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Sunday, 19 September 2021
DOS 20 ANOS DO SETEMBRO
DOS 20 ANOS DO SETEMBRO
Para o Brasileiro, que Deus proteje, um ataque aéreo é coisa de filme. Ficçāo pura. Para europeus e asiáticos, que infelizmente experimentaram guerras, não é. E nem para os americanos dos Estados Unidos, que foram agredidos pelos japoneses em Pearl Harbor e no 11 de setembro 2001 em Nova Iorque e Washington, também não é ficção. Uma brutal realidade que nas duas ocasiões mudou o mundo. Na primeira, foi a entrada dos Estados Unidos numa guerra da qual tentavam se esquivar, e, no segundo caso, uma guerra com um inimigo previsível mas que apareceu com uma força aliada à invisibilidade: o terrorismo islâmico.
Os vinte anos que se seguiram, e que a nossa geração viveu, mudaram muito o mundo. Os Estados Unidos usaram a estratégia de que a melhor defesa é o ataque e, com alto custo humano e financeiro, conseguiram alguns resultados. A guerra no Iraque e Afeganistão e conflito no Oriente Médio, cuja face mais visível hoje é a Síria e a Líbia, podem ser totalmente inúteis do ponto de vista de quem não foi atacado, mas a lógica de quem sofreu um ataque como foi a destruição das torres gêmeas de Nova Iorque é totalmente diferente.
Essa concentração de esforço de defesa dos Estados Unidos em todas as suas políticas, não só a externa, se fez sentir num rearranjo do mundo. De um lado, houve uma tremenda mudança tecnológica nestes 20 anos e o surgimento de uma China e uma União Europeia bem mais fortes do que no início deste século. As mudanças tecnológicas e o crescimento da China são interligadas. O crescimento da China nesse ambiente de guerra também permitiu que osEstados Unidos se fortalecessem.
Agora, inclusive em função da epidemia de COVID 19, temos um mundo cujo desenho é bem diferente do que estávamos vendo no tempo após a Segunda Guerra Mundial. Em primeiro lugar, o terrorismo islâmico em formas e modos diferentes, continua sendo um inimigo da paz e da tranquilidade. Mesmo com a morte do líder dos atentados nos Estados Unidos, esse mal do nosso século não desapareceu, como foi o caso do nazismo ( apesar do ressurgimento de extrema direita em várias partes do mundo) após 1945, mas aparece com violência e brutalidade em vários lugares do mundo. Será sem dúvida alguma a preocupação de segurança das mais promitentes da nossa época.
O Brasil se saiu menos ferido nessa guerra. Com total desprezo pela situação que passaram os Estados Unidos, o Brasil não se envolveu em nenhum conflito militar. E muito menos deu um basta à expansão de células terroristas na fronteira tríplice com a Argentina e o Paraguai. E mais, não consegue acabar com as alianças dos terroristas islâmicos com o narcotráfico. Essa nossa fragilidade, que também advém da falta de recursos financeiros exigidos para esse tipo de combate, pode custar muito, mas muito mesmo, para o futuro do país. Só uma pergunta simples: estamos preparados para evitar um ataque do tipo que aconteceu na França há dois anos na boate Bataclan, ou em Nice, ou na Espanha, ou Alemanha?
Aconteceu também um outro cenário, aparentemente econômico, mas de repercussões geo-políticas importantes. Nos trocamos a parceira econômica com Estados Unidos por uma parceira com a China. China não só se tornou nosso principal parceiro no comércio exterior e nos nossos investimentos, mas falando de forma branda, salvou a pátria. Os saldos positivos obtidos nas trocas comerciais salvaram de todo o desdém de gestão pública dos governos Lula, Dilma, Temer e atual. Sem a China estaríamos falidos e a mercê das missões do FMI e credores externos.
Para podermos avaliar os próximos 20 anos, temos que entender bem os passados 20 anos. A presença do terrorismo no mundo, mesmo que por graça divina não aconteça aqui, deve ser a nossa preocupação. Essa ameaça também tem consequências para uma economia estruturalmente frágil como a nossa. Então não basta estar feliz porque aparentemente nada aconteceu. Aconteceu e não percebemos. E a felicidade dos poucos com os preços do minério e da soja, além do milho nas alturas, não substitui o perigo que nos ronda e que insistimos em ignorar.
