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Thursday 7 March 2013

CHAVISMO VAI SOBREVIVER SEM CHAVEZ



Do Chavismo sem Chavez

Morreu foi Hugo Chavez, Presidente eleito da República  Boliviriana da Venezuela. Amado  por milhões e detestado pela direita mundial, manteve-se no poder por 14 anos, resistindo a todos os tipos de ataques,  inclusive ao famoso "Cala-te" do Rey da Espanha, como inventor de Socialismo do século XXI. Não faltaram tentativas de tirá-lo do poder. Não faltaram discursos inflamados contra seus inimigos e principalmente contra o governo Bush dos Estados Unidos.

O legado histórico da liderança do Hugo Chavez vai demorar a ser absorvido após a sua morte. As contradições que produzia na política internacional são difíceis de serem entendidas fora do contexto venezuelano. No campo interno, combateu a pobreza e deu uma esperança nunca alcançada pelos menos favorecidos naquele país. Mas, não conseguiu a estabilidade econômica, nem dominar o simples abastecimento ou pior, a inflação. A riqueza do petróleo não foi suficiente para criar uma base sólida de desenvolvimento.

Paradoxalmente, no campo externo, Chavez criou alianças impossíveis como com o Irã e a Bielorussia, continuou fornecendo petróleo para o seu principal cliente e arqui-inimigo, os Estados Unidos, para onde mandava gasolina mais barata para os  pobres, fez uma aliança com Cuba que deu sobrevida ao regime cubano, e conseguiu que seu país entrasse para Mercosul. Articulou a Aliança Bolivariana, ajudou a formar a UNASUL e outros organismos regionais políticos e financeiros. Foi uma figura ativa da política internacional e, em especial, latino-americana. Mais do que o "Socialismo o muerte" declamado pela guarda presidencial aos visitantes estrangeiros, ele trouxe de volta ideais do libertador das Américas, Bolívar.

A eleição para o próximo Presidente de Venezuela, em que o atual Vice-Presidente Maduro será um forte candidato, não garante a estabilidade política e muito menos econômica ao quinto produtor de petróleo do mundo. A Venezuela terá que enfrentar uma remodelação econômica para dar sustento ao seu modelo político, seja ele socialismo ou bolivarismo. E a sua eventual instabilidade não afeta só o mercado de petróleo, mas principalmente as exportações brasileiras de serviços e equipamentos para aquele país. O Brasil tem, além da amizade, um interesse econômico impar com a Venezuela, que pode afetar profundamente a nossa economia. E o vácuo político, nem que seja mínimo, será aproveitado após o enterro do Chavez por todos os que não tiveram espaço durante o governo dele. Em jogo está mais do que só a felicidade do povo venezuelano ou a ideologia.


Stefan B. Salej
7.3.2013.

Monday 4 March 2013

EU TENHO ESPIOES PARA ME PROTEGER????



Onde estão meus espiões?

Em primeiro lugar, quero saber onde estão e o que fazem os espiões no Brasil. Tom Clancy nos seu último livro Threat Vector detalha como os chineses espionaram no Brasil para uma empresa estatal de petróleo obter contrato de oleoduto. Nesse mesmo livro, relata de forma dramática os ataques cibernéticos da China contra os Estados Unidos. Agora, saiu o relatório de uma empresa de segurança que confirma o estado de guerra cibernética que estamos vivendo, cujo campo de batalha são os Estados Unidos. As empresas americanas perderam, segundo relatório do Congresso norte-americano, mais de 300 bilhões de dólares no ano passado, devido ao roubo de segredos tecnológicos e comerciais, principalmente pela China.

O roubo cinematográfico de diamantes na capital européia Bruxelas no valor de 100 milhões de reais é brincadeira perto do que esta acontecendo hoje na área cibernética. Os hackers mais capazes trabalham hoje para os governos. Mas, mesmo assim, sobram ainda muitos que perturbam a vida de cidadãos, com entradas em contas correntes, cartões de crédito e todas as outras formas eletrônicas da vida. Quanto mais progredimos, mais nos tornamos vulneráveis, tanto no nível individual como corporativo.

O Brasil é um país exposto nessa área. Temos exércitos poderosos de seguranças privadas, que superam em muito a segurança pública, possuímos uma legislação ainda  leve para o tamanho do problema e muita, mas muita gente aproveitando da situação com a falta de meios de controle pelo poder público para fazer espionagem particular.

De um lado, as empresas, principalmente os grandes players, tanto na infra-estrutura como na área financeira, que já estão bem equipadas, precisam avançar mais na proteção cibernética e na contra espionagem industrial. Isso também cria muita oportunidade para os empresários inovadores e principalmente para a indústria de software. Esses programas devem ser feitos no Brasil e para isso precisamos de matemáticos e engenheiros.

Outra parte é o papel do estado. Achar que Brasil terá uma economia forte com serviços de inteligência fracos, é a ilusão de ótica errada. Sabemos realmente o que fazem os espiões de terceiros no Brasil? Se pensarmos só em termos militares ou de narcotráfico, pode ser que tenhamos uma resposta. Mas como fica a espionagem econômica e empresarial? Os contratos no Brasil e a presença de nossas empresas são de interesses de nossos concorrentes. Nossas empresas estão protegidas? Sequer sabemos quanto perdemos por ano? Ou o Brasil é campo livre para essas atividades?

Uma democracia dinâmica e forte supõe um Estado forte nessa área. Tem que haver definições legais claras e meios para o desempenho. Estamos num mundo diferente, mais competitivo, que vai exigir novas funções e principalmente mais coordenação entre todos os atores envolvidos. Vai dos  organismos governamentais, tanto de segurança como de política externa, até as empresas, que  são a primeira linha de defesa. Esse desafio de guerra econômica e seu futuro na área de cibernética podem definir quanto vamos crescer ou não.

Stefan B. Salej
21 .2.2013.