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Sunday, 12 July 2015

DO VINHO DE DIAMANTINA

Do vinho de Diamantina

Diamantina todo mundo conhece. Uns por causa dos tapetes arraiolos, outros pelas vesperatas, os terceiros por causa do ora pro nobis, uma comida deliciosa, e tem gente que até sabe a história  da Chica da Silva, a escrava que virou senhora. Da música  como Peixe Vivo, das ruas  feitas de pedras centenárias. Dos diamantes que eram transportados pela Estrada Real, revivida como caminho turístico, com muito marketing e pouca cultura. E também a Diamantina, terra natal do Presidente Juscelino Kubitschek, presidente bossa nova, democrata e renovador do desenvolvimento brasileiro. Cinquenta anos em cinco era o seu lema e o do Brasil  da época.

Mas, Diamantina, a 4 horas de carro de  Belo Horizonte, tem outras histórias a contar, além do seu encanto turístico. Como por exemplo as dos tapetes arraiolos, feitos  com lã, que passaram a ser, ao lado de outros produtos de artesanato, como as famosas bonecas, a marca da região. Com forte suporte da Igreja Católica,  a Cooperativa, que cuidava do projeto em 30 localidades e chegou a ter mais de 2000 colaboradores, hoje tem um número  minúsculo de gente tecendo os tapetes. Muitos explicam, mas mesmo com o esforço de reorganização liderado pelo SEBRAE, ninguém diz por que caiu a produção que deu fama à cidade e emprego a tanta gente. O projeto teve apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento  e era ponto alto de nova uma fase, além do turismo clássico, na tentativa de desenvolver a cidade.

A chegada da Universidade Federal do Vale  de Jequitinhonha e Mucuri, com seus quase mil docentes e número igual de funcionários administrativos, provocou uma nova onda de desenvolvimento. Dinheiro que chega sem precisar ser produzido localmente, novos consumidores com renda boa, e com alto nível intelectual. Surgiu uma nova classe que, se não se fechar em gueto acadêmico, liderará a inovação e a educação na região e poderá ser realmente um grande potencial de desenvolvimento.

E não por último tem algo de novo e nobre em torno da cidade. Vinhedos e oliveiras.  Lindos, bem organizados, com videiras de várias espécies de uvas, como merlot, tempranillo, sauvignon, e até  muscat, entre outros, dão a impressão de que estamos nos vinhedos da Toscana. O Shiraz produzido pelo Chico Meira na Quinta d’Alva se compara aos melhores  produzidos no Brasil. Mas, o Dr. João Francisco Meira, diamantense ausente, empresário respeitado no Brasil inteiro, não é o único que está investindo nessa área. Há mais de 20 pioneiros e está se formando um cluster de inovação da melhor qualidade. Nada de novo, de certa maneira, porque o vinho já se produzia em Diamantina no século passado. Tinha até  uma estação enológica, que foi desmontada pelos militares na década de 70, como foi também a estrada de ferro, e levada par Bento Gonçalves. Tudo para fazer esquecer de JK e da terra dele.

Não deu certo, voltou as ser o que é seu destino histórico. Tem vinho muito bom lá. Como tapete arraialo, só é difícil de comprar.

STEFAN SALEJ
Consultor internacional
Ex Presidente da Fiemg e Sebrae Minas

12.7.20125.

Saturday, 11 July 2015

DOS BRICS E O MUNDO BRACS

DOS BRICS E O MUNDO BRACS


No meio da quebra trilionária das  bolsas chinesas, da crise grega, dos ataques do estado islâmico e do verão quente na Europa, além dos contínuos combates na Ucrânia, a reunião dos líderes dos países dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China  e África do Sul, em um lugar remoto da Rússia, foi uma colônia de férias.  Todos estavam com maiores ou menores problemas domésticos, é só lembrar as notícias que foram mandadas para nossa Presidente naquela semana do Brasil, mas ninguém deixou de vir. Por incrível que pareça, a união dos BRICS foi prioridade, mesmo se a pauta não teve muitas novidades.

A crise européia, ou  as vezes erroneamente chamada de crise da dívida grega,  parece que teve todos os envolvidos como vencedores. Apesar de que  há muito a fazer, as nuvens  da discórdia que dominavam os céus da Europa se desfizeram. Tzipiras, o Primeiro-Ministro grego, conseguiu uma proeza incrível, ou seja, no linguajar popular, agradou a gregos e  troianos. E desagradou a nossa sócia nos BRICS, a Rússia, que apostava alto na desintegração da União Européia com a saída da Grécia.

