Dos dez anos da guerra de
Iraque
Uma geração inteira dos mineiros lembra do Iraque do ditador Saddam Husein como fonte de
trabalho, renda, aprendizado, orgulho por construção de estradas, ferrovias e
sifões. Os contratos da Construtora Mendes Jr. levavam milhares de
operários, equipamentos e empresas, inclusive escolas Pitágoras. Era a bonança do Iraque.
Isso, de uma ou outra
forma, durou até maio de 2003, quando as
tropas aliadas lideradas pelos Estados Unidos invadiram novamente o Iraque. O
objetivo era achar armas de destruição em massa, como chamam as bombas atômicas, trazer paz para o mundo e instituir a democracia no Iraque,
destituindo a claque do ditador Saddam. O então Secretário de Estado norte-americano, general Powell, vencedor da
primeira guerra contra o Iraque, chamada a Tempestade de Deserto, quando da
invasão iraquiana do Kuwait,
exibiu nas Nações Unidas incontestáveis provas de existência das armas iraquianas
de destruição do mundo.
Após a invasão norte-americana,
lembramos da alegria mostrada pelas redes norte-americanas dos iraquianos,
destruindo monumentais figuras do Saddam, dançando na rua e, depois, do
julgamento dos membros do governo iraquiano inclusive, com sentenças de morte, entre outras do próprio Saddam. E de repente,
após uma vitória fulminante sobre os exércitos de Saddam, e sobre a sua temida Guarda republicana,
assistimos ao surgimento de uma violência impar. Um campeonato
de assassinatos, ataques terroristas, explosões, torturas e prisões de fazer inveja a qualquer regime anterior. E uma guerra sem
fim, onde se procurava radicais islâmicos da Al Quaida.
No balanço dos dez anos de ocupação americana, chega-se a números assustadores. Cem mil mortos, dos quais 4.500 americanos, 30
mil soldados com invalidez permanente, 2 trilhões de dólares gastos. E mais uma geração inteira de
norte-americanos que voltaram de lá com trauma psicológico. O reflexo financeiro do custo dessa guerra na crise que está assolando o mundo, aumentando
o déficit das contas públicas norte-americanas, com efeito no mundo inteiro, ainda não foi calculado.
Hoje não há entre os políticos sérios no mundo inteiro
nenhuma dúvida de que a guerra no
Iraque foi um dos maiores erros da história dos Estados Unidos. Não havia nem armas de destruição em massa, nem terroristas. A intervenção criou novos insurgentes e instabilidade na região. Os Estados Unidos foram
militarmente despreparados para a guerra e abriram uma caixa de Pandora
na região que vai hoje até o Afeganistão, passando pelo Oriente Médio. E testaram a sua capacidade bélica perdendo a guerra.
Stefan B. Salej
20.3.2013.