Do churrasco na fábrica de tecidos
A situação é extremamente simples: um operário na fábrica de tecidos organiza durante o expediente de trabalho um churrasco para ele e os demais colegas. E ao lado de produtos químicos, entre uma folguinha e outra, e sem cerveja. A empresa demite-o por justa causa, o Tribunal Regional do Trabalho anula a decisão da empresa e o Tribunal Superior do Trabalho, confirma: demita-se, mas com todos os direitos. E dá um pito na empresa que exagerou na dose de punição. O caso aconteceu na centenária fábrica de tecidos Santanense em Itaúna.
Bem, se você for empregado, vê isso com alegria. Aliás, você vê com alegria toda a proteção que a nossa legislação trabalhista lhe oferece junto com delegacias do Ministério do Trabalho e seus fiscais e mais a Justiça do Trabalho, que na absoluta maioria das vezes está a favor do funcionário, seja ele com curso superior ou então simples faxineiro. Alguém tem que proteger o explorado trabalhador.
Mas, se você for empregador, nem que seja de uma empregada doméstica, está sujeito à Consolidação das leis de trabalho baseada na lei italiana da época do Mussollini, com seus apetrechos e adendos, com ação dos fiscais de trabalho e da justiça, que acham em princípio que você decidiu ser empresário somente para ter a alegria de explorar o próximo.
Claro que nem todos os funcionários fazem churrasco durante o expediente, e claro que nem todos os empresários acham que ao não cumprir a lei pode progredir mais do que os que cumprem a lei. O fato é que está situação das relações trabalhistas torna com certeza as empresas menos competitivas e os operários, mais vulneráveis. É uma situação em que as duas partes perdem muito e sem dúvida alguma leva a um aumento dos custos de mão de obra que limita a expansão das empresas no aumento de suas vagas. Os nossos salários são baixos em termos internacionais, mas o custo de mão de obra é alto. Sem falar nos imprevisíveis, como as sentenças da Justiça do Trabalho, e outras vulnerabilidades que aparecem por pressão ou dos sindicatos ou lideranças mal intencionadas.
Estamos numa situação que não é boa para ninguém e, como a corda arrebenta do lado mais fraco, é certamente pior para o trabalhador. Com a perspectiva de redução das atividades econômicas, esse problema se torna ainda mais agudo. E tem mais outro elemento: nossos competidores internacionais, notadamente a China, não têm esse problema. E o consumidor quer produto bom e barato, não se importando de onde vem. E a essa situação ainda devemos somar os altos custos dos conselhos profissionais, sem retorno para o trabalhador ou as empresas, e de acidentes de trabalho onde estamos bem mal colocados no nível mundial.
A solução é simples: que os sindicatos de empresários e empregados, os dois também cobram taxas, sentem juntos e acham a solução. Que chamem os competentes juízes do trabalho, o Ministro do Trabalho e mais os deputados e façam a reforma. Muitos privilégios vão se perder neste projeto, mas ficarão as mãos limpas para poder trabalhar e criar mais empregos. Do jeito,que está, todos perdem. Aliás, provavelmente não se faz uma reforma, porque uns devem estar ganhando com a situação.
Algo de novo nisso? Não! Os alemães fizeram isso, criaram um grupo de trabalho de 15 representantes dos sindicatos, empresas e governo, e as conclusões foram transformadas em leis que permitiram o país estar onde está hoje. O único perdedor foi chefe do governo que perdeu as eleições, mas ficou na história.
Stefan SALEJ
sbsalej@iCloud.com
www.salejcommment.blogspot.com
24.10.2014.
politica internacional, visao de Europa,America Latina,Africa, economia e negocios international politics, business, Latin America-Europa-Africa
Saturday, 25 October 2014
Friday, 24 October 2014
DO UM MINUTO APÓS AS ELEIÇÕES
Do minuto após as eleições
O mundo está onde sempre esteve, mesmo que durante a campanha eleitoral olhemos pouco para ele. Mas, ao contrário de nós, o mundo inteiro olhou para as eleições presidenciais brasileiras com uma atenção ímpar, não só por curiosidade mas por interesse. O nosso tamanho, independentemente de certos comentários ocasionais salientando a nossa grandeza, é de um país importante e onde o jogo de interesses ainda é maior. Não há empresa importante no mundo, seja industrial, seja banco ou de serviços, que não esteja presente no Brasil. E mais, um resfriado econômico aqui pode levar muita empresa para a UTI, sem pensar que alguns acham que nós também podemos estar lá.
