer que Minas sustenta o superávit da balança comercial brasileira, sendo que além dos produtos primários mencionados ainda há automóveis, auto-peças e alguns outros manufaturados, como têxteis.

Falamos de um estado cuja economia depende, de um lado, da conjuntura mundial para absorver suas matérias  primas  e, de outro lado, de sua capacidade de ser competitiva. O esforço de diversificação da economia mineira tem longa história mas conseguiu resultados pouco significativos. Minas deve adotar os modelos canadense e australiano, que são baseados na competitividade de seus recursos naturais e também na adoção da sustentabilidade como pilar do seu desenvolvimento, e ao mesmo tempo procurar um avanço tecnológico que lhe permita ser competitivo e diversificado. E olha que nem o Canadá, nem os Estados Unidos e nem a Austrália abandonaram o agronegócio como outro sustentáculo de suas economias.

E todo esse processo de globalização coloca a questão de quanto estamos de fato globalizados em Minas. Algumas escolas internacionais, como a excelente Fundação Torino, a Escola Americana, a Aliança Francesa, entre outras, os inúmeros cursos de relações internacionais, alguns consulados, o projeto da Associação Comercial de Minas de internacionalização de BH, não nos fazem globalizados. Muito menos missões empresariais aos exterior, que têm como objetivo agradar  os eleitores sindicalistas e não trazem beneficio algum à economia. Há também o tímido HINDI, que tem poucas benesses para distribuir e o agressivo  CODEMIG, que tem muito dinheiro mas está sem rumo.

Terminando a coluna, após cinco anos, que discorria essencialmente sobre o mundo e a economia mineira, fica a pergunta onde fica e ficará Minas neste mundo novo de indústria 4.0, de conflitos regionais religiosos ou não, de uma sociedade tecnológica, competitiva. Uma sociedade disruptiva em todos os sentidos. Alguém pensa e vai levar o estado e sua população a um novo patamar?

Se os 300 artigos escritos no Hoje em Dia, que abandona essa discussão hoje, fizeram alguns pensarem sobre isso, já valeu meu agradecimento a todos os meus leitores. Minas de futuro em um mundo diferente. E Minas diferente. Melhor para todos.