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Friday 18 September 2015

DOS NOSSOS VIZINHO MUITO QUERIDOS

DOS NOSSOS VIZINHOS QUERIDOS

O Brasil é um país feliz, pelo menos no que se refere aos seus vizinhos. Imagine nesta crise migratória européia, quando centenas de milhares de refugiados estão invadindo a Europa, um país vizinho, como a Hungria, que faz parte da União Européia, fechar as suas fronteiras, bater nos imigrantes, e deixá-los na sua porta. A pergunta é: fizeram a União Européia e agora nessa situação é cada um por si e dane-se o vizinho? É quase isso. DOS NOSSOS VIZINHOS QUERIDOS, sendo que a vizinhança na área política é sempre um problema.

Quanto à união de países, nos somos sócios de várias delas, sendo que a  MERCOSUL em nada tem nos ajudado a prosperar. O Brasil toma muitas das decisões de política externa para fortalecer o MERCOSUL, enquanto os demais sócios, notadamente a Argentina e mais recentemente a Venezuela, tomam todas as posições para enfraquecer a aliança e, com isso, o Brasil. Especificamente, a Venezuela tornou-se um passivo não só dentro do MERCOSUL, mas também nas nossas relações externas, de tal tamanho e forma que é sentar e esperar que a situação se resolva. A última do governo de Caracas, que conversa com passarinho para saber o que vai acontecer, é a condenação de Leopoldo Lopes, líder da oposição, a 14 anos de prisão. Um julgamento que qualquer ditadura militar do passado latino-americano teria orgulho de fazer, de tão anti-democrático, ilegal e tendencioso que foi. E no Brasil, onde se protesta de tudo contra todos, nada se fala, nada se diz, nem no governo e nem no Congresso. E sabe porquê? Para não melindrar o governo caraquenho, porque podem reagir mal e não pagar o que nos devem. E olha que devem algo como 30 bilhões de dólares, e realmente, se não pagarem, muitas empresas, como a Andrade Gutierrez e outras  da mesma classe, vão entrar em colapso.

Trocar a coerência de princípios éticos e morais na política externa não é nenhuma novidade na história. Mas, tem que se estabelecer critérios e limites, caso se deseje estar entre os países líderes do mundo. Onde os interesses econômicos prevalecem sobre os direitos humanos e outros interesses estratégicos?  E o que defender no palco internacional, além do  seu próprio bolso? Acho que  isso não está muito claro para a sociedade brasileira, da qual uma parte está mais preocupada em se resguardar da  volatilidade da política econômica do que de pensar que com coerência de princípios pode ter até  mais ganhos do que com a sua falta. Seja no plano interno ou externo.

Thursday 10 September 2015

DO GUARDA-CHUVA NO DIA DE SOL

DO GUARDA-CHUVA NO DIA DE SOL

Existia um antigo provérbio, pouco lembrado hoje em dia, que dizia que o banco só dá guarda-chuva no dia de sol. No dia de chuva de granizo e trovoadas, você esta sozinho. Sozinho está o município onde você mora, e sozinho está você ou no seu emprego ou na sua empresa.  Em resumo, a pergunta "com quem  se pode  contar nos  dias de granizo" tem muitas discussões e uma só resposta.

No nível do município e das regiões, está  cada vez mais comprovado que os que fizeram  um plano de desenvolvimento com início, meio e fim, consensual, tiveram sucesso e se saíram melhor. Ou seja, os prefeitos são líderes políticos naturais que devem, para o bem da comunidade que representam, fazer para o município que lideram seu planos de desenvolvimento. As promessas eleitorais e conjunturas políticas podem se enquadrar  perfeitamente dentro desses planos. Mas, os planos não devem ter centenas de páginas de economês ou língua dos planificadores urbanos que, de um lado ninguém entende, e de outro lado não querem dizer nada a ninguém. São planos para para encher linguiça intragável e enganar os eleitores e habitantes do município.

Planos têm que ser simples, com objetivos claros e têm que ser compreendidos por todos para serem aplicados. Têm que ter sonho e visão do município, e têm que congregar a todos. Seus instrumentos de gestão, como o orçamento municipal, não podem ser algo que só atende à legislação e eventualmente aos legisladores locais, mas devem atender à população como um todo. E  com os resultados anunciados, têm que ter resultados medidos. Um planejamento desses não é simples, mas também não é tão complexo que não possa ser feito. E os municípios que o fizeram, e existem no Brasil, melhoraram em muito o nível da vida dos seus cidadãos.