Enquanto o boato comia terra no Brasil, a União Européia teve confirmada a nova Comissão sob liderança do conservador luxemburguês Juncker. Os conflitos na Ucrânia, que também teve eleição parlamentar hoje, continuam, e sem perspectiva de terminar. Na Indonésia assumiu um novo presidente, mas na vizinha Bolívia foi re-eleito o amigo fraternal do Brasil, Evo Morales. E as eleições no vizinho Uruguai, também sócio do Mercosul, que não consegue fazer acordo com a União Européia, não estão mostrando um resultado muito promissor para as relações entre os dois países. A Argentina continua quebrada e sem pagar as contas e se junta à Venezuela, que caminha a passo largo rumo a uma democracia falida em todos os sentidos.
O Ebola, que era coisa dos africanos, está batendo na porta da Europa e dos Estados Unidos, sendo que, segundo o New York Times, é Cuba que está dando um exemplo que merece elogio no combate a essa terrível doença. A volatilidade do mercado financeiro supera a volatilidade política no Oriente Médio, onde o Estado Islâmico está expandindo seus territórios e onde o combate a eles está mais desorganizado do que jogo de futebol na várzea. E mais, daqui a pouco teremos eleições parlamentares nos Estados Unidos, onde tudo indica que os republicanos ganharão a maioria no Congresso e Senado, criando mais dificuldades para o governo democrata do presidente Obama.
A queda de preços das commmodities, que já atingiu em média 14 % neste ano e reduziu nossas exportações em 11 bilhões de dólares, é um fato grave nas nossas relações com o mundo. Nossas reservas estão sendo afetadas com a redução de exportações e a receita dos investimentos estrangeiros no país não nos dá a segurança do aumento de empregos de que vamos precisar. Não haverá tempo para estourar a champanhe após a eleição. O trabalho de inserção de uma forma responsável na política internacional nos será exigido pelos acontecimentos mundiais e pelos nossos parceiros. E mais, pela nossa situação cambial e financeira.
No nível regional, teremos que achar soluções autônomas para ativar a economia mineira dependente de matérias primas e capital estrangeiro, que no momento levou mais do que trouxe.É absolutamente mentira dizer que no caso de vitória de um ou outro deixarão de vir ou não bilhões de dólares. Dólar não tem ideologia, tem interesse.E quem não tem interesse em um mercado de 200 milhões de pessoas em crescimento? Mas, tem que ter crescimento. E ele pode ser regional ou setorial, mesmo que não seja de todo nacional.
Stefan B. Salej
24.10.2014.
O mundo está onde sempre esteve, mesmo que durante a campanha eleitoral olhemos pouco para ele. Mas, ao contrário de nós, o mundo inteiro olhou para as eleições presidenciais brasileiras com uma atenção ímpar, não só por curiosidade mas por interesse. O nosso tamanho, independentemente de certos comentários ocasionais salientando a nossa grandeza, é de um país importante e onde o jogo de interesses ainda é maior. Não há empresa importante no mundo, seja industrial, seja banco ou de serviços, que não esteja presente no Brasil. E mais, um resfriado econômico aqui pode levar muita empresa para a UTI, sem pensar que alguns acham que nós também podemos estar lá.
Enquanto o boato comia terra no Brasil, a União Européia teve confirmada a nova Comissão sob liderança do conservador luxemburguês Juncker. Os conflitos na Ucrânia, que também teve eleição parlamentar hoje, continuam, e sem perspectiva de terminar. Na Indonésia assumiu um novo presidente, mas na vizinha Bolívia foi re-eleito o amigo fraternal do Brasil, Evo Morales. E as eleições no vizinho Uruguai, também sócio do Mercosul, que não consegue fazer acordo com a União Européia, não estão mostrando um resultado muito promissor para as relações entre os dois países. A Argentina continua quebrada e sem pagar as contas e se junta à Venezuela, que caminha a passo largo rumo a uma democracia falida em todos os sentidos.