Stefan Salej
Monday, 19 July 2021
DE MINAS PARA FRENTE E PARA TRÁS : 5G
DE MINAS PARA FRENTE E PARA TRÁS
As terras mineiras escondem nas suas profundezas complexidades pouco vistas em outras regiões. Não se trata só de diferenças sociais visíveis pelo país afora, mas, principalmente, de seus avanços tecnológicos, e de seus atrasos. Parece que se insiste em Minas em sempre começar de novo e de novo , ao invés de construir e renovar. Mas, como sempre, também neste assunto há exceções que confirmam a regra.
O mundo está vivendo uma revolução tecnológica que melhor se expressa pelas adoção da tecnologia de conectividade 5 G, que nem é continuidade de 4 G, nem tem nada a que ver com outras tecnologias, que alguns inadvertidamente já estão chamando de 6 G. É conectividade mais eficaz, mas que permite ligar sistemas de dados, controles, sensores e mais e mais. Muda o funcionamento da indústria, do agro, da medicina, da educação, das cidades, muda tudo, muda o nosso viver de hoje.
Mas, não basta conectar, algo que está em curso com os leilões de frequências pelo governo federal. É necessário um plano para que as conexões funcionem, facilitando a vida dos cidadãos, do governo e das empresas. E aí, Minas foi pioneira, estabelecendo um grupo de trabalho coordenado pelo Vice-Governador do Estado. Em resumo, Minas, que já fez duas vezes o Diagnostico da Economia Mineira (com Fernando Roquette Reis e Carlos Alberto Teixeira nas presidência do BDMG), o projeto Cresce Minas de introdução da metodologia de clusters feito pela FIEMG, está se organizando para dar um novo salto na sua percepção do futuro .
Nenhum estado brasileiro tem condições tão favoráveis de aproveitar esta revolução tecnológica 5 G como Minas. Começa com uma infra-estrutura de pesquisa com dois pilares, a UFMG e o INATEL. Continua com um parque industrial na área de telecomunicações que é o Vale da Eletrônica, e tem a única empresa de telecomunicações de comando nacional e excelência impar, a Algar. Também tem um centro de pesquisa da Google, o Sao Pedro Valey, cluster de empresas de informática e mais alguns outros projetos importantes.
Tem também um mercado onde essa tecnologia pode ser aplicada extraordinariamente. O uso de redes privadas, além da expansão das redes públicas pelas operadoras, é o “X” do problema no assunto.Ou seja, sistemas agrícolas como cooperativas, minerações, sistemas de saúde e de educação, são o mercado natural para o uso dessas tecnologias. E Minas tem exatamente isso.
Se tudo está assim maravilhoso, onde então as coisas estão emperradas? Por onde Minas anda para trás, ao invés de para a frente?
Um projeto dessa natureza tem que ser consensual e compreendido por todas as lideranças no estado. Tem que mudar o paradigma, parar de pensar só em arrumar o caixa do estado, emprestar dinheiro para projetos que não adotam as últimas tecnologias, aliás o que vale para incentivos fiscais, parar de chorar sobre o governo federal e sua inépcia, achar que infra-estrutura é só estrada e trem.
É um mundo novo para cuja construção tem que ter adesão de todos. De que adianta fazer um grupo de trabalho que tem bloqueio da FIEMG, se a indústria, caso não mudar de paradigma tecnológico, não terá nenhum futuro? E mais, a adaptação dessa tecnologia vai depender de municípios que regulamentam o uso de antenas. E aí, se os prefeitos e os vereadores não entenderem de que se trata ou acharem que é mais uma oportunidade para seus objetivos e não para o povo que representam, vai tudo para brejo.
Se pensarmos bem, os obstáculos são essencialmente de natureza de liderança politica. Trata-se de colocar todos os atores num projeto só, com resultados visíveis para a melhoria de vida da população. É só querer e trabalhar.
Monday, 28 June 2021
DE BRIGA DOS SUB CACIQUES DA INDUSTRIA BRASILEIRA
DE MINAS EM PRIMEIRO LUGAR. PARA ALGUNS, SIM E PARA OUTROS....
