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Monday, 17 December 2012

DOS VIZINHOS FELIZES E DIFICEIS



Dos vizinhos felizes e difíceis


Vizinhos, você raramente escolhe. Você pode ter uma convivência melhor ou pior. Pode até mudar ou eles mudarem. Mas nascendo brasileiro, já tem como vizinhos, graças à competência da diplomacia do Barão do Rio Branco, os argentinos, uruguaios, paraguaios, colombianos, peruanos, bolivianos, venezuelanos, uns mais perto e outros mais longe. Todos hermanos sur americanos. Com alguns somos até sócios em organismo regional como o Mercosul, que aliás foi fundado no governo Itamar Franco em Ouro Preto, ou na UNASUL - União das  Nações Sul-Americanas.

Com esses vizinhos desenvolvemos parcerias fundamentais para o crescimento recíproco. Obviamente, sem o gás da  Bolívia o Brasil estaria com mais problemas no crescimento industrial. Mas, a Bolívia também estaria mais pobre. O mesmo acontece com a usina hidroelétrica binacional Itaipu com o Paraguai, ultimo país com o qual guerreamos há 150 anos atrás. O modelo de desenvolvimento industrial une a Argentina e o Brasil. Pode-se dizer que o Brasil tem cooperação e parceria com todos, intensa e extensa. Em todos os campos de atividades, não só o econômico.

Mas é justamente a doença do Presidente Chavez da Venezuela e a nomeação do seu eventual substituto, Maduro, que levanta a questão da real situação que enfrentamos com os nossos vizinhos. A era de soberba e tranqüila convivência acabou. Eventual mudança no governo venezuelano pode nos preocupar. E muito. Nossas empresas estão  presentes em grande escala naquele país. Nos somos até agora um sócio privilegiado. E olha o que esta acontecendo na Argentina. Nossas exportações caíram, nossas empresas se sentem inseguras e quando a Presidenta Dilma vai lá para criar condições melhores de cooperação, é criticada de forma inadequada por aqueles que sofrem de miopia diplomática ou defendem interesses alheios ao Brasil.

Não é só o governo que tem que estar preocupado com os movimentos de enfraquecimento ou fortalecimento, como é o caso da Colômbia e do Peru, dos nossos vizinhos Sul americanos. Os problemas políticos que geram problemas econômicos podem derrubar a economia brasileira. São situações diferentes de relacionamento com outros parceiros como a União Européia, China ou Estados Unidos. São diplomaticamente mais difíceis e complexos e é sempre bom lembrar a nacionalização de instalações da Petrobras na Bolívia, o comportamento da Argentina, a derrubada de Lugo no Paraguai e mais e mais casos. Não há a menor chance de o Brasil abandonar parcerias privilegiadas na America Latina, inclusive com Cuba e México, porque são politicamente mais saudáveis para todos, inclusive para os empresários. Mas, é hora de atenção redobrada e ações de diplomacia preventiva e não reparadora.

Stefan B. Salej
12.12.2012.         

Monday, 10 December 2012

BRASIL, BRAZIL, GRANDE,PODEROSO,POTENCIA




Do Brasil potência

A dimensão territorial e populacional do Brasil já tornam o país grande. E como é o maior do continente sul-americano, surgem constantes críticas a suas políticas, quaisquer que sejam, porque se parte do princípio de que Brasil faz de tudo para ganhar sempre,  prejudicando a terceiros. Acusações de hegemonia brasileira no continente e seu avanço  no cenário internacional geram resistências  e reações que dificultam a cooperação do Brasil com os países vizinhos.

No campo regional, a cooperação entre países ocorre através de instrumentos de integração  como o MERCOSUL  e a UNASUL, que são absolutamente naturais e usados também em outros continentes. Os exemplos mais gritantes são a União Européia e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte. É normal que o Brasil exerça nessas agremiações um papel ativo, levando em consideração interesses de todos os sócios, caso contrário o funcionamento do sistema seria prejudicado. Comparando, todos reconhecem o papel importante da Alemanha na UE, porque ela representa a economia mais forte da Europa. É algo natural nos dois casos.

A integração energética da América do Sul gera benefícios para todos na região e é fundamental para todos os parceiros. É claro que o aproveitamento energético pode ser maior onde existe uso maior de energia, ou seja, onde tem maior população e mais indústria. E também fica claro que essas alianças energéticas são alianças políticas. Enquanto o Brasil tem uma perspectiva de longo prazo na região, com países como o Paraguay, Argentina, Peru e Bolívia, os movimentos democráticos nos mesmos mudam muitas vezes a sua relação com o Brasil a cada eleição. Como é legitimo que eles queiram sempre condições diferentes nos contratos, também é legitimo que o Brasil defenda seus interesses.

Outro campo de cooperação é a área militar. Fronteiras comuns nas áreas dominadas por narcotráfico exigem uma ação comum, caso contrário o vencedor é o inimigo. As forças  de defesa desses países só podem colaborar. Não há outra alternativa para vencer o  adversário. E aí vale a pena observar que os investimentos brasileiros nessa área estão bastante abaixo dos seus parceiros da UNASUL.

O mundo é dividido em países líderes regionais. A sua liderança é determinada pelo seu desenvolvimento econômico e social e sua capacidade de cooperação. Há casos em que prevalece a liderança militar como braço prolongado de interesses econômicos. Não é o caso do Brasil, portanto não há ação hegemônica mas procura de parceria estratégica,  nos melhores ensinamentos do Barão do Rio Branco.

Stefan B. Salej
5.12.2012.