Das eleições e do patriotismo europeu
Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.
O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay.
O fato é que essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.
Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam demais.
Stefan B. Salej
16.5.2014.
Das eleições e do patriotismo europeu
Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.
O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay.
O fato é que essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.
Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam demais.
Stefan B. Salej
16.5.2014.
Das eleições e do patriotismo europeu
Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.
O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay.
O fato é que essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.
Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam demais.
Stefan B. Salej
16.5.2014.
politica internacional, visao de Europa,America Latina,Africa, economia e negocios international politics, business, Latin America-Europa-Africa
Saturday, 17 May 2014
Monday, 5 May 2014
Dos corruptores gringos
Empresários mineiros que venderam a sua empresa após 40 anos navegando nas águas turvas do mercado brasileiro a um grupo espanhol orgulhavam-se e achavam que um dos ativos mais importantes da empresa era a sua gestão transparente. Sem propina aos compradores, fiscais, ou seja quem fosse, era um ativo importante para eles. E os espanhóis, com aquela franqueza ibérica glacial, chamaram os mineiros simplesmente de idiotas por não saberem fazer negócios no Brasil, onde você corrompendo, principalmente na área elétrica, pode ganhar mais dinheiro do que em qualquer outro país!
E esta semana, pela primeira vez, a União Européia, oficialmente declarou que, em todosos seus membros, existe corrupção. E que traz prejuízos em mais de 360 bilhões de reais ao ano aos seus contribuintes. Acabou-se o cinismo de dizer que a corrupção, e em especial no setor público, é privilégio dos sub-desenvolvidos. Mas, não acabou de todo porque a imprensa européia quase não falou desse estudo de 41 páginas e a funcionáriada União Européia foi enfática ao declarar que isso é só o inicio e que medidas práticasainda serão tomadas. A maior parte desse processo corruptor acontece nas áreas de saúde, construção civil e desenvolvimento urbano e na de telecomunicações. Portanto, até nesse ponto os europeus estão se desenvolvendo bem.
E aí lembramos das estórias dos primeiros portugueses chegando ao Brasil, jáoferecendo bugigangas aos nativos. E daí em diante, os que vieram trouxeram práticasque, justiça seja feita, também encontraram terra fértil na Brasilea, que foram só sendoaperfeiçoadas. O caso mais recente de duas empresas européias, Alstom e Siemens, ésó a ponta do Icebergue da contribuição nessa área que trouxeram para Brasil. É comum achar, como aqueles espanhóis que se implantaram aqui, que no Brasil só se ganha dinheiro com corrupção. Mas se esquece que, sem os corruptores, não há corruptos.Éincrível que as empresas cujos governos são mestres em dar lições de moral sobre como o país deve combater a corrupção, exercem práticas que lá são ilegais, com a maior tranqüilidade, no Brasil.
Agora o cinismo só vai aumentar, porque os europeus podem, com exceção dos alemães que hoje já possuem uma legislação que proíbe as empresas atuando no exterior depagar propinas, corromper fora dos seus países. A nova legislação brasileira é um grande avanço quando aplicada direito. Mas, o que de fato falta muito e muito mesmo é, que em vez de termos medo dos corruptos, enfrentemos também os corruptores. E ai, não tem nacionalidade nem origem. Quem sabe com isso em vez dos empresários criticarem que há corrupção, adotem o NÃO em todas as suas formas e conteúdos. Inclusive na política.
Stefan B. Salej
5.2.2014.
Monday, 23 September 2013
O mensalao e a justiça brasileira no mundo
Da justiça brasileira e do mundo
Há algum tempo, um entusiasmado brasileiro explicava num seminário, exatamente no dia em que começava o julgamento do mensalão, como o Brasil combate a corrupção. E dizia que o exemplo do julgamento mostrava a seriedade com que o país levava o combate ao crime de colarinho branco e à corrupção. A platéia suspirava com admiração e batia palmas para Brasil, exemplo edificante de democracia sustentada pela justiça.
O novo julgamento dos réus do mensalão, decidido democraticamente pela mais alta corte do país, lança uma outra luz sobre o Brasil. A pergunta é simples: como funciona o sistema judiciário no Brasil e quanto ele fortalece a democracia brasileira. E mais, quanto ele contribui para o aumento de competitividade das empresas brasileiras. E também as respostas são simples: o sistema é complexo, não estanca a crescente corrupção empresarial e política, aumenta os custos e reduz em muito a competitividade da economia brasileira.