Dizem as leis não escritas, em Minas, que, sendo mineiro, primeiro Minas. E assim se julga as pessoas, principalmente as que ocupam cargos públicos de qualquer natureza em Minas. Às vezes se perdoam deslizes no amor à terra, mas não se esquece jamais nem se perdoa alguém que colocar interesses pessoais ou interesses de terceiros acima desse amor infinito com as terras de Minas.
Minas foi pioneira na industrialização do Brasil. Primeira usina siderúrgica, primeira usina hidroelétrica e assim por diante, foi se formando um parque industrial, se não o maior do Brasil, sem dúvida dos mais competitivos em qualidade e competitividade. Não só grandes complexos industriais, mas até produtos artesanais, como cachaça e queijo, viraram a marca de Minas. E dentro desse contexto, a entidade empresarial da indústria, a FIEMG, pioneira inclusive na implementação dos clusters no Brasil ou APL (dos quais se destaca o Vale da Eletrônica) tem um papel fundamental no contexto econômico-social do Estado.
É uma entidade pública no sentido da responsabilidade política e social, além da sua função econômica. Aliás participou da vida política desde sua fundação há 85 anos de forma ativa e participativa . Portanto, os atos praticados lá, independentemente de sua natureza legal, não são fatos de ordem interna. São sim fatos que afetam o estado como um todo e cada cidadão mineiro, seja da indústria ou não. Pelo menos assim pensavam e agiam dois dos ex-Presidentes da entidade, Nansen Araújo e José Alencar, e seu sucessor.
Os eventos das últimas semanas, onde os dois atuais ocupantes dos cargos na entidade nacional da indústria e na estadual, onde acusações de parte a parte saíram das salas de reuniões e se tornaram públicas, dizem diferente. Os dois mineiros ocupantes dos cargos da suposta liderança industrial se estranharam num assunto fundamental para a vida dos brasileiros: ficar ou não mais tempo na presidência da entidade nacional. O que está lá, atuando há mais de quarenta anos em entidades empresariais, dos quais oito na presidência da FIEMG e doze na CNI deseja, por voto da maioria dos seus 27 pares, ficar mais um ano. Mudou o estatuto uma vez para ficar mais quatro anos, e, apesar de não ser mais representante de Minas na entidade, quer prorrogar seu mandato por mais um ano. Por que? As respostas são variadas, mas vão desde a necessidade de terminar seus projetos (doze anos não foram suficientes), evitar que a eleição ocorra em ano eleitoral brasileiro, para não ser contaminada por políticos (como se já não estivesse) e esperar que o candidato preferido dele concorra na eleição no seu estado e, se não ganhar, junte os votos das federações do Nordeste e se eleja de novo.
O príncipe mineiro, que justiça seja feita, não vai provocar a mudança de estatuto para prorrogar o mandato, está contra e tem apoio das federações da indústria de São Paulo e do Rio Janeiro. Ou seja, 75% do PIB está contra essa prorrogação, o que não vale nada porque os que não têm peso industrial têm votos. Assim é o sistema que movimenta bilhões de reais por ano e nunca, nem em Brasília e nem em Minas nos últimos vinte anos, publicou um balanço sequer. Total falta de transparência, da qual o cúmplice é o Tribunal de contas da União. Mas isso não tem nenhuma importância porque as pessoas lutam por esses cargos pelos benefícios que oferecem e prestígio por politico e benefícios para seus negócios e não pelo bem da indústria.
Aliás, a pergunta que fica é o que os dois fizeram para que a indústria crescesse ao invés de ir ladeira abaixo. E o que os dois, quando eram amigos, fizeram mesmo para o crescimento da competitividade da indústria mineira e brasileira.
Enquanto a indústria está minguando, temos pandemia, 500 mil mortes e crise de energia, dois mineiros resolvem brigar publicamente ao invés de se unirem e fazerem algo de bom para Minas e para o país. O motivo de brigarem pode até estar correto, em especial quando se fala em prorrogação dos mandatos. A distorção que vivemos no mundo das entidades de classe é assustadora. De um lado um mundo real, de dificuldades para sobreviver, de outro lado, briga de poder. Apesar de que a previsão de crescimento do PIB industrial mineiro este ano seja de 7 %, a pergunta é se isso é resultado da conjuntura internacional ou de ações das entidades de classe. Coisa de caudilhos empresariais que consideram que ser presidente de entidade e atuar quarenta anos é mais lucrativo do que ser empresário. Caudilhismo empresarial que se estende pelas corporações como conselhos profissionais, outra área que merece destaque nos custos das empresas e cidades.
