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Revista Exame confirma a preocupação dos exportadores brasileiros com a situação da Argentina como expliquei já muito antes no meu blog.
politica internacional, visao de Europa,America Latina,Africa, economia e negocios international politics, business, Latin America-Europa-Africa
Sunday, 3 August 2014
Dos vizinhos incômodos
Dos vizinhos incômodos e perigosos
O mundo sempre foi complexo, mas a quantidade de conflitos complexos no mapa mundial nestes dias está ultrapassando a imaginação de qualquer diplomata. Na Ucrânia, os conflitos continuam, a Rússia está sendo sancionada pelo Ocidente em todas as formas de relações econômicas e políticas, como nunca visto após a queda da União Soviética, a Síria continua com a matança e com o Presidente Assad reeleito, no Afeganistão não conseguem contar os votos na eleição presidencial e continuam os atentados contra as forças da OTAN pelos talibães. A Líbia está pegando fogo e fora do controle, as crianças da América Central estão invadindo como emigrantes ilegais os Estados Unidos, no Iraque continuam os conflitos entre várias facções islâmicas, e não por ultimo, agrava-se o conflito na faixa de Gaza entre os terroristas de Hamas e as forças de defesa de Israel. Segue a destruição aliada a alguns desastres naturais, como chuvas na Europa e na China. Sem falar nas quedas de aviões e o surgimento da terrível, incurável Ebola na África Ocidental.
Todos esses acontecimentos afetam o Brasil, como afeta também o crescimento da economia norte-americana e, em especial, o crescimento da China. Mas, nada nos afeta tanto quanto o que acontece na nossa vizinhança. Apesar de sermos o maior país da América Latina, somos muito mais vulneráveis à fragilidade dos nossos vizinhos do que parece. A nossa base industrial, não agrícola, foi feita para atender a esses mercados. Inúmeras empresas que se instalaram no Brasil até sustentam no seu nome "Latino-Americana" ou "Sul-Americana". Temos sede e diretores responsáveis pelos negócios continentais, veja o exemplo da Fiat e do seu Presidente Bellini, que comandam os negócios do Brasil.
E como está esse cenário dentro do contexto mundial? Talvez do ponto de vista do terrorismo experimentado nas outras partes do planeta, estejamos aparentemente tranqüilos. Mas, dos acontecimentos e perspectivas econômico-financeiros, não. Em especial no caso argentino, esse país maravilhoso e lindo, que passa novamente por crise financeira em função do não cumprimento de suas obrigações internacionais. A principal notícia nos jornais de Buenos Aires nestes dias é a classificação do San Lorenzo para o final da Copa dos Libertadores (aquele que ganhou de um time mineiro), a morte do ex-todo poderoso presidente da AFA ( CBF deles) por 35 anos, Grondona e a falta de acordo com os credores internacionais.
Para o Brasil, que se empenhou em ajudar a Argentina a sair desse imbróglio com os credores, o default argentino será um desastre. Nossas expectativas já estão caindo com relação ao terceiro maior mercado para nossos produtos industrializados e os exportadores não têm só dificuldade em exportar como para receber. E não se fecha acordo com a União Européia, o Mercosul não evolui e estamos em um beco com pouca saída. E isso vai afetar o Brasil muito mais do que o resto dos acontecimentos. E olha que a carga é pesada.
Stefan B. Salej
31.7.2014.
O mundo sempre foi complexo, mas a quantidade de conflitos complexos no mapa mundial nestes dias está ultrapassando a imaginação de qualquer diplomata. Na Ucrânia, os conflitos continuam, a Rússia está sendo sancionada pelo Ocidente em todas as formas de relações econômicas e políticas, como nunca visto após a queda da União Soviética, a Síria continua com a matança e com o Presidente Assad reeleito, no Afeganistão não conseguem contar os votos na eleição presidencial e continuam os atentados contra as forças da OTAN pelos talibães. A Líbia está pegando fogo e fora do controle, as crianças da América Central estão invadindo como emigrantes ilegais os Estados Unidos, no Iraque continuam os conflitos entre várias facções islâmicas, e não por ultimo, agrava-se o conflito na faixa de Gaza entre os terroristas de Hamas e as forças de defesa de Israel. Segue a destruição aliada a alguns desastres naturais, como chuvas na Europa e na China. Sem falar nas quedas de aviões e o surgimento da terrível, incurável Ebola na África Ocidental.