O fato é que a chuva de granizo, caindo quase todo dia com a crise política e econômica, requer mudança de paradigma da gestão das empresas e dos gestores públicos. Quem se antecipou a isso, não será sobrevivente, mas sim o vencedor.

Agora, você decide a que classe pertence você, sua empresa, seu município. E o que depende de você. Só de você, porque os guardas chuvas acabaram.

DA ZONA DE REBAIXAMENTO

DA ZONA DE REBAIXAMENTO

Precisando de uma boa notícia na área econômica internacional, o rebaixamento  para zona de valor não confiável, ou  junk, da economia brasileira, feita pela agência de avaliação de risco S&P, caiu feito luva para o Ministro da Fazenda brasileiro. A avaliação, que foi feia, põe o dedo na ferida e diz tudo o que precisava ser dito para que os políticos, e em especial o Congresso, tomem jeito e votem o ajuste fiscal como proposto pelo governo.

E como toda moeda tem dois lado, esse é um lado. O outro é  que a mídia nacional só faltou repetir a americana CNN quando anuncia com fanfarra o início de algum ataque norte-americano pelo mundo. Brasil rebaixado! Que vergonha. Estamos em companhia da Hungria, membro da União Europeia, Rússia e Indonésia, aquela que tem pena de morte para os narcotraficantes. Não é que a imprensa do mundo inteiro tenha deixado de noticiar o fato. Muito pelo contrário, todos noticiaram e analisaram. E como diria Dada Peito de Aço, vem mais chumbo por aí.
As  outras duas agências, Fitch e Moody, também vão fazer as suas  avaliações. E não devem ser muito diferentes da que foi feita pela Standard and Poor. E daí vêm avaliações de governos estaduais e municipais, das empresas, bancos  e provavelmente todos vamos para a zona de rebaixamento.

Mas vale a pena lembrar que nada disso é novo e qualquer analista sério já esperava esse rebaixamento. As agências, que são empresas privadas porém independentes, já foram condenadas nos Estados Unidos e muito criticadas pelo mundo afora, pelas suas avaliações erradas e tendenciosas. Pode não ser esse o caso do Brasil, mas o fato é que uma avaliação dessas agências mexe muito com o mercado, aumenta os juros nos empréstimos e todas as outras operações do Brasil no exterior. O Brasil, por essas análises, torna-se um risco que, mesmo tendo uma reserva cambial de 376 bilhões de dólares, e que representa dez vezes o endividamento externo, continua indesejável para os investidores. Em resumo o rebaixamento não é coisa boa e a esperança é que pare por aí e o país resolva seus problemas e volte a crescer.

Para o povo que suando ganha seu dinheirinho, isso quer dizer eventual aumento de custos,  dificuldades ainda para arranjar emprego e a eterna lembrança  de um ano atrás de perder para  a Alemanha de 7:1.Isso sim que foi rebaixamento que todo mundo entende. Qualquer semelhança entre os dois é mera coincidência.

Friday 4 September 2015

DA CRISE TUPINIQUIM MUNDIAL

DA CRISE TUPINIQUIM MUNDIAL

Um hábito absolutamente comum pelo mundo afora, e em especial em países emergentes, é achar o culpado fora das suas fronteiras, para a sua inépcia gerencial das contas públicas e dos negócios do estado. Há casos clássicos, como a inimizade do regime chavista versus os Estados Unidos, seu maior cliente de petróleo. Ou até, mais recentemente, de Cuba, também contra os Estados Unidos. Aliás, o imperialismo norte-americano é o preferido no mundo inteiro para ser culpado, o que não quer dizer que não tenha culpa nenhuma pelas mazelas do mundo. E, nesse rol de culpados, entram às vezes grupos religiosos, étnicos ou econômicos que atrapalham as economias e os governos. Nesse capítulo, os preferidos são os bancos.

A situação mundial está nestes tempos de fato destruindo a economia brasileira? A resposta não é linear. O Brasil, como oitava economia do mundo, está obviamente inserido nos fluxos comerciais, financeiros, econômicos  e nas variáveis políticas globais. Não há como dizer que o Brasil está fora do que acontece no mundo. Muito pelo contrário, o Brasil é um ator político e econômico importante no cenário internacional. Pode não ser o decisivo, mas é sem dúvida alguma importante. E no contexto das situações que o mundo vive, como conflitos armados na Ucrânia, Oriente Médio, Estado Islâmico, Afeganistão, Iraque, conflitos nos países  africanos, escaramuças entre China e Japão, e outros, a pergunta é: quanto eles afetam o Brasil? Ou a crise humanitária que hoje vivem a Europa e os países africanos?