Mostrar que queremos bem ao país é dar resultados e dois mineiros só brigarem se for para Minas ficar melhor. E com Minas, o Brasil. E se não forem capazes de resolver as divergências de forma civilizada, então o questionamento fica para o tribunal da cidadania mineira.
Sunday, 16 May 2021
DO MEIO AMBIENTE E AMBIENTE ALGUM
DO MEIO AMBIENTE E AMBIENTE ALGUM
Um país abençoado, que canta no seu hino nacional os encantos naturais e suas belezas, além de ter na sua bandeira as cores verdes de suas florestas, está na encruzilhada histórica de definir se o meio ambiente será meio ambiente inteiro ou só a metade do complexo chamado mudança climática e meio ambiente. As discussões confusas no país sobre o tema, que um dia privilegiam o debate sobre queimadas na Amazônia, depois o tema de águas, e de vez em quando os temas de embalagens, reciclagem, economia reversa e circular e não sei quantos assuntos mais, se multiplicam sem termos uma política nacional consensual sobre o tema. E nem o tema foi ou, pelo que parece, será um dia de destaque nos debates eleitorais.
Nesta confusão mental que predomina, o cidadão médio brasileiro, aquele que vive no dia a dia, sem emprego ou com subemprego e com todas as dificuldades, não tem nenhuma chance de se preocupar com o meio ambiente, cuja degradação o atinge em cheio. Para começar com falta de água potável e esgoto, sem falar na moradia e falta de educação.
Mas, essa poluição da miséria não desobriga a outra parte da sociedade, inclusive beneficiária ilusória da miséria da maioria dos brasileiros, de não ter a responsabilidade de se preocupar com o assunto como parte absolutamente fundamental do futuro do país. O atual estágio de degradação do meio ambiente, apesar de alguns sucessos, como a matriz de energias limpas, inclusive etanol (e aí vai a nossa homenagem ao recém falecido engenheiro Camilo Penna, criador, quando Ministro de Indústria e Comércio, do Proálcool), é a certeza de um país inviável daqui a trinta anos.
O alto grau de urbanização, que demanda situações próprias na área do meio ambiente, com soluções adequadas na área de transporte, saneamento, energia, águas e outros, já é um problema. As cidades, com raras exceções, entre elas São Paulo e Salvador, não possuem planos de mudanças climáticas e programas para enfrentar as crises oriundas de gestão adequada nesta área. A poluição urbana bate direto na saúde de seus cidadãos. E qualquer mudança na área de transporte esbarra no lobby das concessionarias de transporte, que elegem os políticos e mandam neles. Enquanto em Santiago de Chile rodam 1000 ônibus elétricos, em Sāo Paulo estão em experiências 17 ônibus. E os movidos a diesel poluem e provocam doenças e mais doenças respiratórias.
Outra área de debate marginalizada ainda é a poluição no sentido mais amplo das poucas indústrias que sobraram no país. Estamos falando de produtos abaixo dos padrões internacionais e nocivos à saúde e ao meio ambiente ainda no nosso mercado. As grandes empresas multinacionais estão em geral cheias de discursos sobre meio ambiente, mas suas fabricas e seus produtos não seguem os padrões ambientais dos países mais desenvolvidos. Aproveitam com maior tranquilidade as brechas legais para aumentar a sua rentabilidade.
Na área rural, onde por exemplo na pecuária tem problema de emissões de metano, a situação ainda é mais complexa. De um lado tem um código florestal exemplar, de outro lado um grupo depredador que deixa mal todos os demais.
Mencionar as minerações, que vivem hoje um boom de preços e demanda, é um verdadeiro pleonasmo econômico. As grandes fazem o que querem, veja os desastres de Mariana, Brumadinho ou no Para , pagam as multas e declaram mea culpa, mea máxima culpa, e continuam fazendo o que sempre fizeram. As minerações menores e as da região amazônica fugiram ao controle e proliferam nos esquemas de alianças políticas e com controladores sem dúvida nenhuma não éticos nem aceitáveis numa sociedade organizada e democrática, e também fazem o que querem, pouco ligando para as leis e a sociedade.
