DO RECLAME, PROPAGANDA E GESTÃO
A velha discussão que não consegue ter fim e início é qual imagem o Brasil como país deve apresentar. Essa discussão passou todo o tempo do regime militar com o devido cuidado, inclusive com especialistas da área militar na área, naquela época só chamada de relações públicas. Os governos militares deram muita importância a isso, quem não lembra da marchinha da Copa de 70 milhões, mas não foi a publicidade governamental e das estatais que constituiu a forca motriz daquela moldagem da imagem do Brasil. Houve na época do hoje extinto Instituto Brasileiro de Café, IBC, uma campanha mundial de café brasileiro, liderada pelo pioneiro das feiras brasileiras Alcântara Machado.
A procura de uma marca, de uma imagem do país, e a utilização dos instrumentos de comunicação e publicidade por todos os governos e seus governantes ganhou seus contornos mais fortes na época do governo Lula. A publicidade governamental se tornou um poderoso instrumento de pressão sobre os meios de comunicação, sua grande fonte de receita, e ao mesmo tempo, em alguns casos específicos e em especial nas estatais, fonte promissora de desvio de recursos.
Esse período também produziu uma imagem própria do Brasil, que pelos últimos eventos, não serve mais. Ou seja, qual a imagem que vamos apresentar através da publicidade de atores governamentais, governos e seus órgãos e suas estatais ? Pela mensagem dada pelo Presidente da República, sugerindo a retirada de publicidade do Banco do Brasil, um banco sob controle do governo mas com ações negociadas nas Bolsa de valores, ficou claro que governo federal vai dar diretriz clara e definida a todos sobre o tipo de mensagem deve ser transmitida e por intermédio de quais veículos. E neste momento não tem nenhum maluco na praça que não entendeu a mensagem.
Esse investimento ou despesa das estatais é minúsculo em relação a que as 148 empresas estatais geram de recursos, negócios, investimentos e lucros ou prejuízos. Preocupar-se com uma campanha publicitaria na semana em que a Petrobras informa que vai investir mais de 60 bilhões de reais nos próximos sete meses e ninguém comenta nada, eis o problema. Onde e sob que critérios serão feitos os investimentos das estatais e criando quanto de empregos, impostos e benefícios para a população, eis o verdadeiro problema.
Nossas estatais federais, não falamos de estatais dos Estados, que são um caos, têm tudo para serem eficientes e cumprirem seus objetivos conforme a lei. Mas, elas só podem ser eficientes e produtivas se o dono souber administrar. E aí o governo precisa ter foco e a gestão que pode até incluir o cuidado com a publicidade e seu conteúdo. Mas, efetivamente a empresa é tão boa quanto os donos sabem o que querem e sabem administrar. E nisso fica claro também controlar.
Na gestão de empresas é muito comum que os gestores induzam os donos, conselhos, para os conflitos menores, enquanto as coisas importantes são relegadas a um segundo plano. E aí, o resultado todo mundo sabe, porque especificamente, no caso brasileiro, já passamos por isso.