DOS BANCOS PARA TODOS, DE TODOS E DE UM DONO
Em Washington, capital dos Estados Unidos, florida na primavera, estão reunidosos ministros das finanças do mundo inteiro, na reunião anual das duas instituições pilares do sistema monetário mundial, criadas em Bretton Woods em 1945, oBanco Mundial e o FMI, Fundo Monetário Internacional. As duas instituições são bem conhecidas dos brasileiros. A primeira financiou e financia inúmeros projetos de infra-estrutura, desde estradas até usinas hidro-elétricas, saneamento e educação. E a segunda, porque nas crises que passamos com as finanças, nos socorreu, mas exigiu reformas e rigor na gestão pública. É só olhar para o nosso vizinho do Sul, a Argentina, que ainda está nessa fase, dependendo de empréstimosdo FMI, e de suas missões e exigências.
Esta reunião é muito peculiar. O FMI acaba de divulgar suas previsões para a economia mundial, que cresceu em 2024, 3.3 %, enquanto a previsão para 2025 é de 2.8 %. E o crescimento dos Estados Unidos ainda fica abaixo da mundo e seria de 1.8 % neste ano. Os números são bem piores do que os apresentados em janeiro. Simples assim, de janeiro até agora a ameaça de tarifas pelos EUA desarranjou o comércio mundial e dá sinais de queda não só do comércio, mas dos investimentose do consumo e desequilibrou as contas não só de empresas mas de países. Ou seja, após a perplexidade inicial pelas ações norte-americanas, chegou a hora de fazer as contas e ver quais são as alternativas. O encontro em Washington vai servir de pano de fundo para conversas formais e informais entre os ministros das finanças,para formular não só suas estratégias de defesa, como também as de ataque.
Os Estados Unidos possuem votos de peso nessas instituições, como também no sistema das Nações Unidas. Votos e dinheiro que fazem essas instituiçõesfuncionarem. E apesar de que elas foram criadas para dar uma estabilidade monetária e política ao mundo, a mudança da política do governo Trump indica que o papel desenhado no fim da Segunda Guerra acabou. Simplesmente, ou elesservem aos interesses de seu maior acionista, os Estados Unidos , ou não servem. Um exemplo simples, no caso de Banco Mundial, é a política de equidade e gênero. O BM promove essas políticas junto com os empréstimos com vigor, e o governo Trump, com rigor é contra. O Presidente do Banco Mundial é indicadopelos Estados Unidos e o do FMI, pelos europeus. Os americanos podem trocá-lo, como já fizeram no passado, e colocar verdadeiros falcões, a qualquer momento. E no FMI, exercer o poder, como fizeram agora facilitando a vida do Millei. Para os amigos tudo e para os demais, nada.
Ou seja, os tempos mudaram mesmo na primavera em Washington, para todos.
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