Neste item, esquecer os madeireiros da região amazônica, é fazer injustiça aos todos demais depredadores e usurpadores do meio ambiente brasileiro. Estes sim, internacionalmente reconhecidos, são os campeões de degradação brasileira.
A essa situação dramática deve-se que juntar a questão legal e o exercício do poder do estado em todos os níveis no Brasil. Temos uma complexidade jurídica e um sistema de controle do meio ambiente que vai de promotores a fiscais, de enlouquecer qualquer um. Um sistema que alimenta desvios de todos os tipos e para os quais não faltam nem beneficiários e nem artimanhas mais fantasiosas possíveis. Não falamos de corrupção simplesmente porque a sua inserção no sistema é, como dizem alemães, subentendida.
Minas foi, com Hugo Werneck e outros movimentos, pioneira neste item de meio ambiente. A USIMINAS, na gestão de Rinaldo Campos, foi a primeira siderúrgica no mundo com ISO 18.000, padrão altíssimo em termo ambientais e sociais. Também movimentos radicais contra a poluição da Mannesmann levaram à melhoria significativa dos padrões ambientais. Mas, os desastres de Macacos, Mariana e Brumadinho, entre outros, mostraram a mudança no comportamento das empresas, dos empresários e do governo. Soluções como acordo financeiros só beneficiam os bolsos de seja quem for. Mas, se não houver mudança de fato, liderada pelos empresários responsáveis e cidadãos conscientes , não adianta nada. Os industriais tiraram de sua marca as chaminés, mas, através de sua entidade maior, apoiam com mão na cintura a depredação ao invés de uma gestão ambientalmente e socialmente responsável em prol do desenvolvimento do estado.
A proposta de nova legislação que elimina as licenças ambientais, com apoio de maioria dos deputados eleitos com dinheiro dos depredadores ambientais e entidades empresariais da indústria, será a grande vitória do mal sobre o bem. Será um bomba atômica destruindo o futuro do Brasil. Precisamos sim de uma legislação que preserve o meio ambiente para que seja força motriz do nosso desenvolvimento. E por que não a fazem? Porque não a querem. Porque querem ganhar dinheiro agora, sem se preocupar com o futuro das próximas gerações.
Há honrosas exceções no país, verdadeiros exemplos mundiais de boas praticas, mas eles estão sendo atropelados por bandidos ambientais que não percebem que estão atirando no seu próprio pé. Só quando perdermos os mercados internacionais e estivermos como Cesar na peça teatral, nus no meio de deserto, talvez acordemos para como fomos tolos, omissos e participes de nossa própria destruição.
Stefan Salej
Sunday, 11 April 2021
DO “HAY GOBIERNO, SOY A FAVOR, CONTRA E MUITO PELO CONTRARIO”
DO “HAY GOBIERNO, SOY A FAVOR, CONTRA E MUITO PELO CONTRARIO”
O Brasil, na sua base econômica, não difere muito da República Popular da China. Nāo no seu desempenho como estado ou país. Aí a diferença é brutal. Mas a dependência da economia brasileira, seu entrelaçamento com o tecido político e o sistema de governança, ultrapassa qualquer definição de economia de um estado democrático. A intromissão do estado na economia através do sistema político e do governo ultrapassa a imaginação de qualquer analista e nos ilude pela sua complexidade. É fácil dizer que China é dominada por um partido comunista e tem a gestão de sua economia dominada por esse partido. Quando então se comparam quanto este partido domina os destinos de economia do país com como no Brasil a aliança dos políticos e do executivo, com a complexidade jurídica e seu aparato, descobre-se que a complexidade brasileira esconde uma intervenção muito maior e, por incrível que pareça, com resultados bem diferentes. Nós somos prisioneiros de um falso sistema construído através de séculos, veja as leis da Província de Minas de 1848, que a Mercado Comum publicou, onde o estado domina totalmente a economia do país. Somos um país abusado, violentado.