Os chineses, que controlam tudo, não conseguiram controlar a queda realmente brutal da sua bolsa de valores. As empresas chinesas de repente perderam valor em até 50 % de seu valor de capitalização, o que bateu forte na sua capacidade de alavancar os capitais no futuro. O governo, que apreendeu e aplica com vigor inúmeras  técnicas de economia de mercado, caiu na prova quanto a manter o mercado de capitais  sob controle. O total de perdas nas bolsas chinesas é equivalente ao valor total das empresas na bolsa de Londres. Já imaginou se desaparecessem da noite para dia todas as empresas em Londres? Não, ninguém imagina.  Mas a China continua lá, mesmo se efetivamente com menor crescimento, o que vai afetar os preços das matéria primas e os investimentos no exterior.  E claro, bate no Brasil, já que a China é o nosso principal  parceiro econômico.

No final, os BRICS deram dois empurrões nos projetos que andam devagar: o Novo Banco de Desenvolvimento, com capital de 100 bilhões de dólares e um fundo de emergência para evitar crises financeiras. Um boa coisa dessa reunião foi que não falaram em novos sócios,  agradeceram muito a condução da presidência brasileira que ninguém notou e não discutiram nem posições comuns na próxima conferência do clima. Amigos para sempre, porque não discutem nada que desagrade ao outro. Criou-se um mundo próprio em um mundo onde muito se discute e se chega pouca conclusão.

Stefan SALEJ
 10.7..2015.

Sunday, 5 July 2015

DA AJUDA E PARCERIA COM OS GOVERNOS

DA AJUDA E PARCERIA COM OS  GOVERNOS


Espere o governo ajudá-lo. Seja qual for, municipal, estadual, federal, organismos internacionais, todos eles têm planos, programas, idéias e conversa para convencê-lo de que estão fazendo o melhor para você, cidadão-empresário.  Não passa dia em que uma entidade governamental não lance alguma bondade para o empresário. E em especial para o pequeno e médio, estes são os preferidos. Programas e mais programas,  publicidade e marketing. Às vezes acertam, e realmente sai alguma coisa boa. Mas, na maioria das vezes não chega ao caixa da empresa para melhorar seu desempenho. Aliás, a publicidade governamental é muito mais usada para adicionar recursos aos políticos para as suas campanhas do que  para convencer alguém de que algo positivo está acontecendo. Simples, me explique o que você consegue saber do que o BDMG faz através do anúncio no taxi de Belo Horizonte. Ou ainda, se o Banco de Desenvolvimento, em seus quase 50 anos, ainda não conseguiu informar o que faz, e você como empresário ainda não sabe, temos um problema do tamanho de um elefante.

Definitivamente, os governos são rápidos para cobrar, os empresários bons para pagar, claro que com certas exceções, mas os empresários são muito ruins em cobrar do governo. Para começar, são raros os escritórios de contabilidade que conseguem dizer ao empresário a que ele tem direito. Só, e só, quais são suas obrigações. Vamos fazer a tabela de obrigações do município, estado e governo federal com o empresário. Nenhuma entidade de classe ainda fez. Sem falar nos famosos conselhos profissionais, que cobram muito e, de novo, com poucas exceções, fazem algo positivo para a classe profissional.

Entre as entidades que podem ser mais bem aproveitadas estão as do sistema S. O empresário tem que saber o que elas oferecem, já que as sustenta, e ter a humildade de reconhecer que elas têm serviços bons e aproveitáveis para a gestão do seu negócio. E quem sabe às  vezes a humildade de conhecer novas soluções, novas tecnologias e novos mercados.

A coisa mais simples é criticar governos e colocar a culpa neles pelas dificuldades dos nossos negócios. Claro que os políticos e governos têm a sua parcela de culpa, mas as soluções para a sua empresa e seu negócio vem de você e não do governo.

STEFAN SALEJ
Consultor internacional
EX PRESIDNETE DA FIEMG E SEBRAE
www.salej.com.br


