DA GEOPOLÍTICA PARA GEOECONOMIA
No regime militar, o General Golbery, todo-poderoso intelectual da ditadura, ensinou as gerações da época que a geopolítica é a mãe de o todo pensamentoestratégico e das ações que o Brasil deve seguir no seu futuro. Ou seja, através de ações militares devemos não só proteger os espaços geográficos mas também os portos, mares e ares, as fronteiras físicas e ter uma influência regional expressiva. Por isso a nossa rivalidade com a Argentina era importante, como também a nossaaliança energética com o Paraguai, ou seja Itaipu, era fundamental.
Há trinta e poucos anos, atrás apareceu uma nova teoria, cujos autores principaissão o francês Jacques Atalli e o norte-americano Lutwak, que diziam que não é a doutrina de conquista militar que vai dominar, mas que a rivalidade entre os paísesserá determinada pela rivalidade na economia, nos mercados e na tecnologia. E a teoria virou uma prática que culminou com o novo governo dos Estados Unidos e asua política. Em outras palavras, nada de novo, só nós estamos atrasados em entender que o mundo mudou radicalmente. Uma empresa fabricante de chips, aNividia, conhecida só de especialistas há poucos anos atrás, vale quatro trilhões de dólares e é a empresa mais valiosa do mundo. Mas, o seu grande valor não reside no financeiro, mas em seus produtos e serviços, que determinam o desenvolvimento da inteligência artificial, a mais recente fronteira tecnológica.
Nesse cenário, onde a competição entre os Estados Unidos e a China determinam o rumo da economia mundial, devemos entender que os movimentos de qualquer um dos dois rivais nos afetam muito mais do que queremos perceber. Veja o exemploda introdução da tecnologia 5 G no Brasil, onde abrimos as portas para a empresa chinesa Huawei, em prejuízo de nossas alianças de segurança e tecnológicas com empresas ocidentais. Na guerra de tarifas é ilusão achar que o entendimentoeventual, competitivo mas de interesse dos dois países, entre China e EUA, o Brasil sai ileso. Ou seja, os agricultores norte-americanos vão voltar a fornecersoja, carne e trigo para a China, em prejuízo dos fornecedores brasileiros. Ou queos EUA não vão pressionar a UE para que o acordo com o Mercosul, com ajuda daArgentina, ande mais devagar, para que o Brasil tenha menos alternativas para suasexportações e alianças tecnológicas.
O Brasil, por outro lado, está extraordinariamente bem posicionado para umaeconomia do passado, mas só como fornecedor de commodities e matérias primassem um agregado tecnológico, e a redução do custo do estado e a infra estruturamiserável, vai se aproximando do fenômeno holandês, ou seja ficou rico com matérias primas, mas gastou dinheiro ao invés de investir em seu desenvolvimentomais sustentável. O Brasil está em um futuro sem futuro.
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