Do exportar é preciso
O crescente déficit comercial brasileiro, ou seja gastamos mais dólares do que recebemos, não pode ser debitado só ao governo e suas ações. O câmbio, que era desfavorável, tornou-se, com as últimas desvalorizações, quase atrativo para
exportar e pouco atrativo para importar. Em curso estão uma série de ações que levam a melhorar as condições das empresas para
exportar. Mesmo assim, estamos ainda longe de aumentar a nossa competitividade
para que sejamos um ator realmente importante no comércio internacional, do qual participamos com menos de dois
porcento. A nova lei dos portos, a aceleração dos projetos de
infra-estrutura e melhores condições financeiras para crédito no exterior já ajudam bastante.
No Brasil também temos uma agência promotora de exportações, cujo orçamento bilionário deve promover em muito as exportações. Além disso, existem agências estaduais, como a de Minas, e programas de entidades de
classe, que teoricamente ajudam as empresas a exportar. Ou seja, não faltam programas e recursos. E temos o Itamaraty, com a sua rede
de missões diplomáticas altamente qualificadas e com parcos recursos para prestar um
serviço ainda mais eficiente.
E por que então temos alta concentração de exportações em produtos agrícolas, minerais e empresas
estrangeiras que com muitos incentivos exportam produtos manufaturados? Temos
também campeões nacionais como
Havaianas, Marco Polo, Random, Germana, WEG, Natura e mais alguns. Mas o fato é que a maioria das empresas não esta orientada para o mercado
externo. Ganham muito dinheiro no mercado relativamente protegido e não têm visão a longo prazo. Não há nenhuma chance de o Brasil crescer se não ampliar de um lado a pauta de exportações e de outro lado os mercados.
Quem exporta é a empresa e não o governo. E por que mais
empresas não exportam? Porque, além da visão de curto prazo,
promove-se mais o Brasil comprador do que o Brasil vendedor. Agora mesmo, na
Copa das Confederações, vêm mais de mil empresários de 70 países com tudo pago pelo contribuinte brasileiro conhecer as
empresas exportadoras. Em resumo, vêm passear, o que não é ruim, mas mais e muito
mais importante seria dar total assistência às empresas para que estejam preparadas para exportar. Desde a
concepção do produto, embalagem,
qualidade até mercado. Participamos de
muitas feiras, mas devemos levar ainda mais empresários para os mercados. Quando o empresário enxergar o mercado e sentir o negócio, ele vai exportar. E também precisamos de mais Banco
do Brasil. Na África, onde há muitas empresas, não há agências.
Stefan B. Salej
11.6.2013.