Esse tecido econômico, essa aliança espúria de políticos, governo e sistema judiciário, determina o relacionamento entre os empresários e os poderes da República. A empresa no Brasil só cresce e sobrevive na sombra dessa aliança espúria de políticos e governantes. Essa sombra do poder ilimitado a estes atores , dado inclusive de forma democrática nas eleições, atinge todo o tecido econômico, independentemente de sua localização, ramo de atividades ou tamanho. E a isso se junta o sistema judiciário, vasto, enorme, guardião de justiça que zela para que o sistema se mantenha vivo. Em nenhum país do mundo a intervenção da justiça na vida das empresas, seja trabalhista, fiscal, criminal, ambiental e não sei mais o que, interfere, regulamenta, ameaça e alimenta injustiça, como o sistema brasileiro.
Nesse retrato, que ainda leva na sua relação, empresas versus sistema político governamental, a nossa jabuticaba, ainda tem duas ferramentas infalíveis: o castigo e o estímulo. Para os amigos tudo, e para os demais a lei. No momento em que atingimos o triste recorde de quase 400 mil mortos em decorrência da epidemia, fome e miséria, também somos o país onde cresceu, mesmo com a desvalorização brutal do real, o maior numero de bilionários, 11 novos bilionários em dólar, no ano de 2020.
Esse é sistema para o qual aderem com afinco e força políticos todas as matizes ideológicas no país. De um ao outro extremo. A história do Mensalão, da Lava Jato, e outros dezenas de exemplos, mostra o funcionamento dessa aliança de interesses econômicos e políticos e de manutenção do sistema.
E aí, quem será contra? As chamadas lideranças empresariais querem e se esforçam para fazer parte do sistema. Lutam ferozmente para serem incluídos na base política, para fazerem as mudanças que levem a mais benesses. Sāo poucos os que têm projeto de melhorar a competitvidade do seu setor, do seu estado, ou ainda um projeto de melhorar o país como um todo. As criticas ao governo sāo feitas para negociar melhor o que interessa e nāo para resolver o problema. A falta de reforma tributária nāo faz falta porque a desordem fiscal alimenta um sistema perverso mas muito lucrativo, tanto para o estado como para um sem numero de advogados, juízes, e, também, empresários.
O empresários numa democracia representativa e economia de mercado têm voz e responsabilidade na condução de política. No Brasil sempre foi assim, sem precisarmos lembrar o golpe de 64 e nem o Manifesto de oito empresários a favor da democracia dez anos depois. E hoje continua assim. É o sistema que temos.
Esse sistema é do antes do muito pelo contrário . Ele historicamente ja mostrou para onde o país vai. E as mudanças radicais, seja o evento de 64, sejam tentativas contra, também demonstraram que não é esse o caminho. Se as lições da nossa história e do nosso desastre de hoje nāo nos induzirem a pensar como sermos diferentes dentro de mudanças que o sistema democrático nos permite, então nāo haverá mudanças. E esse sistema de fato fará o sistema econômico brasileiro produzir melhores resultados financeiros, por quanto tempo mais? Ou tecido social, desprezado nessa equação com suas variáveis, como o meio ambiente, é um acelerador de benefícios econômicos ou vai se tornar ainda mais um peso que freia o desenvolvimento como um todo. A passividade e adesão do sindicalismo brasileiro, seja empresarial, mas principalmente dos trabalhadores, a esse modelo, nāo convence que o futuro do modelo está garantido. É uma ilusão de ótica da melhor qualidade.
Os empresários e as novas gerações terão que refletir sobre isso, e mais, deverão ter na sua mente e em suas ações coletivas com clareza qual modelo político proporciona melhores resultados coletivos. Vejam como estão reagindo as grandes corporações americanas às limitações que os republicanos estão impondo aos eleitores. O empresário nāo representa somente o capital, mas toda a comunidade que gira em torno desse capital e tem que estar atento a isso. Ou seja, em torno da empresa há um mundo, assim como a empresa também está no mundo, seja no próprio país, seja no mundo globalizado. E não no final de contas as mudanças tecnológicas que estamos vivenciando agora também batem na porta. Há uma mudança tecnológica em curso, mas ela inexoravelmente leva a mudanças sócias e econômicas. O mundo se move com mudanças.
Sunday, 21 March 2021
VAMOS NOS OUVIR, VAMOS OUVIR....
McKinsey Classics | March 2021
The art and science of listening
The art and science of listening
For leaders, listening to the insights and opinions of other people—including other top executives—is a critical part of strategic decision making, not only during unprecedented crises like the COVID-19 pandemic but also in ordinary times. But the ability to listen requires deliberate cultivation. Few people need it more than senior executives, who tend to focus on presenting their own opinions as forcefully as possible, rather than on listening to what others have to say.
