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Friday, 23 October 2020

5 G :A ESCOLHA DE SOFIA

5 G : A ESCOLHA DE SOFIA No tsunami de informações e contrainformações sobre a implementação da conectividade 5 G no Brasil, nenhuma escolha será fácil e ao agrado de todos. Sāo poucas as decisões na história do Brasil tão impactantes para o seu futuro como esta da implementação da tecnologia 5 G. Mas a decisão mais importante já foi tomada: o Brasil vai implementar a conectividade agora. Para que, como perguntou o professor Ary Plonski da USP, e por que, pergunta de outro professor da USP, Moacyr Martucci. Eis a questão. Alias, a USP fundou um think tank específico para a implementação de 5 G no Brasil. Há uma resposta só a essas perguntas: para desenvolver o Brasil. Para fazer um leapfrog em todos os campos, fundamental para o país deixar de ser o do futuro para construir o futuro. Essa tecnologia, que será mais visível no celular, que mais de 230 milhões de brasileiros carregam, é transformadora de todas as atividades sociais e econômicas. É uma mudança de paradigma de um tamanho que ainda não foi avaliado devidamente nem pelo governo e nem pelos outros atores. No momento, estamos assistindo, mais do que o necessário, a uma briga internacional. As duas potências, e nossos parceiros econômicos importantes, querem trazer a sua disputa incontrolada para o Brasil e nos envolver nos seus interesses, sem levar em conta os nossos. É simplesmente estrondoso ver os representantes do governo dos Estados Unidos, doze dias antes das eleições em seu país, vir para cá e exigir que o Brasil bloqueie a tecnologia chinesa. O fato é que o Brasil, através do CPQD de Campinas, da POLI da USP, do INATEL de Santa Rita de Sapucai, desenvolveu mais tecnologia de 5 G do que os Estados Unidos. Outro fato é que nenhum diplomata sério discute algo relevante com alguém que tem grande chance não estar no governo daqui a dez dias. E terceiro, alguém pode oferecer um bilhão de dólares de compensação se não comprar equipamento chinês, se não produz o equipamento? Legalmente, isso é viável nos Estados Unidos, ou é um jogo de mídia? A questão da segurança de redes 5 G existe. Mas, essa questão é antiga e ninguém deve esquecer o ocorrido no governo Dilma, quando descobriram que os EUA espionavam o nosso governo. No Brasil temos inclusive órgãos, tanto no Ministério da Defesa como na área de inteligência, que sabem lidar com isso. Ou, como diria Millor Fernandes, não sabem. Mas, no futuro é fácil resolver isso: estabelecer um laboratório de verificação de equipamentos e software aplicado às redes de 5 G. Só não pode ser no INMETRO, que precisa de dois anos para aprovar uma tomada elétrica e não tem nenhuma estrutura para isso. Alias, é interessante observar que, nos EUA, um grupo de amigos do Trump, Rivada, está tentando de todo jeito obter vantagens extraordinárias na implementação de redes privadas junto ao Departamento de Defesa. Aí fica a pergunta, se eles não estão oferecendo vantagens para Brasil com endereço certo, ou seja, não para eliminar os chineses, mas essencialmente para beneficiar Trump e seus amigos. Aliás, se ele não estiver na Casa Branca, por que não fazer negócios num país amigo onde ainda não têm negócios? O fato é que quem tiver acesso a dados gerados pela conectividade 5 G tem bom domínio do mercado. Se alguém possui dados sobre sementes, e dados subsequentes das safras e logística, manipula o mercado. Disso não ha dúvida. Quanto à tecnologia especifica de um ou outro país, é grande mentira de players internacionais que só eles tem a tecnologia. 5G, segundo o professor Martucci, é 80 software e 20 % hardware. E as instituições de pesquisa e a indústria brasileira podem ser competitivas no fornecimento dessas tecnologias. Em especial na área do agro, onde ninguém no mundo tem tanta pesquisa como o Brasil. A nova conectividade oferece inúmeras oportunidades para a inovação, start-up, desenvolvedores de start-up e criação de um Cluster 5 G. A decisão que governo vai ter que tomar nāo será fácil. Será uma escolha de Sofia em termos geopolíticos, mas não há dúvida de que a escolha em termos de oportunidade de desenvolvimento está tomada e não vai esperar o governo. A sociedade não vai esperar porque não pode. E não vai implementar o que for do interesse de seja quem for, mas do interesse nacional.

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