Todos esses acontecimentos afetam o Brasil, como afeta também o crescimento da economia norte-americana e, em especial, o crescimento da China. Mas, nada nos afeta tanto quanto o que acontece na nossa vizinhança. Apesar de sermos o maior país da América Latina, somos muito mais vulneráveis à fragilidade dos nossos vizinhos do que parece. A nossa base industrial, não agrícola, foi feita para atender a esses mercados. Inúmeras empresas que se instalaram no Brasil até sustentam no seu nome "Latino-Americana" ou "Sul-Americana". Temos sede e diretores responsáveis pelos negócios continentais, veja o exemplo da Fiat e do seu Presidente Bellini, que comandam os negócios do Brasil.
E como está esse cenário dentro do contexto mundial? Talvez do ponto de vista do terrorismo experimentado nas outras partes do planeta, estejamos aparentemente tranqüilos. Mas, dos acontecimentos e perspectivas econômico-financeiros, não. Em especial no caso argentino, esse país maravilhoso e lindo, que passa novamente por crise financeira em função do não cumprimento de suas obrigações internacionais. A principal notícia nos jornais de Buenos Aires nestes dias é a classificação do San Lorenzo para o final da Copa dos Libertadores (aquele que ganhou de um time mineiro), a morte do ex-todo poderoso presidente da AFA ( CBF deles) por 35 anos, Grondona e a falta de acordo com os credores internacionais.
Para o Brasil, que se empenhou em ajudar a Argentina a sair desse imbróglio com os credores, o default argentino será um desastre. Nossas expectativas já estão caindo com relação ao terceiro maior mercado para nossos produtos industrializados e os exportadores não têm só dificuldade em exportar como para receber. E não se fecha acordo com a União Européia, o Mercosul não evolui e estamos em um beco com pouca saída. E isso vai afetar o Brasil muito mais do que o resto dos acontecimentos. E olha que a carga é pesada.
Stefan B. Salej
31.7.2014.
Friday, 25 July 2014
Portugal Telecom e Brasil
A trapalhada ou grande negócio da OI com Portugal Telecom da qual falei no blog anterior. A reportagem da Reuters confirma a estória.
http://br.reuters.com/article/idBRKBN0FU25V20140725
DOS MÍSSEIS ASSASINOS
Dos mísseis assassinos
O míssil é um artefato militar construído para matar. Mas ele só cumpre a sua missão quando acionado por um militar mandado por um outro militar mandado por um político. O assassinato dos 298 passageiros do avião malaio na Ucrânia não aconteceu nem por acaso e nem sem presença humana. Não foi um pássaro desconhecido, mas pessoas que fizeram isso. E por que tanta explicação sobre um assunto aparentemente claro? Porque a ninguém interessa neste momento a verdade, já que a verdade posta na mesa pode provocar mais conflitos e mais mortes. E dizer que, neste mundo tão sofisticado, onde por exemplo os Estados Unidos são capazes, e fazem isso com a mão na cintura, de ouvir as conversas da presidente brasileira, não se sabe quem disparou e de onde partiu o ataque, é nos chamar de idiotas. Uns e outros sabem, mas não convém divulgar.
Mas, esse incidente coloca muitas perguntas sem resposta na mesa. A primeira é quantos armamentos não controlados e ameaçando a vida de civis ainda existem e onde. E nisso se enquadram os armamentos químicos e nucleares. E quem tem acesso a eles, já que tudo indica que o mercado das armas floresce mais do que as rosas na primavera. A outra pergunta é quem alimenta esses conflitos e por quê. A resposta parcial é que os Estados Unidos não ficaram satisfeitos apenas com a queda do muro de Berlin, acontecimento que faz este ano aniversário de 25 anos, mas querem o domínio econômico, militar e político daquela região. Definitivamente, essa é a batalha da Ucrânia! A batalha sobre quem vai dominar a Ucrânia está em curso desde a sua independência da União Soviética e, mais recentemente, só se agravou. O incidente com o avião malaio é um peão no tabuleiro dessa disputa.
Aos Estados Unidos não convém o predomínio russo, com seu líder de 61 anos, sem carisma mas obcecado com a restituição da grandeza do seu país, em uma região rica em minerais, gás e petróleo. E a União Européia que, com a proverbial ignorância dos fatos pela sua diplomacia, queria, em nome do Ocidente (segundo o ex-guerrilheiro francês Registro Debray, o endereço deste conceito é o número de telefone da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos) trazer a Ucrânia para a órbita ocidental. E o resultado é visível e ainda está longe de terminar.
No episódio do avião derrubado, com cenas horríveis de pilhagem (aliás muito comuns depois da segunda guerra mundial, por onde passaram vitoriosos soldados soviéticos que roubavam e estupravam com toda a aprovação dos seus superiores) há também a questão de por que as Nações Unidas não assumiram a investigação.Talvez a resposta seja que não interessa aos Estados Unidos uma investigação neutra.