O Ebola, que era coisa dos africanos, está batendo na porta da Europa e dos Estados Unidos, sendo que, segundo o New York Times, é Cuba que está dando um exemplo que merece elogio no combate a essa terrível doença. A volatilidade do mercado financeiro supera a volatilidade política no Oriente Médio, onde o Estado Islâmico está expandindo seus territórios e onde o combate a eles está mais desorganizado do que jogo de futebol na várzea. E mais, daqui a pouco teremos eleições parlamentares nos Estados Unidos, onde tudo indica que os republicanos ganharão a maioria no Congresso e Senado, criando mais dificuldades para o governo democrata do presidente Obama.
A queda de preços das commmodities, que já atingiu em média 14 % neste ano e reduziu nossas exportações em 11 bilhões de dólares, é um fato grave nas nossas relações com o mundo. Nossas reservas estão sendo afetadas com a redução de exportações e a receita dos investimentos estrangeiros no país não nos dá a segurança do aumento de empregos de que vamos precisar. Não haverá tempo para estourar a champanhe após a eleição. O trabalho de inserção de uma forma responsável na política internacional nos será exigido pelos acontecimentos mundiais e pelos nossos parceiros. E mais, pela nossa situação cambial e financeira.
No nível regional, teremos que achar soluções autônomas para ativar a economia mineira dependente de matérias primas e capital estrangeiro, que no momento levou mais do que trouxe.É absolutamente mentira dizer que no caso de vitória de um ou outro deixarão de vir ou não bilhões de dólares. Dólar não tem ideologia, tem interesse.E quem não tem interesse em um mercado de 200 milhões de pessoas em crescimento? Mas, tem que ter crescimento. E ele pode ser regional ou setorial, mesmo que não seja de todo nacional.
Stefan B. Salej
24.10.2014.
Sunday, 19 October 2014
De São Petersburgo com arte e temor
De São Petersburgo com arte e temor
A segunda maior cidade da Rússia, com 5 milhões de habitantes e que há 97 anos se chamava, durante o Outubro Vermelho, Petrograd, quando explodiu a revolução bolchevique, é um misto de história e atualidade. Depois de passar a se chamar Leningrado, em homenagem ao líder bolchevique, voltou ao nome antigo de São Petersburgo. Enormes palácios, cópias de europeus, dourados quanto podiam e não podiam, mostram a opulência da época dos czares russos. Poderosos e guerreiros, ricos e ostentatórios, competindo por um espaço na Europa moderna, não querendo ficar para trás nem em mostrar poder nem luxo. Tudo refeito, especialmente após a destruição provocada pelos nazistas, que chegaram a 30 km da cidade na Segunda Guerra Mundial.
Os palácios refeitos tem o seu ponto alto no Museu Hermitage, com milhares das obras mais importantes da cultura européia em seu acervo. Como chegaram lá esses milhares de pinturas dos últimos seis séculos é outra história. Umas compradas, outras pertencentes a famílias que fugiram do novo regime, em especial judeus, e outras vindas com as conquistas durante a segunda guerra mundial. O fato é que alguém pode ficar semanas no museu e não vai ver tudo. Mas, é imperdível uma visita focada nas principais obras, seja de mestres holandeses, italianos, franceses ou até de Picasso.
A cidade, extensa, tem prédios ainda da época dos czares, depois muito poucas construções da época soviética e inúmeras construções, em especial nas áreas comerciais, de épocas mais recentes. E tanto que tem marcas da época dos czares, mas muito pouco de lembranças de ser o berço de um dos mais importantes eventos do século passado, a Revolução de Outubro. Parece que o orgulho de uma pujança aparente das épocas dos czares algozes quer substituir o papel que a cidade teve na construção de uma ordem diferente, ordem nova. Quanto mais se valoriza o czarismo, tanto mais se quer desvalorizar a época soviética. Ainda não o chegou tempo de uma análise equilibrada da história.
