Dos vizinhos felizes e difíceis
Vizinhos, você raramente escolhe. Você pode ter uma convivência melhor ou pior. Pode até mudar ou eles mudarem. Mas
nascendo brasileiro, já tem como vizinhos, graças à competência da diplomacia do Barão do Rio Branco, os argentinos,
uruguaios, paraguaios, colombianos, peruanos, bolivianos, venezuelanos, uns
mais perto e outros mais longe. Todos hermanos
sur americanos. Com alguns somos até sócios em organismo regional como o Mercosul, que aliás foi fundado no governo Itamar Franco em Ouro Preto, ou na UNASUL
- União das Nações Sul-Americanas.
Com esses vizinhos
desenvolvemos parcerias fundamentais para o crescimento recíproco. Obviamente, sem o gás da Bolívia o Brasil estaria com
mais problemas no crescimento industrial. Mas, a Bolívia também estaria mais pobre. O
mesmo acontece com a usina hidroelétrica binacional Itaipu com
o Paraguai, ultimo país com o qual guerreamos há 150 anos atrás. O modelo de
desenvolvimento industrial une a Argentina e o Brasil. Pode-se dizer que o
Brasil tem cooperação e parceria com todos,
intensa e extensa. Em todos os campos de atividades, não só o econômico.
Mas é justamente a doença do Presidente Chavez da
Venezuela e a nomeação do seu eventual
substituto, Maduro, que levanta a questão da real situação que enfrentamos com os nossos vizinhos. A era de soberba e tranqüila convivência acabou. Eventual mudança no governo venezuelano pode nos preocupar. E muito. Nossas
empresas estão presentes em grande escala naquele país. Nos somos até agora um sócio privilegiado. E olha o que esta acontecendo na Argentina.
Nossas exportações caíram, nossas empresas se sentem inseguras e quando a Presidenta
Dilma vai lá para criar condições melhores de cooperação, é criticada de forma inadequada por aqueles que sofrem de miopia
diplomática ou defendem interesses
alheios ao Brasil.
Não é só o governo que tem que estar preocupado com os movimentos de
enfraquecimento ou fortalecimento, como é o caso da Colômbia e do Peru, dos nossos vizinhos Sul americanos. Os problemas
políticos que geram problemas econômicos podem derrubar a
economia brasileira. São situações diferentes de relacionamento com outros parceiros como a União Européia, China ou Estados
Unidos. São diplomaticamente mais difíceis e complexos e é sempre bom lembrar a
nacionalização de instalações da Petrobras na Bolívia, o comportamento da
Argentina, a derrubada de Lugo no Paraguai e mais e mais casos. Não há a menor chance de o Brasil
abandonar parcerias privilegiadas na America Latina, inclusive com Cuba e México, porque são politicamente mais saudáveis para todos, inclusive para os empresários. Mas, é hora de atenção redobrada e ações de diplomacia preventiva
e não reparadora.
Stefan B. Salej
12.12.2012.