To counteract these tendencies, the author of a classic 2012 McKinsey Quarterly article proposed three principles for better listening: respect other people, keep quiet and let them speak, and open yourself to their ideas by challenging your own assumptions. For more on this fundamental subject, read “The executive’s guide to better listening.”
— Roger Draper, editor, New York
Learn to listen
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Thursday, 18 March 2021
DA MASCARA DE OXGENIO
DA MASCARA DE OXIGENIO
Entrando no avião, eles avisem imediatamente, que se cair a mascara de oxigênio, você coloca primeiro e depois ajuda a criança ou idoso para colocar a mascara. No caso total que vivemos hoje em dia, a situação mesmo em termos empresariais, é parecida com as instruções no avião. Cuide primeiro de você para que você em seguida pode cuidar de sua família, sua empresa e seus amigos.
O tamanho de caos vivenciado todas as horas do dia nesta epidemia requer novas qualidades e habilidades para gerenciar os negócios. Mesmo os que passamos por guerras, nāo vivemos a experiência que estamos vivendo último ano e que nem sabemos por quanto tempo ainda vamos viver. O conjunto de fatores totalmente desconhecidos do ponto de vista medico, trouxe a tona outras fragilidade. Covid nāo é só um vírus do ponto de vista sanitário mas é um vírus que atacou os indivíduos, sociedades e suas estruturas econômicas e politicas que construimos durante os milênios da nossa civilização.
Começamos pelo politico. Se a confiança em lideres políticos ja era ruim, Covid simplesmente os colocou no palco daquela peça quando gritam Cesar está nu. Cesar e sua patota. Os políticos mal preparados para tempos que se diziam normais nāo mostraram de repente suas qualidades de liderança para enfrentar a epidemia como fênix. Continuam mostrando seus piores defeitos e estão usurpando da crise para todos os tipos de beneses e benefícios políticos e em muitos, mas muitos casos tambem financeiros. Sāo os aproveitadores de pior espécie de uma guerra sanitária que matou no Brasil mais gente do que sequer imaginamos ou somos capaz de contar. Alias, esta descrição de ações politicas nāo é exclusividade brasileira, com raras exceções acontece pelo mundo afora.
No campo econômico, os magos também se perderam. Nāo conseguem enxergar nem os miseráveis e famintos que a crise aprofundada criou e por outro lado tambem nāo param de fazer as coisas que beneficiam seus grupos preferidos de negócios que foram nos tempos passados chamados pelos argentinos de abutres. A quantidade de excelentes negociatas, legais, que foram feitas durante a epidemia, sao de arrepiar o cabelo ou melhor perder todo o cabelo. Como na politica principalmente na economia, o espaço livre é imediatamente ocupado e surgem os interesses que sabem fazer isso com uma perfeição cirúrgica. Inclusive nāo infringindo nenhuma lei. E a lei faltar, veja o paragrafo anterior, como se unem os dois segmentos para fazer a lei.
Neste triangulo de Bermudas que vivemos, Covid, politica e economia, esta você tentando chegar de outro lado sem saber quando a tempestade vai acabar e sem saber o que vai sobrar. E ainda esta ai uma quantidade de novidades tecnológicas que nos ajudam resolver os problemas mas ao mesmo tempo criam os receios pelas novidades e mudanças que aparecem. No fundo da questão você como empresário esta sozinho porque o ultimo com quem você pode contar são os políticos, governos e seus associados. É muito desesperador e estressante. Por isso nestas horas tem que manter muita, mas muita calma e muito dialogo. Sozinho, cercado por um ambiente caótico, agressivo em todos os sentidos, tem grandes chances de tomar decisões precipitadas. Tomam se decisões que nāo deram certos, mas ai tem que ter a capacidade para mudar os rumos. E mesmo zoomando tem que conversar ate com as pessoas que em tempos normais nāo conversaria. Nem os tempos sāo normais, nem tempo há. O tempo hoje se tornou menor, as convivências mais importantes e manter cabeça fora d’agua, fundamental. O mar é esse mesmo que você pensou quando lhe falaram: fique queito para nāo entrar no nariz.
Stefan Salej
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