DA AMÉRICA PODEROSA

DA AMÉRICA PODEROSA A notícia mais importante da semana no cenário internacional só vai sair no domingo à noite, quando as urnas fecharem na Grécia e sair o resultado do referendum sobre o acordo com os credores. Essa situação grega desnudou toda a fragilidade da União Europeia, as relações financeiras e econômicas entre seus membros e a preponderância de uma política monetária não só de austeridade mas principalmente de manutenção de certos países em permanente sub-desenvolvimento em relação ao líderes do desenvolvimento. Mas, o que isso tem que ver com a visita sorridente da Presidente Rousseff aos Estados Unidos? Muito mais do que se imagina, mesmo que o Presidente Obama só tenha mencionado rapidamente o assunto na entrevista coletiva dos dois. Um, que o Brasil, mesmo sendo tratado pelo Obama como potência global, não faz parte de nenhuma solução do problema grego. Mesmo nos organismos multilaterais como o FMI, o nosso voto e a nossa voz estão sem maior significado. Dois, que a quebra da União Européia, com eventual saída da Grécia, ou, como estão chamando o processo, a total reformulação da União Européia, atinge o nosso segundo mais importante parceiro comercial. E ainda mostra como o mundo continua o mesmo: manda quem pode e obedece quem deve. Como a situação cambial brasileira está deteriorada, as eventuais soluções, e veja o que aconteceu com a Argentina, se assemelham em muito ao processo grego. Não tenhamos dúvida de que ninguém vai agir de forma diferente, se o Brasil tiver dificuldades, do que como estão agindo com relação à Grécia. Como aquela propaganda, você pode ser o eu de hoje, amanhã. Quando Obama elogia o Brasil, dizendo que somos potência global, está dizendo que a liderança regional está hoje, como sempre esteve, nas mãos dos Estados Unidos. Antes da visita presidencial brasileira, aliás de pouco destaque na imprensa mundial, Obama teve uma semana feliz e, como ele mesmo disse, melhor só foi a da sua lua da mel. Caiu o índice de desemprego, o Supremo Tribunal de Justiça liberou geral o casamento de pessoas do mesmo sexo e mais alguns outros ítens. Mas, nos dias seguintes vieram outras notícias: as abertura das embaixadas de Cuba e Estados Unidos nos respectivos países, conversações meio secretas com os venezuelanos, e mais a visita do presidente do Vietnã comunista, o aliado fiel de Washington no Leste Asiático. Assim, estamos de volta ao ciclo de amizade eterna com os vizinhos do Norte, que geram no Brasil mais de 500 mil empregos diretos e têm investimentos superiores a 400 bilhões de dólares. Haja independência com tanto dinheiro investido aqui. Stefan Salej 4.6.2015.

Tuesday, 30 June 2015

DA EXPORTAÇÃO SALVADORA

DA EXPORTAÇÃO SALVADORA Mais uma vez o governo brasileiro usa o expediente de lançar um plano nacional de exportação. Todos os governos antes deste já falaram que exportação é fundamental, que sem exportação não importamos e mais todas as verdades que existem nessa área. Em 1972, o Brasil fez um trabalho extraordinário para se apresentar como país exportador, inclusive participando, como este ano também, da Feira Mundial que estava sendo realizada em Bruxelas. O Brasil sempre exportou, mas exportou o que vieram comprar ou vêm comprar. E a exportação sempre foi um risco enorme para o empresário brasileiro ou a empresa estrangeira no Brasil, devido não só ao risco cambial como às mudanças de regras do jogo feitas pelos governos, e ele corre esse risco sozinho. Ser exportador no Brasil é um negócio de muito risco e de quase nenhum apoio. E além de estarmos envoltos na bandeira nacional com os dizeres Exportar é preciso, o fato é que mesmo esse plano, que por outro lado é necessário, não resolve problemas fundamentais do exportador brasileiro. O básico é regras claras, fixas e consensuais nas mudanças. Quando o governo se compromete, tem que cumprir e principalmente na parte de financiamento e benefícios fiscais concedidos. A conquista do mercado externo é um processo longo, trabalhoso e com muitos concorrentes, que tem condições muito mais favoráveis do que nós. Dois, tem que resolver os problemas de infra-estrutura. A sua eficiência e seus custos oneram os produtos brasileiros de tal maneira que tornam a exportação brasileira pouco competitiva. E, se a ordem é exportar, então todo o governo em primeiro lugar tem que se preparar para isso. A mão esquerda não sabe o que faz a mão direita. Os programas de ciência e tecnologia não estão coordenados com outros ministérios e muito menos os dos órgãos da fazenda com os demais. Exportar exige ser competitivo em todos os sentidos. E as empresas também tem que adotar a exportação como a sua estratégia de desenvolvimento a longo prazo. Aproveitar melhor a excelente rede que Itamaraty possui e usar menos a APEX para passeios no exterior e exigir de fato uma estratégia de promoção de exportações de quem tem algo a exportar. Claro que acordos comerciais e abertura de mercados fazem parte dessa estratégia, mas isso faz parte de uma política externa que não é show de senadores, do lado que for, na Venezuela. Stefan SALEJ 25.6.2015.

