Do
Hugo e Capriles
Hoje
haverá outra eleição disputada, além
das municipais no Brasil. Na Venezuela, o atual Presidente Hugo Chaves, lutando
pela terceira ré-eleição, enfrenta o jovem Capriles Radonski,
candidato oposicionista. O mundo inteiro vai estar de olho nessa eleição,
já que a Venezuela, com seus quase 30 milhões
de habitantes, e sendo a décima riqueza em petróleo no mundo, ganhou
sob, a presidência do Chavez, um destaque peculiar.
Chavez
assumiu o governo pelas urnas após uma tentativa
frustrada de golpe. E permaneceu no governo apesar de inúmeras
tentativas de o retirarem de lá. Como ele mesmo disse numa conversa particular, ficou
porque se convenceu de que a democracia é a melhor forma de se
governar. E por isso foi difícil de tirá-lo, apesar do enorme
esforço dos Estados Unidos, que financiaram até
camisetas dos opositores, na palavra de um diplomata norte-americano. Imagine o
que mais fizeram para tirar o Chavez da Presidência, como se não bastasse ele estar com câncer.
Independentemente
de visão externa da gestão do Chavez, ele fez
algo simples para o país mais rico da América Latina em petróleo:
tentou distribuir a renda. Ele criou, com base nos valores do libertador da América
espanhola Bolívar, uma ideologia diferente, chamada socialismo do século
21. A guarda presidencial no Palácio Miraflores exclama
para o espanto dos visitantes "Socialismo o Muerte". Ele enfrentou os
Estados Unidos, se aliou a Cuba e
chacoalhou a política latino-americana. E conseguiu com sua política
econômica que faltassem alimentos, nacionalizou bancos e
empresas de energia e pagou a conta diferentemente de alguns outros países
da região. E entrou no Mercosul.
A
campanha não indica com clareza o vencedor. O opositor Capriles, de forma inteligente,
promete continuar com as conquistas sociais do Chavez e fala do modelo de Lula.
Para a Venezuela, o Brasil é o modelo. Estas eleições são
importantes para Brasil. Primeiro porque somos importantes parceiros econômicos.
Exportamos bem, recebemos bem e temos um bom saldo comercial. E somos
investidores. Há muito dinheiro brasileiro na Venezuela e quebra a
desse fluxo, após o desastre econômico argentino, pode
afetar e em muito a economia brasileira. Com Chavez ou com Capriles, o Brasil
deve prestar muita atenção nessas eleições, porque está em
jogo muito mais do que amor e ódio a uma ideologia.
Stefan B. Salej
4.10.2012.