Do outro lado do Golfo, fica a Finlândia que perdeu uma parte de seu território na guerra com a Rússia em 1939, o qual ninguém pensa em devolver. Aliás, a Finlândia, membro da União Européia, é grande beneficiária das sanções européias.O comércio fronteiriço cresce e os russos se abastecem por lá, a uns 200 km de São Petersburgo, como se fosse na esquina. A convivência da Finlândia com a Rússia é um exemplo que muitos russos mencionam quando falam das relações hoje complicadas com a Ucrânia.
Uma visita a Saint Petersburgo é obrigatória, indo à Rússia. O trem super veloz, confortável e organizado vem de Moscou para a estação Moscovsqui e, por exemplo, o próprio Museu Hermitage tem um hotel com qualidade difícil de ser vista no Brasil. A desgraça são os táxis as vezes mancomunados com a polícia, que roubam dos passageiros e ameaçam se não se pagar tarifa absurda. Para a Copa de 2018 estão construindo o maior estádio de futebol da Europa e provavelmente até lá vão enquadrar os taxistas ladrões de turistas.
Stefan B. Salej
13.10.2014.
A segunda maior cidade da Rússia, com 5 milhões de habitantes e que há 97 anos se chamava, durante o Outubro Vermelho, Petrograd, quando explodiu a revolução bolchevique, é um misto de história e atualidade. Depois de passar a se chamar Leningrado, em homenagem ao líder bolchevique, voltou ao nome antigo de São Petersburgo. Enormes palácios, cópias de europeus, dourados quanto podiam e não podiam, mostram a opulência da época dos czares russos. Poderosos e guerreiros, ricos e ostentatórios, competindo por um espaço na Europa moderna, não querendo ficar para trás nem em mostrar poder nem luxo. Tudo refeito, especialmente após a destruição provocada pelos nazistas, que chegaram a 30 km da cidade na Segunda Guerra Mundial.
Os palácios refeitos tem o seu ponto alto no Museu Hermitage, com milhares das obras mais importantes da cultura européia em seu acervo. Como chegaram lá esses milhares de pinturas dos últimos seis séculos é outra história. Umas compradas, outras pertencentes a famílias que fugiram do novo regime, em especial judeus, e outras vindas com as conquistas durante a segunda guerra mundial. O fato é que alguém pode ficar semanas no museu e não vai ver tudo. Mas, é imperdível uma visita focada nas principais obras, seja de mestres holandeses, italianos, franceses ou até de Picasso.
A cidade, extensa, tem prédios ainda da época dos czares, depois muito poucas construções da época soviética e inúmeras construções, em especial nas áreas comerciais, de épocas mais recentes. E tanto que tem marcas da época dos czares, mas muito pouco de lembranças de ser o berço de um dos mais importantes eventos do século passado, a Revolução de Outubro. Parece que o orgulho de uma pujança aparente das épocas dos czares algozes quer substituir o papel que a cidade teve na construção de uma ordem diferente, ordem nova. Quanto mais se valoriza o czarismo, tanto mais se quer desvalorizar a época soviética. Ainda não o chegou tempo de uma análise equilibrada da história.
Do outro lado do Golfo, fica a Finlândia que perdeu uma parte de seu território na guerra com a Rússia em 1939, o qual ninguém pensa em devolver. Aliás, a Finlândia, membro da União Européia, é grande beneficiária das sanções européias.O comércio fronteiriço cresce e os russos se abastecem por lá, a uns 200 km de São Petersburgo, como se fosse na esquina. A convivência da Finlândia com a Rússia é um exemplo que muitos russos mencionam quando falam das relações hoje complicadas com a Ucrânia.
Uma visita a Saint Petersburgo é obrigatória, indo à Rússia. O trem super veloz, confortável e organizado vem de Moscou para a estação Moscovsqui e, por exemplo, o próprio Museu Hermitage tem um hotel com qualidade difícil de ser vista no Brasil. A desgraça são os táxis as vezes mancomunados com a polícia, que roubam dos passageiros e ameaçam se não se pagar tarifa absurda. Para a Copa de 2018 estão construindo o maior estádio de futebol da Europa e provavelmente até lá vão enquadrar os taxistas ladrões de turistas.