Quanto às sanções contra a Rússia e o seu isolamento, têm efeito bumerangue para Europa. Menos para Estados Unidos, mas ao diminuir a economia russa, os maiores perdedores são os europeus, que aumentaram em muito o seu comércio com a Rússia. E quem sabe sobra espaço para aumentar o nosso comércio com Rússia, mesmo sofrendo a pressão dos Estados Unidos e da União Européia para sancionar aquele país.
Stefan B. Salej
25.de julho 2014.
Friday, 18 July 2014
DA ESTÓRIA DO PORTUGUÊS
Da estória do português
Ao ensinar aos jovens sobre a sociedade nos negócios, sempre se ensina sobre a estória em que um sócio entra com o capital e o outro, com a experiência Após um tempo de empresa, a situação se inverte e, o que entrou com o capital fica com a experiência, e outro sócio, com o capital. Aliás, na linguagem popular esse fenômeno empresarial tem o nome de cerveja. E nesta semana, apesar do trágico acontecimento com a derrubada do avião da Malásia na Ucrânia ( pode ter sido até um erro humano em controle dos mísseis pelos ucranianos) e a intensificação do conflito em Gaza, vivemos no Brasil duas estórias no melhor estilo da cerveja escura, tão apreciada no passado.
A bem organizada reunião dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Fortaleza (antigamente Belo Horizonte lutava por este tipo de reuniões como ALCA, BID e outras) e ainda reuniões bilaterais com a China e Rússia, em especial, mostraram que o pós-Copa diplomático foi, mesmo com o deslize dos empresários brasileiros, propondo, sem uma base técnica, o uso das moedas não conversíveis para as trocas comerciais, foi um gol de placa da diplomacia nacional. Como se diz nos círculos diplomáticos do mundo: Itamaraty no improvisa. Mas, na parte econômica, a fundação do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, com sede na China foi um negócio parecido com a descrição da sociedade. Nós temos o maior e mais antigo banco de desenvolvimento, o BNDES, além de bancos estaduais eficientes, como o BDMG, mas o novo banco será gerido mesmo por um presidente indiano e administrado pelos chineses. E quem já trabalhou com algum banco sabe bem quem manda são os técnicos! Essa perdemos e feio!
A outra história é ainda mais explosiva e afeta diretamente todos os brasileiros. Uma das maiores operadoras de telefonia no Brasil, cujas origem remontam a Minas, a OI, juntou-se com a Portugal Telecom para formar um dos gigantes mundiais de telefonia. E, com dinheiro dos fundos de investimentos públicos brasileiros, promoveu aumento de capital. Nesse meio tempo, a direção da empresa portuguesa tirou do seu caixa mais de 3 bilhões de reais e emprestou a um dos seus sócios, o grupo Espírito Santo, que está em dificuldades financeiras e não pagou a conta. Escolher um sócio assim deve ter sido um ato de sabedoria dos diretores da OI, de cuja qualidade de serviços o usuário brasileiro é vítima diária.
E agora está todo mundo correndo atrás do prejuízo. O fantástico é que os empresários portugueses de hoje insistem em achar os trouxas no mundo, no melhor estilo das raízes coloniais, e acham. Fazem privatizações e associações, claro que há exceções honrosas, com dinheiro alheio. Esta semana os aviões da TAP, cia. aérea portuguesa que não quiseram vender a um empresário brasileiro, como também a empresa de energia, que em vez de vender aos brasileiros venderam aos chineses, não voaram porque simplesmente não tinham aviões.
Às vezes, países e seus empresários necessitam achar um tamanho adequado para agir. Mas, se acham alguém que entra com o capital e fica com experiência, o que podemos fazer. Só ajudar a pagar a conta, como será neste caso.
Stefan B. Salej
18.7.2014.
Thursday, 17 July 2014
D a estupidez da guerra e mortes- a queda de avião na Ucrânia
Da estupidez da guerra e mortes
A queda do avião civil da Malásia, atingido por um míssil de longo alcance na Ucrânia, mudou o rumo do conflito naquele país. A morte trágica de civis e a destruição da aeronave de uma empresa de um país muçulmano, mas que nada tem a ver com o conflito na região, chocou o mundo de tal maneira que todos devem repensar o que está acontecendo por lá e aonde vai levar essa confrontação. Para começar, as acusações iniciais de que o avião foi derrubado pelos rebeldes pró-russos, e a reação quase imediata das autoridades da Ucrânia sobre o acidente, colocam nas mãos dos investigadores a questão básica de quem derrubou o avião. Os dois lados em conflito negam e colocam na mesa argumentos que não convencem a ninguém.
