DA QUEBRA DE VIDROS E DA CONFIANÇA
O quebra-quebra em Brasília quebrou mais do que os vidros e móveis dos palácios. Colocou em pauta algo que foi empurrado abaixo do tapete por todos os interessados, partidos políticos, atual governo, empresários e até trabalhadores: vamos virar a página e confiar que podemos trabalhar juntos no futuro. O fato de o Congresso votar a PEC da forma proposta pelo então futuro governo, e de termos vivenciado uma posse do Lula tranquila, criou a ilusão de que tudo estava bem e que estávamos caminhando para uma paz econômica e social.
Os eventos deste fim da semana, no dia das Reis, mostraram que a conclusão estava errada. E mais: com consequências irreparáveis para o futuro do país. Primeiro mostrou que o governo está despreparado para conter essa onda revoltosa que está se alastrando há muito tempo pelo país. O governo, nos seus níveis mais diferentes, falhou em evitar um desastre de proporções épicas para o país.
E do ponto de vista dos investidores, que não são só os da Faria Lima, mas milhares de empresários no país, todos levaram um susto e têm no bolso uma pergunta ainda sem resposta: até onde isso vai? A incapacidade do governo Lula de prevenir esses eventos do ponto de vista da segurança pública e a existência de outro lado de um movimento que, à plena luz do dia, consegue quebrar os símbolos da República, assustam.
A reação no país e fora do país a esse vandalismo, inclusive de entidades empresariais brasileiras, e o apoio ao governo Lula não evitam a pergunta simples: de que essas pessoas são capazes? Já fecharam estradas, em São Paulo estão fechando o acesso ao Aeroporto de Congonhas, em Belo Horizonte um juíz permite que acampam em frente ao quartel do exército, já houve mortes e mais e mais.Como será no futuro? As esquerdas, em especial o Movimento dos Sem Terra, eram, junto com os sindicatos dos trabalhadores, o pavor dos empresários. E como eles vão reagir? Haverá um conflito armado ou que tipo de conflito vai se reproduzir no país? Essas e outras dúvidas persistem e se transformam em receio, medo e paralisam as atividades, prejudicam empregos e investimentos.
Mas a história na área empresarial não acaba com dúvidas e nem com as declarações das suas entidades. Todos os dirigentes empresariais sabem que é no meio empresarial que o bolsonarismo tem maior apoio. Provavelmente também, o maior apoio financeiro e logístico. Teve Federação das Indústrias que apoiou Bolsonaro nas eleições e a cujo presidente foi prometido o cargo de ministro. Inúmeros empresários se declararam bolsonaristas e inúmeros coagiram seu funcionários a votarem no Bolsonaro. Como ficam então essas entidades e seus associados?
As quebras de Brasília não quebraram os vidros e cadeiras, quebraram o frágil equilíbrio democrático brasileiro e, com ele, a paz social e a oportunidade de crescimento econômico e social equilibrado. O Brasil nunca mais será o mesmo.
Caro Salej, espero que sua previsão no último parágrafo deste excelente artigo esteja errada. A reação da imprensa brasileira e internacional à ação dos baderneiros, como se vê nas capas de jornais no blog da Kika Castro, pode mudar alguma coisa. Chamei de baderneiros. A Kika, leitora ávida de jornais, descobriu 50 boas palavras para substituir "manifestantes".
ReplyDeleteConcordo em gênero, número, e grau. Enquanto as ações do governo se conventrarem emperpetuar a polarização e manter uma csmpanha infindável, sus trajetória será imprevisível.
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