Monday, 29 June 2015

DAS FILAS E ORGANIZAÇÃO

DAS FILAS E DA ORGANIZAÇÃO Você quer tirar dinheiro no caixa automático. Uma fila de vinte pessoas num banco grande, privado, brasileiro, e só um caixa funcionando. Cinco em manutenção. Nenhum gerente para ajudar, explicar ou resolver. Isso não é da minha alçada. Pedir desculpas, nem pensar. A funcionaria da linha aérea, privada, nacional, toda solicita, fazendo o maior esforço para resolver os problemas, mas o sistema de computação não ajuda. E falta papel para imprimir, falta alguém para ajudar. Gerente para ajudar nem em retrato. E o povo xinga a coitada da funcionária que levantou às 4 horas da manhã para chegar no trabalho às seis horas, sorridente e linda, para servir os clientes. Almoço ou jantar bom, o garçom amável, mesmo empurrando o tempo todo vinho e mais vinho, como se você fosse o mais sério candidato a alcoólatra ou a ser preso por dirigir bêbado, mas o duro mesmo é receber a conta. Não há restaurante nesta terra brasileira, e todos são particulares, em que a conta não demore mais do que a comida. Até na padaria do Zezinho tem fila no caixa. Aliás, neste país, se quiser pagar, tem fila e mais fila. É a coisa mais dolorosa ser um bom pagador. E filas para pagar nos supermercados. Não tem um supermercado que tenha conseguido resolver o atendimento sem fila. E alguém já viu, além do preço remarcado, um gerente no supermercado? Sem falar das filas nos correios, nos guichês de serviços públicos. Estamos como na antiga União Soviética, onde tinha fila para tudo e o pessoal entrava na fila sem saber para que. Esquecemos os engarrafamentos, onde nunca aparece ninguém, nem um engenheiro de trânsito, a não ser autoridade apitadora para gritar com você e multar. Na área empresarial, já já vão culpar o governo ou pedir que o governo ou os deputados resolvam essas situações. Quem tem que resolver são os empresários, independentemente do tamanho do negócio. A hora é de se dedicar mais ao caixa e ao cliente. Mudar processos para atender melhor. Usar ferramentas de tecnologia disponíveis e mais contato pessoal com o seu negócio. Ser empresário é fundamentalmente cuidar do cliente. E bem, seu Zé! Senão, o seu concorrente vai fazer, se já não fez. STEFAN SALEJ Consultor internacional Ex Presidente da FIEMG e SEBRAE sbsalej@salej.com.br www.salej.com.br

Monday, 15 June 2015

DOS ACORDOS E DESACORDOS

DOS ACORDOS E DESACORDOS Enquanto terminava a reunião de 61 países da América Latina e Caribe e da União Europeia em Bruxelas, onde as declarações que sim, mas que não, mas que temos interesse e somos parceiros, mas acordo comercial ou ainda mais amplo entre o MERCOSUL e a União Europeia ainda não, porque todos entendem e ninguém sabe porque, os 27 países da África anunciaram que começaram a negociação para um acordo comercial de zona livre naquele continente. E os países do Leste Asiático ou da costa do Pacífico continuam as negociações de um acordo de livre comércio. E a mesma União Europeia, que não quer, dizendo que a culpa é dos sul-americanos, fazer acordo de livre comércio com o MERCOSUL, está fazendo um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. E há mais acordos regionais e sub-regionais se formando no mundo inteiro, ao mesmo tempo em que a Organização Mundial de Comércio, a OMC, faz 20 vinte e, sob a liderança de um brasileiro, procura seu rumo perdido em um acordo de facilitação do comércio chamado Doha. O mundo do comércio internacional não é uma selva, mas uma coisa organizada ou sob regras gerais como as da Conferencia das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, a UNCTAD, ou da própria OMC. Ou melhor ainda, os países parceiros se unem, como foi o caso da União Europeia, UE, ou do Acordo de Livre Comércio da América do Norte, NAFTA, entre Estados Unidos, Canadá e México. Ou, no nosso caso, o MERCOSUL, que é hoje em dia um caso clássico de como um acordo desanda, não funciona, trava e em vez de fortalecer as econômicas dos países e suas alianças, só consegue piorar, e sem perspectiva de resolver alguma coisa. Nossas exportações, que são a parte visceral da nossas economia, têm a sua perspectiva incerta em função dessas alianças, como por exemplo agora a africana, das quais nos estamos fora. São acordos e alianças que facilitam o comercio além do de base, como de indústria e serviços competitivos, e com alta produtividade e inovação. Só com a promoção comercial, regiamente paga à APEX pelas empresas, não vai ser suficiente para aumentar o nosso comércio exterior. Os acordos individuais com alguns países considerados bons clientes, como Angola e Moçambique, podem ajudar um pouco, mas também não serão suficiente. E agora José, para onde, com quem vamos fazer business? Enquanto se espera que o governo se pronuncie, nada mal se os empresários forem ouvidos e se fizer um esforço comum para atingirmos as metas. No caso do, MERCOSUL, todo mundo fala, diz, mas ninguém se entende ao ponto de resolver e avançar. Stefan Salej 11.6.2015.