Mas a imediata conversa, após o incidente, entre o Presidente da Federação Russa, recém retornado de visita ao Brasil, e o Presidente Obama, dos Estados Unidos, mostra a seriedade do momento. A escalada do conflito parece não interessar a ninguém e a internacionalização que se produziu além da região das batalhas por lá, muito menos. Os dois lados têm interesse estratégico no status quo de paz ou então, se a escalada continuar, haverá uma guerra regional onde as duas potências mundiais, Russia e Estados Unidos, vão se confrontar de tal forma que a guerra do Afeganistão vai parecer jardim de infância dos sangrentos guerreiros.
O surgimento do Califado no Oriente Médio, um estado islâmico terrorista, o conflito da Síria, as perturbações e conflitos na Líbia, o conflito de Gaza entre Israel e os ataques do Hamas, a guerra no Afeganistão e mais alguns outros conflitos, dão ao mundo bastante preocupação, junto com as eventuais bombas atômicas do Irã, sem precisar de mais um conflito.
Nesse incidente lamentável vai se construir ou a paz ou a guerra, que pode ser pior do que foi cem anos depois da primeira guerra mundial. Lá também houve um só tiro que provocou a tragédia que foi aquela guerra. Aqui, pelo que parece, também foi um tiro, mas de um míssil. Na época, sabe-se que foi o nacionalista sérvio Gavrilo Príncip, e agora aqui, quem foi? E dizem que os estadistas da época reagiram errado ao tiro em Sarajevo. Será que os estadistas de hoje vão reagir certo?
Stefan B. Salej
17.de julho 2014.
Friday, 11 July 2014
DA COPA DA DIPLOMACIA
Da Copa da diplomacia
O esporte e seus eventos fazem parte da agenda diplomática há muito tempo. De um lado, para promover os países promotores e seus regimes, como foi o infame caso dos Jogos Olímpicos em Berlin em 1936, quando a Alemanha nazista surgia com toda a sua força e todo o seu racismo e o seu infame Chanceler não quis cumprimentar o atleta negro norte-americano Jesse Owens porque os arianos, mesmo sendo austríacos, não cumprimentavam negro! Ou nos tempos da União Soviética, quando os russos organizaram, com o ursinho Micha, os Jogos Olímpicos de verão, bloqueados com toda força pelos Estados Unidos e seus aliados. E a volta do diálogo entre a China comunista e a democracia conservadora dos Estados Unidos da época começou através dos jogos de tênis-de-mesa e passou a se chamar a diplomacia do Pingue Pongue, sob a regência do Professor Kissinger e do chinês Zhou Enlai.
Assim, é absolutamente normal que o Brasil use ao máximo a oportunidade de hospedar a Copa para se promover. Claro que é mais agradável promover o Brasil com bons resultados dos atletas, mas o desastre da nossa seleção não deixa de ter sido uma formidável notícia pelo mundo afora. Em nenhum canto do mundo deixou de ser notado o fiasco. E aí a diplomacia brasileira teve formidável trabalho para dizer que sim, o futebol é importante, estamos tristes, mas o país continua firme, forte e democrático. E os "abutres" do mercado financeiro mundial começaram a produzir previsões sobre a influência dos sete gols alemães sobre as eleições e a gestão das empresas públicas brasileiras. E, especulando, conseguiram elevar o valor das suas ações e ganhar bilhões, como se alguém realmente soubesse o que vai acontecer no campo eleitoral antes de abrirem as urnas.
Outra parte dessa ação foi feita pela Apex, Agência brasileira de promoção de exportações e investimentos. Não é só a sua marca que aparecia junto com inúmeras marcas de empresas brasileiras, até a Centauro mineira estava lá, nos estádios. Eles organizaram de forma meio atrapalhada a ida de inúmeros empresários aos jogos da Copa e em visitas a empresas exportadoras brasileiras. Enquanto o aumento do consumo do pão de queijo pelos torcedores e dos gastos no Brasil durante a Copa são visíveis, os resultados da promoção serão vistos a longo prazo, se acompanhados por ações pós-Copa.
O trabalho classicamente chamado diplomático foi realmente árduo. Algumas informações dizem que 25 chefes de Estado e Governo terão estado no Brasil. Isso requer um trabalho monumental e mais uma agenda extraordinária. Desde o Vice-Presidente norte-americano e a Chanceler alemã até Primeiro Ministro croata e mais outros tantos. Mas, a Copa diplomática vai começar mesmo com a reunião dos países BRICS em Fortaleza, na próxima semana. Rússia, China, Índia, África do Sul e Brasil, em uma agenda interessante, que inclui o Banco de desenvolvimento e depois a reunião com os Presidentes sul-americanos. E aí não podemos levar nenhum gol. Nesse jogo não se improvisa.
Stefan B. Salej
10. de julho 2014.
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