Stefan B. Salej
13.10.2014.
Friday, 10 October 2014
DA RÚSSIA, COM AMOR
De Moscou com amor
Passear à meia noite, com agradável temperatura de outono, após assistir a uma ópera de Tchaikovsky no Teatro Bolshoi, pela Praça Vermelha iluminada, com o túmulo do legendário Lenine em frente ao restaurante dentro do shopping Gum, em segurança, é um pouco da Moscou que um turista percebe. Apesar do trânsito infernal, a gente não vê Lada, que foram os carros russos importados no Brasil na época das carroças do Collor, mas só carros modernos. A cidade, uma das grandes capitais do mundo, oferece uma tranqüilidade ímpar. Não tem marca famosa, seja de carro, de roupa, de restaurantes ou do que for, que não esteja presente nas ruas com prédios antigos, mas todos bem arrumados, na área central da capital russa. E além dos restaurantes, é impressionante o número de farmácias e bancos. E o internet gratuito por todo lugar.
No dia em que o Presidente Putin festejou 62 anos longe da capital, nas taigas da Sibéria, e por outro lado a imprensa mundial escrevia muito sobre a eleição brasileira, os jornais daqui se preocupavam mais com a queda do rublo, o plano do governo para incrementar a produção de alimentos em vista de boicote da importação de alimentos europeus, e a televisão falava bastante dos acontecimentos na Ucrânia. A eleição brasileira, mesmo sendo a Rússia parte dos países BRICS, não era assunto de muita importância. Aliás, no oceano de produtos importados e marcas mundiais que predominam em todas as esquinas, você só ouve música brasileira no bar do hotel, mas a marca Brasil está mais escondida do que a história da União Soviética.
Aliás, é ilusão achar que todos os russos, e aí se inclui o governo, detestam e escondem o que aconteceu no tempo de União Soviética. No programa do Bolshoi são mencionados não só artistas que receberam honrosos prêmios durante URSS, como também o conferencista Volkov, ex-conselheiro econômico do Comitê Central. Não há conversa com os russos em que eles disfarcem seu orgulho de terem vencidas três grandes guerras, sendo a última a derrota do nazismo, que ceifou quase trinta milhões de vidas, ou seja 15 % de população brasileira de hoje. E nos fantásticos museus de Moskva, você vê crianças de todas as idades aprendendo história.
Os ocidentais aproveitaram a queda da União Soviética para colocar todos os seus produtos, bens e serviços aos russos, que os receberam de braços abertos. Assim, as sanções que querem impor por causa do conflito na Ucrânia vão afetar sim o consumidor russo, mas vão bater forte no bolso das empresas e bancos ocidentais.Os russos estão unidos com Putin mais do que os ocidentais percebem e são patriotas que não se assustam com ameaças. Ou seja, Putin tem apoio popular para reerguer o Império russo. A queda de preço do petróleo e as sanções podem levar a um isolamento em que Rússia continuará Rússia.
E 2018, com a Copa? Moscou, como cidade, será um bom lugar para se torcer. Talvez um pouco cara, mas mesmo assim um lugar com transporte público e segurança acima da expectativa. E vale a pena visitar já. Principalmente pelas oportunidades e cultura.
( O colunista está de viagem na Rússia)
Stefan B. Salej
9. de outubro 2014.
Passear à meia noite, com agradável temperatura de outono, após assistir a uma ópera de Tchaikovsky no Teatro Bolshoi, pela Praça Vermelha iluminada, com o túmulo do legendário Lenine em frente ao restaurante dentro do shopping Gum, em segurança, é um pouco da Moscou que um turista percebe. Apesar do trânsito infernal, a gente não vê Lada, que foram os carros russos importados no Brasil na época das carroças do Collor, mas só carros modernos. A cidade, uma das grandes capitais do mundo, oferece uma tranqüilidade ímpar. Não tem marca famosa, seja de carro, de roupa, de restaurantes ou do que for, que não esteja presente nas ruas com prédios antigos, mas todos bem arrumados, na área central da capital russa. E além dos restaurantes, é impressionante o número de farmácias e bancos. E o internet gratuito por todo lugar.
