Das armas e mortes
Certamente você já se perguntou, vendo a
matança de 70 mil sírios nos últimos dois anos, de onde vêm as armas para o governo de um país paupérrimo e para os rebeldes. Os russos, que fornecem as armas para
governo sírio, alegam que estão obedecendo às leis internacionais. O
mesmo acontece com os fornecimentos para inúmeros grupos terroristas no
mundo, que vemos exibindo as caras cobertas, mas com armas chamadas
convencionais de última geração. Negócio de mais de 100 bilhões de dólares ao ano, que teve, após sete anos de negociações, finalmente aprovada
pela Assembléia Geral das Nações Unidas a Convenção sobre controle de armas
convencionais, ou seja, armas portáteis, de pequeno porte,
cada vez mais poderosas e mais usadas em guerras de insurgência, como a do Afeganistão, Mali, Sudão e mais uma dúzia de lugares, além da Síria, produzindo mortes,
principalmente de civis. Conflitos sangrentos e massacres é que não faltam hoje em dia.
As abstenções de três dos membros dos BRICS,
China e Rússia, grandes exportadores,
e Índia, um dos maiores compradores, já mostram que a maioria que
aprovou não está tão unida e que esse assunto
também não esteve na pauta da reunião dos BRICS na África do Sul. Os Estados
Unidos, que votaram a favor, terão, como todos os países, que aprovar a Convenção no Congresso, onde os
senadores republicanos já declararam que não pretendem votar a favor. Ou seja, será que vamos ter mais uma convenção internacional, que deve
ainda ser regulamentada, sem ser efetivada e que em termos práticos nada vai mudar?
O crescimento do mercado de
armamentos e o aumento brutal de compras pelos países em desenvolvimento nos últimos anos mostram que estamos muito mais para a guerra do que
para a paz. O debate sobre o uso de armas nos Estados Unidos, onde, com todas
as matanças de jovens, não conseguem fazer uma legislação mais rigorosa, mostra a
extensão do problema e falta da
capacidade das sociedades de resolver.
O anúncio da EMBRAER de que vai investir mais em produção de equipamentos militares do que civis mostra que o Brasil está tomando parte ativa nessa
corrida armamentista. Os filmes americanos, que lideram a corrida de violência, mostram com bom merchandising o uso eficiente de revolveres
Taurus, que concorrem com os Glock austríacos de igual para igual.
As exportações de armas convencionais
pelo Brasil atinge quase meio bilhão de dólares, pelos dados não oficiais.
A convenção que foi aprovada é um passo importante para
regular o comércio, é um passo feito pela gente que prefere um livro a uma arma. Quiças mude o futuro de gerações daqui para diante.
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