Da Ibero-América
Portugal e Espanha eram potências mundiais há alguns séculos. Promoviam a descoberta de novos mundos e conquistavam
territórios. Inclusive o Brasil e
a América Latina. Guerreavam por terras e por religiões. Expulsaram os judeus dos seus domínios no século 15 e instituíram a terrível Inquisição. O último território deixado por espanhóis na América Latina foi Cuba, no início do século passado. Os portugueses
entregaram Macau para os chineses
bem recentemente. As colônias portuguesas na África sofreram guerras terríveis para se livrar do jugo
português. E a Espanha ainda tem
seu enclave africano no Marrocos. Os dois países apoiaram o
nazi-fascismo durante a Segunda Guerra e ficaram sob o jugo dos respectivos
ditadores, Franco na Espanha e Salazar em Portugal, até a morte deles, na segunda metade do século passado.
Os dois países se tornaram democráticos, a Espanha monarquia
e Portugal, república. Os dois se
associaram à União Européia, da qual receberam bilhões de euros de ajuda, deram a volta por cima, se
desenvolveram e endividaram para cair em
profunda crise social, financeira e econômica. Há quase vinte cinco anos, organizaram uma Secretaria
Ibero-Americana com sede em Madrid, com o objetivo de manter as relações com os países ibero-americanos sob
seu controle. E em seguida garantiram na
União Européia o domínio de sua relação com a América Latina. A maioria absoluta dos funcionários da Comissão Européia que tratam com o continente, inclusive os Embaixadores da UE na
América Latina, são portugueses e espanhóis.
O ponto alto dessas
atividades é a Cúpula Ibero Americana dos Chefes de Estado e de Governo. Este ano
foi em Cadiz, na Espanha, e a Presidente Dilma participou.Tanto espanhóis como portugueses aproveitaram a onda de privatizações no continente e investiram muito. Só a empresa Telefônica tem nele quase 200 mil
funcionários. E como as duas
economias estão em crise e a economias
latino-americanas menos, é natural que o tema
principal da reunião tenha sido como a América Latina pode salvar a economia espanhola. E como o desemprego
na Espanha é o maior problema, como
ajudar de novo a emigração espanhola. No caso do Brasil, essa mão de obra pode até ser bem vinda, mas
definitivamente os espanhóis têm que parar de maltratar os brasileiros quando chegam lá. A arrogância espanhola não permite uma relação mais eqüitativa e equilibrada. E sem isso será difícil avançar nas relações entre os dois países. Você se lembra do Rey da Espanha na Cúpula em Santiago do Chile
mandar o venezuelano Chavez calar a boca? Agora não acontece mais isso, mas
ainda continuam falando sem ouvir.