No dia em que o Presidente Putin festejou 62 anos longe da capital, nas taigas da Sibéria, e por outro lado a imprensa mundial escrevia muito sobre a eleição brasileira, os jornais daqui se preocupavam mais com a queda do rublo, o plano do governo para incrementar a produção de alimentos em vista de boicote da importação de alimentos europeus, e a televisão falava bastante dos acontecimentos na Ucrânia. A eleição brasileira, mesmo sendo a Rússia parte dos países BRICS, não era assunto de muita importância. Aliás, no oceano de produtos importados e marcas mundiais que predominam em todas as esquinas, você só ouve música brasileira no bar do hotel, mas a marca Brasil está mais escondida do que a história da União Soviética.
Aliás, é ilusão achar que todos os russos, e aí se inclui o governo, detestam e escondem o que aconteceu no tempo de União Soviética. No programa do Bolshoi são mencionados não só artistas que receberam honrosos prêmios durante URSS, como também o conferencista Volkov, ex-conselheiro econômico do Comitê Central. Não há conversa com os russos em que eles disfarcem seu orgulho de terem vencidas três grandes guerras, sendo a última a derrota do nazismo, que ceifou quase trinta milhões de vidas, ou seja 15 % de população brasileira de hoje. E nos fantásticos museus de Moskva, você vê crianças de todas as idades aprendendo história.
Os ocidentais aproveitaram a queda da União Soviética para colocar todos os seus produtos, bens e serviços aos russos, que os receberam de braços abertos. Assim, as sanções que querem impor por causa do conflito na Ucrânia vão afetar sim o consumidor russo, mas vão bater forte no bolso das empresas e bancos ocidentais.Os russos estão unidos com Putin mais do que os ocidentais percebem e são patriotas que não se assustam com ameaças. Ou seja, Putin tem apoio popular para reerguer o Império russo. A queda de preço do petróleo e as sanções podem levar a um isolamento em que Rússia continuará Rússia.
E 2018, com a Copa? Moscou, como cidade, será um bom lugar para se torcer. Talvez um pouco cara, mas mesmo assim um lugar com transporte público e segurança acima da expectativa. E vale a pena visitar já. Principalmente pelas oportunidades e cultura.
( O colunista está de viagem na Rússia)
Stefan B. Salej
9. de outubro 2014.
Sunday, 5 October 2014
DA DEMOCRACIA DE GUARDA CHUVA
Da democracia de guarda chuva
No mundo cheio de conflitos armados, a notícia de protestos pacíficos pela democracia em Hong Kong na China, parece um alívio. Hong Kong (HK))que esteve desde primeira guerra de ópio que os chineses perderam parados britânicos em 1841 sob domínio da coroa inglesa ate 1997 quando passou ser parte da China continental ou como preferem alguns China Comunista. E foi feito um acordo entre as partes que dava autonomia a cidade de 7 milhões de habitantes que importa 70 % de sua água e 90% de sua comida do continente que o resto da China não tem. HK é uma ilha de relativa democracia no continente chinês. Além de ser um centro financeiro fundamental para China, 40 milhões de visitantes vem anualmente a HK fazer compras e ver como funciona tal autonomia.
E agora mais uma vez explodiu a panela de pessoa democrática. A razão é que governo chinês anunciou que em 2017 haverá eleições para a escolha do governo local e que os candidatos serão escolhidos por um conselho de 1200 pessoas. E aí veio a revolta: os candidatos apontados por este conselho serão todos de agrado de Beijing, portanto as eleições não serão democráticas.E a revolta que sob guardas chuvas reuniu mais de 200 mil pessoas tem um líder. Jovem estudante secundário de 17 anos, Joshua Wong é segundo imprensa internacional Whiz kid deste evento para o qual o governo americano já disse que sufrágio universal é a base de democracia. Portanto, Estados Unidos apóiam o movimento. Europeus estão calados, e os japoneses querem China com problemas enquanto os britânicos não dizem nada.