Essas situações influenciam, mas não são decisivas no desempenho do estado brasileiro. As situações que mais nos afetam são as da nossa vizinhança, como a Argentina e a Venezuela, que deve muito ao Brasil e não se sabe como vai pagar, a inadimplência dos países africanos e suas políticas, como a sucessão presidencial em Angola, onde as empresas brasileiras privilegiadas sempre jogam as conta (aliás parece ser o caso de muitos países na América Latina) para Tesouro Nacional. Ou seja, o intercâmbio comercial é que nos afeta.

A valorização do dólar e a queda dos preços das matérias primas e produtos agrícolas são de fato uma desgraça para a nossa economia. Mas, todos os estudos mostram que eles afetam menos a economia nacional do que fatores internos.

Pode ser interessante para governantes jogarem toda a culpa nos gringos pelas nossas mazelas, mas a sua verdadeira raiz não está só fora , está dentro do país. Vale a pena conferir.

Sunday 30 August 2015

DOS HOMENS E DO DINHEIRO

DOS HOMENS E DO DINHEIRO

O  que chama mais a sua atenção: a queda das bolsas e a perspectiva de dificuldades econômicas na China ou a descoberta de mais de 70 corpos  de refugiados africanos em caminhões na Áustria? Ambos são eventos mundiais que apareceram nas primeiras páginas  dos jornais na semana que passou. De um lado, tremor financeiro, de outro lado, crise humanitária com os refugiados africanos e do Mediterrâneo invadindo a Europa.  A Hungria constrói muro com Servia para impedir a sua entrada. A Itália, salvando milhares  deles no mar, mas ao mesmo tempo centenas deles morrem afogados.

Crises previsíveis ou não? A crise financeira, cujos tremores estão acontecendo ainda, é crise de bonança, de ganância, de dinheiro. É  previsível e faz parte do jogo do poder  e jogo de ganhar com especulação.  Demonstra o poder incrível que hoje a China adquiriu nos últimos 30 anos. Todas as economias dependem da China e a nossa ainda mais. Os chineses conseguiram baixar os preços das matérias primas a níveis quase inimagináveis e com certeza extremamente prejudicais aos países emergentes. Conseguiram dominar o mercado manufatureiro e o comércio mundial.

Nós ocidentais temos enorme dificuldade em entender 6000 anos de história  chinesa. De entender a sua cultura, seu interesse nacional, suas ambições e as situações que a China viveu. Não faz nem setenta anos que acabou a brutal ocupação japonesa da China continental. E que os Estados Unidos criaram um estado artificial chamado Taipei, e que Hong Kong e Macau eram colônias britânica e portuguesa. A China não se preocupa com o mundo, mas o mundo esta cada vez mais preocupado com ela. E, principalmente, a preocupação é econômica e financeira.

Nesse cenário, a crise humanitária que vive a África,  onde não por acaso os maiores investidores são os chineses, bate durante as férias europeias como um tsunami na porta da Europa. Aquela Europa que foi a principal força  colonial no continente. Até hoje na Namíbia, onde a Alemanha imperial dominava, tem nome das ruas em alemão. E a Europa, que abandonou o continente, só se interessando em explorar suas riquezas para ela mesma se enriquecer mais, esqueceu simplesmente as pessoas. Esqueceram a gente.
Agora chegou a conta da verdade. O discurso sobre direitos humanos face à realidade. Lamentavelmente, a realidade de interesses econômicos está se sobrepondo à moral sobre a vida humana.  A Europa é incapaz de achar um equilíbrio e liderar mudanças mais profundas, que demonstrem que ela não continua essencialmente colonialista. A vida não vale nada, o que vale é o dinheiro.

Stefan Salej

Saturday 22 August 2015

DOS GERMÂNICOS

DOS GERMÂNICOS

Há mais de cem anos, o jornalista norte-americano John Carpenter,  que escreveu um livro sobre a América do Sul, notava que o comércio entre os países hanseáticos, que hoje se chamam República Federal da Alemanha, e o Brasil  (que nesse período não mudou nem de nome e nem de território, não sendo palco de nenhuma guerra) era infinitamente maior do que com os Estados Unidos. E que os alemães, que vieram  para o Brasil há 200 anos, dominam o nosso comércio com a Europa.

