DA ENCRUZILHADA DAS EMPRESAS EM 2019
Entre a cruz e a caldeirinha. Simples, esta é a situação eleitoral para as empresas e os empresários. Os projetos econômicos dos dois candidatos que estão na frente das pesquisas e a declarações dos seus principais economistas apontam para duas certezas: a primeira diz que o tal de mercado (setor financeiro) continuará dando as cartas . Nesse capítulo, é interessante notar que as pesquisas divulgadas por exemplo pelo Banco BTG, ou as palestras ali feitas pelos candidatos e seus economistas, despertam mais interesse e eventualmente credibilidade do que as feitas pelas instituições empresariais ou a mídia. E nenhum candidato, levando-se em consideração a crise que vivemos, tem força política para ignorar os pleitos, os interesses e o pseudo patriotismo do setor financeiro.
Por outro lado, tem empresariado que não pertence ao tal mercado, aí incluídas também empresas cujo principal lucro é oriundo de engenharia financeira, e representa a absoluta maioria das empresas no Brasil. Estas empresas não têm nesta eleição nenhuma influência a não ser o voto individual dos empresários.
Os dois principais candidatos, na visão de hoje, Bolsonaro e Haddad, estão crescendo nas pesquisas devido a suas propostas populistas e não por causa de propostas que vão resolver a crise e fazer o país crescer. É o famoso paradigma exposto muitos anos atrás pelo cientista politico Fábio Reis, 8 ou 80: oito milhões de contribuintes de imposto de renda versus 80 milhões de não contribuintes, mas também eleitores. Os dois candidatos hoje representam uma clara tendência de que os eleitores contribuintes em escala maior podem eleger o presidente da república sem os votos dos contribuintes de maior poder aquisitivo.
E como os dois não precisam, devido à nova legislação, de financiamento empresarial, e têm os votos do povo, não precisam desse segmento da população que só aborrece os políticos, mas não tem, na avaliação deles, potencial para eleger ninguém. Por outro lado, a flexibilidade política de interesses pessoais nas entidades representativas nacionais, como a CNT, que tem um ex-político mineiro como seu eterno presidente, ou a CNI, que apoia seu ex-presidente para governador em Pernambuco, que por sua vez apoia o PT, reduzem a base de interesse eleitoral para os candidatos. Bastam conchavos, não se precisa de programas e nem de comprometimentos.
A grande preocupação é o que vai acontecer após 1° de janeiro. Se for o governo Haddad-Lula, incapaz de repetir A Carta aos Brasileiros e a aliança que foi representada por José Alencar, é uma situação. E se for Bolsonaro, com Paulo Guedes metendo medo em todo mundo, sem ter projetos que, fora do mercado financeiro, inspirem confiança, é outra situação. E, em vista da situação fiscal e cambial, nenhuma das propostas dos candidatos na ponta convence que o Brasil, através de fase de transição, rigor fiscal e gestão pública mais eficaz e transparente, vai chegar ao desenvolvimento. Serão medidas populares, confusas, sem respaldo do congresso, no qual não estamos prestando a atenção, que não levarão nem à estabilidade e nem ao desenvolvimento. Teremos a troca de meia dúzia por seis.
Ainda há tempo para que os candidatos percebam que sim, o empresariado não financeiro é eleitor importante, e, mais ainda, será ou não parceiro na governabilidade. Desprezar esse segmento do eleitorado vai custar muito ao governante e ao país.
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