Na memória de todos estão ainda os acontecimentos de Praça Celestial de Beijing em 1989 quando os estudantes fora esmagados pelos tanques.O falecido político Jose Alencar dizia com voz clara que o governo chinês estava certo. Num país grande como China, alegava ele, tem que prevalecer ordem. E agora José? O governo chinês está procurando limitar o caso de Hong Kong a seus limites geográficos. Está cidade e sua situação é muito peculiar e nada tem que ver com a situação no resto da China. Claro como toda regra também esta tem exceções: Tibet e a minoria Uighur. O caso de Tibet com Dalai Lama é mais conhecido mas os Uighur que são muçulmanos e seus membros participam ativamente dos movimentos radicais pelo mundo adora, é mais complexo. Aliás, eles também tem promovido os atentados na própria China. A solução que será dada aos manifestos em Hong Kong vai marcar a posição do governo em relação a todas as dissidências.
Conflito desta natureza não beneficia nenhuma parte. Hong Kong é importante para China e é importante apesar de crescimento de outros centros, para todos que fazem negócios com este país. Se afetar crescimento chinês, afeta ainda mais Brasil de cujas exportações para la depende em muito o nosso bem estar diário. Meu, seu e de todos.
Stefan B. Salej
2.10.2014.
No mundo cheio de conflitos armados, a notícia de protestos pacíficos pela democracia em Hong Kong na China, parece um alívio. Hong Kong (HK))que esteve desde primeira guerra de ópio que os chineses perderam parados britânicos em 1841 sob domínio da coroa inglesa ate 1997 quando passou ser parte da China continental ou como preferem alguns China Comunista. E foi feito um acordo entre as partes que dava autonomia a cidade de 7 milhões de habitantes que importa 70 % de sua água e 90% de sua comida do continente que o resto da China não tem. HK é uma ilha de relativa democracia no continente chinês. Além de ser um centro financeiro fundamental para China, 40 milhões de visitantes vem anualmente a HK fazer compras e ver como funciona tal autonomia.
E agora mais uma vez explodiu a panela de pessoa democrática. A razão é que governo chinês anunciou que em 2017 haverá eleições para a escolha do governo local e que os candidatos serão escolhidos por um conselho de 1200 pessoas. E aí veio a revolta: os candidatos apontados por este conselho serão todos de agrado de Beijing, portanto as eleições não serão democráticas.E a revolta que sob guardas chuvas reuniu mais de 200 mil pessoas tem um líder. Jovem estudante secundário de 17 anos, Joshua Wong é segundo imprensa internacional Whiz kid deste evento para o qual o governo americano já disse que sufrágio universal é a base de democracia. Portanto, Estados Unidos apóiam o movimento. Europeus estão calados, e os japoneses querem China com problemas enquanto os britânicos não dizem nada.
Na memória de todos estão ainda os acontecimentos de Praça Celestial de Beijing em 1989 quando os estudantes fora esmagados pelos tanques.O falecido político Jose Alencar dizia com voz clara que o governo chinês estava certo. Num país grande como China, alegava ele, tem que prevalecer ordem. E agora José? O governo chinês está procurando limitar o caso de Hong Kong a seus limites geográficos. Está cidade e sua situação é muito peculiar e nada tem que ver com a situação no resto da China. Claro como toda regra também esta tem exceções: Tibet e a minoria Uighur. O caso de Tibet com Dalai Lama é mais conhecido mas os Uighur que são muçulmanos e seus membros participam ativamente dos movimentos radicais pelo mundo adora, é mais complexo. Aliás, eles também tem promovido os atentados na própria China. A solução que será dada aos manifestos em Hong Kong vai marcar a posição do governo em relação a todas as dissidências.
Conflito desta natureza não beneficia nenhuma parte. Hong Kong é importante para China e é importante apesar de crescimento de outros centros, para todos que fazem negócios com este país. Se afetar crescimento chinês, afeta ainda mais Brasil de cujas exportações para la depende em muito o nosso bem estar diário. Meu, seu e de todos.
Stefan B. Salej
2.10.2014.
Subscribe to:
Posts (Atom)