A visita da chefe do governo alemão, Chanceler Ângela Merkel, e seus sete ministros, nesta semana, a Brasília (o Ministro das Relações Exteriores Steinmeir esticou ainda a visita a São Paulo,  com avião de carreira) reforça a importância das relações econômicas entre os dois países. Os acordos assinados não são significativos em valores, mas mostram uma abrangência estratégica da relação  entre os dois países. Alias, os alemães afirmam extremamente que essa aliança é estratégica. No Brasil, o capital alemão, em especial na indústria, predomina e suas mais de 1600 empresas estão firmemente fincadas no mercado brasileiro. Ninguém, apesar das clássicas reclamações sobre o custo Brasil e a  imprevisibilidade das políticos governamentais, está saindo do país. São empresas como a Siemens, que está no Brasil há mais de 100 anos, e a BASF, que aproveitou a visita para festejar 150 anos de sua  vida, dos quais 105 anos no Brasil.

Para o atual governo brasileiro, a visita da principal líder política da Europa se junta à visita presidencial a Washington e demonstra claramente que, nos encontros com nossos principais parceiros, e aí temos que incluir a visita do Vice-Primeiro Ministro da China, há um mês, e a próxima visita do Príncipe herdeiro do Japão,  todas as conversas giram de forma discreta porém firme em torno da estabilidade da democracia brasileira. Nenhum dos nossos parceiros, e os alemães estão muito firmes nisso, deixa de querer quer que se faça um eficaz ajuste fiscal e o país volte a crescer. O governo Dilma tem apoio para isso do exterior e a visita de Merkel reafirma esse apoio que, pela sua liderança na Europa, traz junto todos os 28 países membros da União Europeia.

Minas, que teve investimentos alemães importantes no século passado, está onde sempre esteve recentemente. À margem, apesar de que a embaixadora do Brasil na Alemanha é mineira.

Saturday 15 August 2015

DA EDUCACAO INTERNACIONAL 1

DA EDUCAÇÃO INTERNACIONAL

As empresas querem exportar, precisam exportar, precisam se instalar fora do país para melhorar a sua receita e a sua posição competitiva. E na composição de vários fatores que entram para se alcançar o sucesso, bem na base de tudo, está a educação. Começa com a educação  básica, escola primária, vamos dizer assim. Não  só pelas condições básicas para os alunos estudarem e os professores terem a oportunidade de aperfeiçoamento, salários dignos e condições de ensino mínimas, mas também pelo currículo escolar. Vamos ao simples  exemplo da cachaça, que hoje um dos produtos mais importantes de exportação mineira. E ela não é  produzida nos grandes centros, mas nas regiões  onde tem muita mão de obra abundante e pouco qualificada.  E ai, é só um esforço conjunto de todos os atores envolvidos pode produzir bons resultados.

E apesar de muito discurso sobre  a educação e muito investimento feito, estamos longe de nossos concorrentes. Nas medições internacionais chamadas de PISA, o Brasil ocupa o 60o lugar  entre os 76 países pesquisados. E este resultado também corresponde  às nossas colocações na escala mundial quando comparamos inovação, competitividade e produtividade das empresas brasileiras. E tem mais: se melhorarmos a educação, teremos um bom crescimento do nosso produto interno bruto.

Além da educação  primaria, que está nos níveis primários mesmo, temos a educação profissionalizante. Na semana que passou foi realizado o  campeonato  mundial, Worldskills, em São Paulo onde jovens  de 50 países  competiram em inúmeras profissões. O Brasil, e  também Minas, que teve uma participação significativa, não se saíram mal. Melhor do que nas avaliações do ensino básico. Temos campões sim, mas continuamos, apesar de uma esforço louvável do Sistema S (Senai, Sesi, Senac, Sesc, Senar, Sebrae, Senat), ainda longe de poder dizer que o nosso ensino profissionalizante atinge a maior parte da nossa população jovem e se apresenta como a alternativa profissional para melhor a empregabilidade.  O Governo Federal, que começou bem com o programa PRONATEC, está  reduzindo recursos nessa área, enquanto o sistema S está  começando a ter menos recursos porque as empresas estão mal.

E o resultado disso não é só a redução do número de alunos,  nem a disponibilidade para aumentar a competitividade das empresas, mas mais jovens na rua. E haja a ilusão de que a desvalorização do real vai trazer competitividade às exportações brasileiras. Ilusão que custa caro.