União
Européia não quer acordo
A
reunião dos chefes dos governos do velho continente, ou seja, da União
Européia, e do novo continente, reunidos em entidade chamada
CELAC, sessenta países ao todo, no Chile, terminou, turbinada pela aliança
estratégica entre a UE e o Brasil, em redondo atraso de vida.
A declaração do Chile enfatiza temas recorrentes e
mostra claramente que a União Européia balanceia seus
interesses econômicos com favores políticos. Nós
apoiamos vocês contra a
eventual ingerência norte-americana, mas em compensação
queremos portas abertas para nossos produtos, investimentos, capitais e negócios.
Esta
troca não passa de miragem diplomática, já
que, como aconteceu na última batalha do Reino Unido contra a Argentina por
causa das Malvinas, os europeus sempre acabam ficando do lado dos Estados
Unidos, de cuja economia e finanças ainda hoje dependem.
São aliados históricos e nenhuma disputa
no continente passa de guerra verbal porque, no final das contas, os países
da UE ainda possuem territórios na América Latina, cujo
destino ainda neste século é difícil de prever.
Os
europeus deixaram as relações latino-americanas por conta da Espanha
e Portugal, que mantêm em suas mãos a maioria dos postos
diplomáticos da UE na região, tratada como eram
tratadas as antigas colônias. Usam com
perfeição os fundos de investimentos locais,
participaram de privatizações com dinheiro alheio, inclusive dos alemães,
e fecham as portas para cidadãos latino-americanos. Querem abertura total no comércio,
no fluxo de capitais, na emigração, mas não aceitam imigração latino- americana.
Aceitam com muito agrado estudantes latino-americanos para ajudar a fortalecer
a sua elite, mas não criam um programa consistente para que os europeus
venham estudar nas universidades latino-americanas
a fim de desenvolver mais conhecimento e parceria.
Não
se pode duvidar de que o mercado da União
Européia é fundamental para o
Brasil. Também os investimentos industriais, com tecnologia da
primeira linha e não fábricas obsoletas, são importantes para o
nosso desenvolvimento. Mas, a primeira coisa que a burocracia européia
tem que reconhecer é que os países deste continente
tiveram uma evolução democrática, acompanhada por
desenvolvimento econômico e social, e solidez monetária, o que não favorece
os europeus que prefeririam um continente desarranjado e facilmente influenciável.
O
acordo com o melhor mercado sul-americano, a jóia de coroa, que é o
Mercosul, não se faz porque os burocratas europeus tratam as negociações com prepotência
pautada por interesses menores. O acordo só poderá
ser fechado se for bom para o Brasil.
Quem deve ter pressa são os europeus, que já perderam o momento de
fraqueza da região. Tem que ser uma via de duas mãos.
Não dá para querer que por aqui esteja tudo aberto e, quando
o nosso capital chega na UE, como foi o caso da energia elétrica
e aviação, não pode entrar. Tambem
pressionar o governo para que faca qualquer acordo, não e saudavel. E quanto
as nacionalizacoes, o melhor e investir em paises estaveis como Brasil.
Investindo com risco, corre se o risco.
Stefan B. Salej