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Thursday 20 December 2012

GUERRA E PAZ



De guerras e paz

Nestes dias de final do ano gregoriano haverá muita reza e muitos apelos pela paz. Mesmo se não tivemos um confronto considerado mundial, não há como dizer que o mundo está vivendo em paz. Aliás, em nenhum momento da história a nossa civilização viveu sem nenhum conflito armado. E neste momento vivemos de uma forma horizontal, atingindo o mundo inteiro, uma guerra travada com terroristas islâmicos que esta longe de ser ganha pela civilização ocidental e cujas dimensões são difíceis de serem reconhecidas.

A chamada Primavera árabe, que significaria a adoção de valores democráticos ocidentais pelos países árabes e a conseqüente queda de ditadores como Kadafi  na Líbia ou Mubarak no Egito, abriu uma panela de pressão cujos desenvolvimentos são imprevisíveis. O conflito na Síria, que tem sido mais sangrento do que a televisão quer mostrar, não tem fim. Na Líbia, os conflitos internos e a luta entre várias facções está transformando o país em um campo de batalha sem controle. E ainda no continente africano há lutas na República Democrática de Congo, no Mali, piratas na Somália, violência na Nigéria e no Sul do Sudão.

A lista ainda inclui ainda os tradicionais conflitos no Afeganistão e no Iraque, e o conflito entre Israel e os palestinos. Mesmo com a retirada dos soldados americanos e seus aliados dos dois primeiros países, os conflitos continuam. Mudam os soldados, mas não mudam as batalhas. E nenhuma solução diplomática para a paz entre Israel, onde haverá eleições em janeiro, e os palestinos está a vista. O Irã continua com sua política de destruição de Israel, com a ousadia de construir a bomba atômica e, do outro lado da Ásia, a Coréia do Norte lança foguetes de longo alcance. E o comércio de armas está só crescendo, gastando-se cada vez mais em armamentos e cada vez menos em alimentos.

Na América Latina poderemos presenciar uma paz dos narco revolucionários colombianos da FARC com o governo. E daí, se Cristina Kirchner não declarar guerra ao Reino Unido pelas Malvinas, poderemos ser o continente sem conflito armado. Mas, isso não isola o Brasil das consequências de outros conflitos. Muito pelo contrário, todos esses conflitos, inclusive a rusga entre a China e o Japão pelas ilhas no Pacífico, afetam os valores da política  externa brasileira e a sua economia. O Brasil é um ator internacional importante, tanto no campo político como econômico, e esta sendo envolvido em soluções de todos os conflitos mundiais, como o terrorismo, ou regionais, como os da Africa ou Oriente Médio. Portanto rezar pela paz é uma forma de achar que se pode conseguir a paz no mundo. A outra é preparar o país em todos os seus campos para batalhar pela paz.  


Stefan B. Salej
19.12.2012.

Monday 17 December 2012

DOS VIZINHOS FELIZES E DIFICEIS



Dos vizinhos felizes e difíceis


Vizinhos, você raramente escolhe. Você pode ter uma convivência melhor ou pior. Pode até mudar ou eles mudarem. Mas nascendo brasileiro, já tem como vizinhos, graças à competência da diplomacia do Barão do Rio Branco, os argentinos, uruguaios, paraguaios, colombianos, peruanos, bolivianos, venezuelanos, uns mais perto e outros mais longe. Todos hermanos sur americanos. Com alguns somos até sócios em organismo regional como o Mercosul, que aliás foi fundado no governo Itamar Franco em Ouro Preto, ou na UNASUL - União das  Nações Sul-Americanas.

Com esses vizinhos desenvolvemos parcerias fundamentais para o crescimento recíproco. Obviamente, sem o gás da  Bolívia o Brasil estaria com mais problemas no crescimento industrial. Mas, a Bolívia também estaria mais pobre. O mesmo acontece com a usina hidroelétrica binacional Itaipu com o Paraguai, ultimo país com o qual guerreamos há 150 anos atrás. O modelo de desenvolvimento industrial une a Argentina e o Brasil. Pode-se dizer que o Brasil tem cooperação e parceria com todos, intensa e extensa. Em todos os campos de atividades, não só o econômico.

Mas é justamente a doença do Presidente Chavez da Venezuela e a nomeação do seu eventual substituto, Maduro, que levanta a questão da real situação que enfrentamos com os nossos vizinhos. A era de soberba e tranqüila convivência acabou. Eventual mudança no governo venezuelano pode nos preocupar. E muito. Nossas empresas estão  presentes em grande escala naquele país. Nos somos até agora um sócio privilegiado. E olha o que esta acontecendo na Argentina. Nossas exportações caíram, nossas empresas se sentem inseguras e quando a Presidenta Dilma vai lá para criar condições melhores de cooperação, é criticada de forma inadequada por aqueles que sofrem de miopia diplomática ou defendem interesses alheios ao Brasil.

Não é só o governo que tem que estar preocupado com os movimentos de enfraquecimento ou fortalecimento, como é o caso da Colômbia e do Peru, dos nossos vizinhos Sul americanos. Os problemas políticos que geram problemas econômicos podem derrubar a economia brasileira. São situações diferentes de relacionamento com outros parceiros como a União Européia, China ou Estados Unidos. São diplomaticamente mais difíceis e complexos e é sempre bom lembrar a nacionalização de instalações da Petrobras na Bolívia, o comportamento da Argentina, a derrubada de Lugo no Paraguai e mais e mais casos. Não há a menor chance de o Brasil abandonar parcerias privilegiadas na America Latina, inclusive com Cuba e México, porque são politicamente mais saudáveis para todos, inclusive para os empresários. Mas, é hora de atenção redobrada e ações de diplomacia preventiva e não reparadora.

Stefan B. Salej
12.12.2012.