Efetivamente, há empresas e políticos que preferem operar em um sistema de corrupção permanente, especialmente se o sistema judiciário, com sua complexidade legal, permite isso. O caso das multinacionais que fizeram cartel de preços confirma isso. Elas transgrediram a lei porque nos países deles era permitido transgredir a lei em outro país. Ou seja, ser corruptor no Brasil sim, mas em casa, não! O sistema de investigação, em especial da Policia Federal e de certos setores do judiciário e procuradorias, dá impressão de eficiência. Toda hora tem investigação, arrastando-se por muito tempo, mas a finalização é o problema.
O investidor, seja nacional ou estrangeiro está diante de um sistema de leis, uma complexidade fiscal e um instrumental jurídico que lhe absorve enormes recursos humanos e financeiros e não lhe garante justiça. O resultado parcial do julgamento do mensalão foi recebido no exterior como sinal claro de que no Brasil o sistema de investigação funciona, mas o sistema de julgamento possui complexidade jurídica que permite transgressões à lei, com punição incerta. Do ponto de vista político, isso corrói a democracia e a estabilidade política do país. Do ponto de vista econômico, diminui a capacidade de crescer das empresas e premia os transgressores da lei.
A mudança desse cenário não esta visível. Ou o que se vê não dá a segurança a ninguém para que haja um sustentável crescimento democrático. Talvez esteja aí o grande nó do Brasil.
Stefan B. Salej
19.9.2013.
Thursday, 5 September 2013
DO MUNDO MUITO,MAS MUITO CONFUSO E PERIGOSO
Do mundo muito confuso
Os 20 países chamados do G 20, que representam 90 % de produção mundial, reunidos no belíssimo palácio na cidade natal do Presidente russo Putin, São Petersburgo, fizeram nesta semana uma das reuniões mais tensas e ao mesmo tempo mais difíceis desde o início deste século. O G 20, do qual o Brasil faz parte, discutiu os fundamentos
da crise econômica e a sua saída, a desvalorização da moeda norte-americana,
que prejudica em muito os países emergentes e, last but not last, a crise na Síria. Se alguma vez foi necessário o uso de todo o
potencial que a diplomacia oferece, essa era a ocasião. Mas foi lamentavelmente perdida. E como disse um estadista alemão, quando fracassa a diplomacia, entra o exército. E quando fracassa o exército, entra a diplomacia.
E no meio, entre duas passagens dos diplomatas, tem guerra, mortes, sangue e lágrimas.
O que se discutia
publicamente na Rússia, onde os presidentes
dos Estados Unidos e Rússia anunciaram há semanas que não querem se reunir em
privado porque nada tem que tratar que melhorasse as relações entre os dois países, tem pouca importância. Importantes foram as reuniões e conversas em privado.
Mas, o mais visível desse encontro foi a
discussão sobre papel dos Estados
Unidos em um mundo multipolar. A recuperação econômica depende dos Estados Unidos e das suas políticas monetárias. O ataque à Síria, banhada em sangue, é decisão solitária norte-americana, que teve oposição forte e ameaçadora da Rússia e China e apoio da
França. E mais: os Estados Unidos foram expostos por espionar o mundo
por um desertor libertário que fugiu via China e
esta exilado na Rússia, com depósito de material explosivo em mãos de amigos dele no
Brasil.Todos os países envolvidos estavam
presentes em São Petersburgo.
A reunião, que era para conciliar as diferenças e encaminhar soluções, transformou-se em azedo, quase desagradável, conclave de divergências. O Brasil estava lá com a Presidente da República espionada até a medula pelos norte-americanos. Adicionalmente, vítima de guerra cambial, e frontalmente contra a intervenção norte-americana na Síria, sem aval das Nações Unidas. E não termina aqui essa situação: no ar paira o provável cancelamento da visita presidencial a Washington, que
ocorreria no mais alto nível diplomático, a visita de Estado.
A liderança mundial que se reuniu lá, aumentando as divergências em vez de aumentar as convergências, deixa o mundo
apreensivo. Em princípio não é ruim que um país exerça forte liderança mundial, mas pelo bem de todos. Nunca foi tão verdadeira a frase do ex-Secretario do Estado norte americano
Dulles, dizendo que os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses. Mas, nos também !
Stefan B. Salej
5.9.2013.
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