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Monday 11 November 2019

DE MINAS EM CACOS E CACOS DE MINAS

DE MINAS EM CACOS E CACOS DE MINAS

Recente campanha publicitária da quase centenária FIEMG, Federação das Indústrias de Minas Gerais, diz que o Estado de Minas está em cacos e precisamos todos apoiar o projeto do governo Zema para a sua recuperação fiscal, em discussão na Assembleia Legislativa do Estado. Os anúncios e o chamado à população para que entenda que, se o projeto não for aprovado, a situação do próprio cidadão vai piorar, merecem neste momento crítico uma reflexão que ultrapassa o simples anúncio.

De fato, Minas tem muitos cacos e cocos que foram feitos durante a história. O estado foi dirigido  por banqueiros, industriais, empresários, engenheiros, advogados, economistas, mas foi um médico, JK, que deixou mais progresso e desenvolvimento do que qualquer outro. Uma das atitudes mais proveitosos na solução de crises é que os atores envolvidos na sua construção, ou neste caso desconstrução do estado, governo, e sua sociedade, façam uma reflexão sobre o que aconteceu e qual foi o papel de cada um. Já que a palavra crítica é , no dicionário político mineiro é palavrão e ofensa grave, seria bom pensar o que fazer com os cacos que estão infernizando a vida do cidadão. Ou seja, não é uma análise de números e também uma solução aritmética que vão dar uma saída duradoura à situação crítica e triste de hoje do estado.

O que não falta em Minas são boas cabeças pensantes. E esta situação exige uma reflexão profunda dos melhores cérebros mineiros e brasileiros. Quiçá estrangeiros. Hélio Garcia não teve medo, para citar um exemplo, de ter ao seu lado técnicos do mais alto gabarito e ouvir sobre o Plano Real o redutável Professor Jeffrey Sachs. E pior, ou melhor, fazer o que ele  sugeriu. Um governo que foi eleito com tal maioria não pode ser sectário e nem se apequenar perante os problemas, mas tem que exercer a liderança que leva a soluções. O plano apresentado é parte da solução e as medidas anunciadas, como a pré-venda de recebíveis de nióbio ( algo parecido com o que aconteceu com venda fracassada do pré-sal ou na Grécia), privatizações e ameaças de medidas não passam de solução momentânea.

O plano tem que ser uma profunda reforma do estado, por incrível que pareça algo que Guedes, aliás quadro da UFMG, quer fazer. Se continuar com esse modelo de gestão do estado, composto por privilegiados e outros 90 %, de nada adianta esse plano. Se os setores privilegiados de ontem, hoje e querendo ser de amanhã, insistirem em não colaborar, o plano só vai resolver algumas coisinhas, mas na essência só vai transformaram os cacos de hoje em meteoritos de amanhã.

Minas tem que repensar urgentemente seu modelo de estado. Na área de gestão pública, no seu modelo político, altamente dependente do poder federal, econômico e social. O que está aqui faliu e faliu feio, deixando muito mais gente na miséria do que se imagina e muito mais gente riquíssima do que a sociedade aceita. Estamos numa nova era tecnológica e de desafios, e agimos, inclusive com esse plano, com métodos do século passado que morreram.Ou que nos deixaram onde estamos.

Nesta visão do futuro, não podemos deixar de repetir aquela frase de Presidente  Kennedy, salvo engano, o que você pode fazer por este país. Na área empresarial, colocar anúncio e fazer lobby pelos interesses só de um grupo de empresários, é coisa de amador , sem visão e muito pior: sem responsabilidade com o futuro. O empresariado mineiro tem sim que dar as mãos ao governo e outros atores na solução da crise, mas tem que também liderar seu próprio projeto de melhoria de competitividade e inserção no mercado global. A soberana indústria não conversa com o agro e com os serviços e comércio, ou vice versa. As reuniões de coordenação das 11 entidades não levam a um objetivo comum, um projeto comum, como aliás já aconteceu no passado. E enquanto o setor econômico for essencialmente pensar nas soluções do governo e com o governo, o estado vai para o Plano de recuperação e nada além. E isso quer dizer um grande Band aid, mas tudo continua como D’antes no quartel do Abranches.

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